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Em evento, Mandetta ironiza recomendação de cloroquina

Em evento, Mandetta ironiza recomendação de cloroquina

Um leigo propor e outro fazer o protocolo que libera é o mais próximo de um estudo duplo-cego que temos’, afirmou o ex-ministro da Saúde na Brazil Conference at Harvard & MIT

Publicado em 4 de junho de 2020 às 12:16

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Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta
Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. (Jose Dias/PR)

Demitido do Ministério da Saúde por, entre outros motivos, divergir do presidente Jair Bolsonaro quanto ao uso da cloroquina no tratamento do novo coronavírusLuiz Henrique Mandetta fez uma referência irônica - mas sem citar nomes - sobre o medicamento durante o primeiro painel sobre saúde na Brazil Conference at Harvard & MIT, realizado nesta quarta (3) e transmitido pelo Estadão. "Uma pessoa leiga propor a cloroquina e outro leigo fazer o protocolo que libera o medicamento no mesmo dia é o mais próximo de um estudo duplo-cego que temos no Brasil", afirmou.

O ensaio clínico duplo-cego consiste no desconhecimento tanto do pesquisador como do paciente sobre qual grupo o paciente se encontra durante o estudo. No fim de abril, o Conselho Federal de Medicina (CFM) liberou o medicamento após uma reunião com o presidente no mesmo dia. Apesar de reconhecer que não há ainda comprovação de segurança e eficácia do tratamento, o CFM afirmou na ocasião que a liberação ocorreu por causa da excepcionalidade da pandemia.

A professora e chefe do departamento de Saúde Global e População de Harvard, Marcia Castro, que também participou do painel, criticou Bolsonaro e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por desvalorizarem a ciência. Ela creditou especialmente à falta de liderança o cenário negativo dos dois países. Para ela, o Brasil tinha estrutura "de dar inveja a outros países" para dar uma resposta efetiva à pandemia: o SUS. Mas, por falta de uma boa gestão federal, há "5.570 governanças paralelas, cada uma tentando resolver o problema".

Para Henrique Neves, diretor-geral da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, que tem contato tanto com o sistema público quanto com o privado, um melhor diálogo entre os dois poderia também ter resultado em uma melhor contenção. "A área pública lotou (com doentes pelo coronavírus) quando a área privada ainda não tinha ocupado um terço do que havia preparado." 

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