Publicado em 31 de julho de 2020 às 19:16
Leandro Cavalieri, homem que ameaçou Felipe Neto em frente ao condomínio do youtuber, perdeu o seu principal apoio para tentar uma vaga na Câmara Municipal do Rio de Janeiro neste ano.>
O deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ) desautorizou o uso de seu nome pelo ex-aliado político. O afastamento ocorreu após Cavalieri se apresentar como seu assessor parlamentar no ataque com fogos de artifício ao prédio do STF (Supremo Tribunal Federal) em junho. Ele não trabalhava no gabinete.>
"Aquela situação foi algo que não gostei. Nada contra ele [Cavalieri], mas não há mais vinculação política ou pessoal. O motivo foi ele ter se apresentado como meu assessor sem nunca ter sido. O ato em si [contra o STF] não foi antidemocrático como tem sido descrito", disse Otoni, que foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República pelos crimes de difamação, injúria e coação no inquérito que investiga atos antidemocráticos.>
O deputado do PSC disse ainda não querer comentar as ameaças feitas por Cavalieri a Felipe Neto em frente ao condomínio do youtuber.>
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"Não tenho nada a declarar sobre esse episódio. São decisões que cada ser humano toma. Se alguém se sentiu ofendido cabe também procurar a Justiça para obter alguma retratação", disse o congressista>
Cavalieri, que até o mês passado se apresentava como "Cavalieri do Otoni", foi com um carro de som para a frente do condomínio onde mora Felipe Neto e fez ameaças contra ele. No alto-falante, repetiu as fake news que acusam o youtuber de incentivar a pedofilia.>
"Chega, chega! Cadê você Felipe Neto?", gritava Cavalieri, que agora se apresenta como "Guerreiro de Bolsonaro".>
"É, Felipe Neto. A gente vai se encontrar em breve. Quero ver se tu é macho [sic]. Quero ver tu tirar onda comigo. Seus seguranças não me intimidam, não. Aqui o bonde também é pesado", disse Cavalieri em vídeo postado nas redes sociais.>
Os ataques contra Felipe Neto começaram após ele se posicionar publicamente como crítico ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e ganhar espaço na mídia para expor sua opinião. Ele participou do programa Roda Viva, da TV Cultura, e gravou um vídeo para o jornal americano The New York Times no qual criticou a atuação do presidente no combate à pandemia.>
Uma montagem de um tuíte falso que atribui ao influenciador a frase "criança é que nem doce, eu como escondido" passou a ser compartilhada em diferentes redes sociais, como Facebook e WhatsApp.>
Neto afirma que se trata de uma "mentira nojenta" articulada pela extrema direita para arruinar sua reputação.>
"Todas essas postagens negativas são ataques orquestrados com o único objetivo de destruir reputações, o que comprova o quão inclinados ao ódio, silenciamento e perseguição são os envolvidos. Não preciso nem irei responder ódio com ódio, porque a verdade sempre prevalece", afirmou Felipe Neto.>
Em seu perfil no Twitter, o youtuber disse que sua equipe derrubou, na última segunda-feira (27), 1.247 vídeos enviados para o Facebook e o Instagram com "informações caluniosas sobre mim, a maioria com acusações de pedofilia".>
"Hoje, até às 14h, já foram 664 vídeos derrubados. Cada 1 vídeo desse tem potencial de atingir milhares-milhões de pessoas", escreveu na tarde de terça-feira (28).>
Um grupo de 37 entidades divulgou um abaixo-assinado em defesa do influenciador. O texto é assinado por entidades como 342 Artes, Associação Juízes para a Democracia, Fórum pela Democracia e Prerrogativas.>
"O cidadão Felipe Neto tem o direito, como todos nós temos, de se posicionar. Concordemos ou não com suas manifestações e posições, fato inconteste é que está ele protegido por nossa Constituição Federal", diz o documento.>
"A intenção desta campanha difamatória ultrapassa, e muito, os limites da crítica, os limites protegidos pelo constitucional direito de se expressar, ao atribuir a Felipe Neto ações que inclusive podem constituir a prática de crimes", afirma o texto.>
A liderança do PSOL na Câmara dos Deputados encaminhou um ofício ao senador Angelo Coronel (PSD-BA), presidente da CPMI das Fake News, solicitando que a comissão parlamentar de inquérito do Congresso apure os ataques virtuais promovidos contra o youtuber.>
Para os parlamentares do PSOL, a ação difamatória pode ter vínculos com o chamado "gabinete do ódio", estrutura do Palácio do Planalto que seria usada para disseminar mensagens de difamação contra opositores de Bolsonaro.>
"O modus operandi utilizado pelo 'gabinete do ódio' levanta séria suspeita de que o caso tenha sido mais uma peça produzida e disseminada sob os comandos desta conhecida organização criminosa", afirma o ofício.>
O partido pede que a CPMI das Fake News tome medidas pela busca e apreensão de provas da campanha contra o youtuber a fim de evitar que elas sejam destruídas.>
"É indisfarçável a participação de uma rede de fake news, amplamente articulada, que ataca, difama e calunia, de forma sistemática e organizada, qualquer opositor democrático ao atual mandatário da República", diz o ofício.>
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