Publicado em 17 de março de 2021 às 11:43
- Atualizado há 5 anos
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), criticou nesta quarta-feira (17) o alinhamento do novo ministro da Saúde, o cardiologista Marcelo Queiroga, com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). >
"Começou muito mal. Um ministro da Saúde que como cardiologista assume o Ministério da Saúde e diz que quem manda é o presidente da República, que não é médico, já é um mau início, um mau presságio. É mais alguém que prefere fazer vassalagem ao presidente, que é notoriamente um negacionista, em vez de fazer aquilo que ele aprendeu na medicina", disse Doria.>
Para o governador, os recordes de mortes causadas pela Covid-19 que o país vem atingindo nas últimas semanas se devem a uma má gestão da saúde durante a pandemia. "Isso se deve à falta de coordenação nacional, falta de uma política de saúde, falta de orientação correta à população sobre uso de máscaras, distanciamento e isolamento daqueles que representam os grupos de risco", disse.>
O governador fez um apelo por mais vacinas contra o coronavírus para o país. "Eu espero que o novo Ministro da Saúde compreenda e priorize isso, e ofereça, com segurança, a entrega de mais vacinas para a imunização de mais brasileiros", afirmou.>
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O governador fez as declarações ao acompanhar a liberação de um lote de 2 milhões de doses da Coronavac. As imunizações serão entregues ao PNI (Programa Nacional de Imunizações) do Ministério da Saúde para serem distribuídas proporcionalmente entre os estados. Somente o estado de São Paulo, o mais populoso, fica com cerca de 22% do total de vacinas.>
Desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, a Coronavac é processada e envasada pelo Instituto Butantan através de um acordo entre o governo de São Paulo com a empresa.>
Com a entrega das vacinas nesta quarta-feira, o total de unidades da Coronavac repassadas pelo governo de São Paulo ao Ministério da Saúde chega a 22,6 milhões. Os envios começaram em 17 de janeiro.>
Segundo o governo de São Paulo, até o fim de abril o Instituto Butantan deve entregar 46 milhões de doses da vacina. Em agosto, o total deve chegar aos 100 milhões contratados pela pasta.>
Durante a entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (17), o governador disse que diante dos números de casos de Covid-19 e mortes causadas pelo coronavírus Sars-CoV-2 no estado, novas restrições certamente terão de ser adotadas.>
De acordo com projeções de um grupo de técnicos do governo de São Paulo, todos os leitos de UTI no estado podem estar ocupados até a quinta-feira (18).>
"São Paulo, com a orientação do Centro de Contingência da Covid-19, adotará novas medidas. Não tomamos decisões políticas ou individualizadas, estamos amparados na ciência. O quadro é gravíssimo em São Paulo e no Brasil, cada estado está heroicamente fazendo o que pode para preservar vidas", afirmou Doria.>
Segundo o governador, se o Centro de Contingência decidir por adotar novas medidas, elas serão anunciadas em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira.>
Atualmente, o estado todo está na fase emergencial do Plano SP, que teve início na segunda-feira (15) e deve ir até o dia 30 de março. Mais dura que a etapa vermelha, a emergencial impõe um toque de recolher das 20h às 5h, entre outras restrições.>
De acordo com monitoramento do governo, a fase não foi suficiente para aumentar os índices de isolamento no estado. Na segunda-feira (15), primeiro dia da nova etapa, o isolamento médio no estado ficou em 42% – mesmo nível da segunda-feira anterior, quando todo o estado estava na fase vermelha, pouco menos restritiva que a emergencial. >
O isolamento é calculado pelo governo com dados de telefones celulares das operadoras de telefonia Vivo, Claro, Oi e Tim. O cálculo leva em conta o deslocamento do telefone durante o dia em relação ao período onde o aparelho esteve durante a madrugada. Se o deslocamento for maior do que 200 metros, considera-se que o usuário saiu de casa.>
Em entrevista coletiva na segunda (15), Doria afirmou que não descarta endurecer ainda mais as restrições no estado para conter o avanço da Covid-19 caso a atual fase emergencial não dê resultados. Segundo Doria, a fase mais aguda de restrições seria um lockdown (confinamento).>
O governador não especificou como seria o confinamento em São Paulo e disse que as decisões são tomadas pelo Centro de Contingência do Coronavírus, formado por mais de 20 médicos e cientistas.>
"Não hesitaremos em adotar todas as medidas que forem necessárias para proteger a população de São Paulo. A população precisa seguir as orientações dos médicos para se protegerem, ficarem em casa e respeitarem esse período da fase emergencial para que não tenhamos que adotar restrições mais duras se tivermos recrudescimento dos índices de infecção no estado", afirmou o governador.>
Adotadas em diversas regiões do mundo, as quarentenas rígidas impedem o contato social e, como consequência, derrubam as taxas de transmissão dos vírus respiratórios. Ações do tipo são adotadas há mais de um século para impedir avanço de doenças infecciosas.>
Inúmeros exemplos atestam a eficácia das quarentenas mais rígidas -neste mês, a cidade de Araraquara (a 273 km de São Paulo) viu os novos casos de Covid-19 caírem para quase um terço do total registrado antes do período de restrição mais rígido na cidade após um confinamento decretado no fim de fevereiro.>
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