Publicado em 16 de dezembro de 2020 às 13:40
Para barrar o flerte entre o deputado Arthur Lira (PP-AL) e a oposição, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reuniu os partidos de esquerda nesta terça-feira (15) com o objetivo de evitar dissidências que possam fortalecer a candidatura do nome apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). >
Maia convidou para uma conversa na residência oficial da presidência da Câmara líderes e dirigentes de PT, PSB, PDT e PC do B. Também estiveram presentes os dois nomes apoiados por Maia: Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), líder da Maioria, e Baleia Rossi (SP), presidente do MDB.>
A reunião ocorreu após um encontro entre partidos de oposição na qual, apesar de não ter sido batido o martelo sobre apoio definitivo a quem for indicado por Maia, ficou decidido que a esquerda vai se esforçar para aderir ao mesmo bloco e respaldar a mesma candidatura.>
Alguns partidos já rechaçaram oficialmente a possibilidade de apoiar Lira ou outro nome apoiado por Bolsonaro.>
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É o caso do PSB, cujo diretório nacional emitiu, na última sexta-feira (11), uma resolução orientando a bancada a não votar no líder do centrão ou em qualquer outro candidato que tenha o aval do Palácio do Planalto. No entanto, há integrantes da sigla que querem apoiar Lira.>
Nesta terça, ao deixar o encontro na residência oficial da Câmara, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, defendeu a união dos partidos de esquerda e centro-esquerda com o bloco de Maia para encontrar um nome de consenso que consiga "derrotar o candidato oficial do presidente Jair Bolsonaro".>
"O nome é o que melhor unir, eu disse a ele [a Maia]", afirmou Siqueira. "Eu não tenho preferência pessoal porque não se trata de pessoas, se trata de uma posição política.">
Siqueira afirmou ainda estar tentando convencer integrantes do partido que já sinalizaram apoio a Lira a seguir a orientação do partido e votar no candidato de Maia.>
"Evidentemente, como o voto é secreto, a gente não pode controlar o voto de ninguém. Mas o PSB vai para o bloco em que estiverem os partidos de esquerda e centro-esquerda e vai votar no candidato que seja contra o candidato oficial do Palácio do Planalto.">
O ex-ministro Ciro Gomes (PDT), candidato à Presidência da República em 2018, também afirmou que a intenção da esquerda é construir uma alternativa para barrar o nome de Bolsonaro.>
"O que nós podemos fazer, minoria que somos, é exponencializar nossa força pelo diálogo político com outras forças que tenham conosco pontos de afinidade", afirmou.>
O PDT, disse Ciro, deve se esforçar para conter "os danos nessa agenda antipovo, antinacional e antiliberdades democráticas que representam o governo Bolsonaro".>
Na avaliação do dirigente, criou-se "uma espécie de clima de já ganhou da candidatura mais vinculada ao Bolsonaro" que "desestabilizou um pouco psicologicamente" os partidos alinhados a Maia.>
"Nós precisamos restaurar essa psicologia para mostrar o que é evidente, que o jogo ainda está sendo jogado. Ele não está definido. E o gesto que nós formos capaz de produzir aqui vai reequilibrar esse jogo, com certeza", ressaltou.>
PT e PC do B também sinalizaram intenção de apoiar o candidato de Maia.>
Apesar do discurso de união, há pelo menos um partido com a intenção de lançar nome próprio no primeiro turno da disputa. O PSOL insiste na candidatura de oposição por divergir da agenda econômica de Maia, embora não descarte compor um bloco e ter independência na candidatura nessa etapa inicial da corrida pela sucessão.>
Nos bastidores, integrantes da esquerda criticam a postura do PSOL e avaliam que não vale a pena ter uma votação inexpressiva apenas para marcar posição em vez de compor um bloco que possa efetivamente derrotar o candidato de Bolsonaro.>
Nesta terça, Maia concedeu uma entrevista coletiva e contemporizou a decisão da sigla de lançar candidatura independente. "Naturalmente, o histórico do PSOL faz com que eles trabalhem com nome próprio", disse.>
Depois de vários adiamentos, a definição do nome apoiado por Maia deve sair até esta quinta-feira (17). O deputado minimizou a demora.>
"A eleição é em fevereiro", afirmou ele. "Não acho ruim o presidente da República estar falando sozinho neste momento sobre a Câmara dos Deputados.">
Maia disse não ter pressa em fechar um nome e afirmou que isso pode ajudar a atrair mais partidos e apoio em torno de seu bloco.>
"As decisões, quando são coletivas, quando não são a imposição de ninguém, quando são a construção de uma agenda mínima, que garanta a independência da Câmara, às vezes atrasam o nome", declarou. "Estou confiante de que a Câmara no dia 2 de fevereiro continua independente, livre de qualquer instituição e de uma agenda atrasada, retrógrada e que não vai levar o Brasil a lugar nenhum.">
Na oposição, a avaliação também é de que a demora pode fortalecer a candidatura do escolhido, em vez de prejudicar. Segundo líderes partidários, com um nome pactuado entre os partidos não haveria risco tão grande de cisão no bloco de apoio de Maia.>
Um novo encontro entre líderes e dirigentes de partidos de esquerda está previsto para esta quarta-feira (16).>
Entre Aguinaldo Ribeiro e Baleira Rossi, há uma tendência maior em apoiar Ribeiro. Ele, por sua vez, é do PP, mesmo partido de Lira, e portanto não tem respaldo da sigla para se candidatar.>
O bloco de Maia é formado por seis partidos (PSL, MDB, PSDB, DEM, Cidadania e PV), que reúnem 159 deputados. No entanto, calcula-se que apenas metade da bancada do PSL esteja alinhada a esse grupo. O restante, aliados de Bolsonaro, deve apoiar Lira.>
Além do PP, a campanha de Lira afirma ter votos de PL, PSD, Solidariedade, Avante, PSC, PTB, PROS e Patriota. Juntos, esses partidos somam 170 deputados. Mas também contam com dissidentes da oposição e do PSL.>
Cobiçada por Lira e Maia, a oposição soma cerca de 130 deputados, decisivos na eleição.>
O voto é secreto. Por isso, a adesão de partidos a blocos não significa a garantia de votos. São necessários 257 do total de 513 para eleger, em fevereiro, quem comandará os deputados pelos próximos dois anos.>
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