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Celso de Mello decide até o final da semana se libera vídeo de reunião

Celso de Mello decide até o final da semana se libera vídeo de reunião

Decano começou a ver a gravação por volta das 18h desta segunda-feira (18). Ex-ministro Sergio Moro diz que vídeo prova que Bolsonaro queria interferir na PF

Publicado em 18 de maio de 2020 às 19:03

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Reunião ministerial em que Bolsonaro teria pressionado Moro para interferir na PF no Rio foi filmada
Reunião ministerial em que Bolsonaro teria pressionado Moro para interferir na PF no Rio foi filmada. (Marcos Correa/PR)

O ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), recebeu na tarde desta segunda-feira (18) em seu gabinete em Brasília o vídeo da reunião ministerial do governo Jair Bolsonaro do dia 22 de abril, e começou a assistir a gravação por volta das 18h. O ministro deverá decidir pelo levantamento do sigilo, integral ou parcial, até o final desta semana.

Na última sexta, Celso de Mello pediu à Polícia Federal a íntegra da gravação para assisti-la de sua residência, em São Paulo, por meio de um sistema da Corte conectado ao seu gabinete, em Brasília, onde estariam presentes o chefe de gabinete do ministro e o juiz federal auxiliar Hugo Silvando Silva Gama Filho.

O ministro já tem uma visão geral do teor da reunião, feita a partir do relato de Gama Filho, mas quer ver a íntegra antes de tomar uma decisão.

O vídeo está sob sigilo temporário por ordem do decano desde o dia que foi entregue pelo Planalto na sexta, 8. Na terça, 12, foi exibido no Instituto Nacional de Criminalística da corporação em Brasília, ‘em ato único’, a Moro, advogados do ex-ministro, integrantes da Advocacia-Geral da União, procuradores e investigadores que acompanham o caso.

DIVULGAÇÃO PARCIAL

O procurador-geral da República Augusto Aras e a Advogacia-Geral da União se manifestaram pela divulgação parcial da gravação, somente de falas do presidente Jair Bolsonaro. O PGR foi ainda mais restrito quanto ao vídeo, pedindo ao decano do Supremo que libere somente as falas do presidente relacionadas ao objeto do inquérito que tramita no STF.

Investigadores ligados ao PGR não veem até agora crime de Bolsonaro em substituições na PF.

"VERDADEIRA LIÇÃO CÍVICA"

Já a defesa de Moro, defende que a divulgação integral do conteúdo caracterizará ‘verdadeira lição cívica’, por se tratar de um ato oficial do governo.

O parecer da AGU foi entregue na tarde da última quinta, 14, no sentido de que seja levantado o sigilo de todas as falas do presidente constantes no registro, preservadas ‘referências a eventuais e supostos comportamentos de nações amigas e as manifestações dos demais participantes da reunião’.

Ministro do STF Celso de Mello
Ministro Celso de Mello é o decano da Corte e o relator do caso. (Fellipe Sampaio/SCO/STF)

No documento, a AGU transcreveu falas no presidente, inclusive que apresentam as palavras ‘família’ e ‘PF’. Bolsonaro afirmou e reiterou à imprensa que não havia menção à Polícia Federal no vídeo.

“Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente e não consegui. isso acabou. Eu não vou esperar f. minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar; se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode trocar o chefe, troca o Ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira”, afirmou o presidente na ocasião, conforme transcrição da AGU.

PREOCUPAÇÃO

Fontes que acompanharam a exibição do vídeo avaliaram que o conteúdo da gravação ‘escancara a preocupação do presidente com um eventual cerco da Polícia Federal a seus filhos’.

O presidente aparece no vídeo chamando a superintendência fluminense da PF de ‘segurança do Rio’, segundo relatos. Os investigadores avaliam que o material é ‘devastador’ para o presidente. “O vídeo é ruim para Bolsonaro, muito ruim”, anotou uma das fontes que teve acesso ao conteúdo.

Tratada agora como sigilosa pelo governo, a reunião ministerial de 22 de abril, a última com a participação com o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, foi presenciada por ao menos 40 pessoas. Os ‘segredos de Estado’, conforme alega o governo, foram conversados na presença de todo o primeiro escalão, presidentes de bancos públicos, assessores especiais, ajudantes de ordens, cinegrafista e fotógrafo.

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