Publicado em 14 de março de 2022 às 20:49
O Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou nesta segunda-feira (14) parecer que define como será o novo Enem a partir de 2024, com provas diferentes por áreas de conhecimento. Também está prevista a inclusão de questões discursivas, e não só de múltipla escolha.>
O parecer traça diretrizes para que o exame se adeque ao novo ensino médio, cuja implementação começa este ano. A nova legislação prevê uma flexibilização curricular em que os estudantes veem um conteúdo básico, articulado com a Base Nacional Comum Curricular, e escolhem uma área do conhecimento para se aprofundar.>
Com as mudanças, o Enem segue essa mesma disposição por áreas. Os candidatos farão uma prova de formação básica geral (alinhada a conteúdos da Base Nacional e de caráter mais interpretativa) e uma segunda etapa para avaliar os itinerários formativos.>
Quando se inscrever no Enem, o candidato deverá escolher uma entre quatro áreas para fazer a prova.>
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A ideia é que essa prova esteja de acordo com o itinerário formativo que o estudante teve acesso no ensino médio e com a área do curso de ensino superior que ele almeja. As quatro áreas do Enem serão: 1) Linguagens, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas; 2) Matemática, Ciências da Natureza e suas Tecnologias; 3) Matemática, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas; e 4) Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.>
"A complexidade do Enem reside na segunda etapa do exame que avalia a parte diversificada, os itinerários formativos. É nela que o novo ensino médio enfrentará o seu maior desafio em relação aos objetivos de flexibilidade e diversificação do sistema", diz o texto do CNE, aprovado por unanimidade, com voto favorável também dos membros do MEC (Ministério da Educação) que compõem o conselho.>
Agora, caberá ao Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) construir as matrizes de referência das duas etapas da prova. É a partir das matrizes de conhecimentos que as questões da prova são elaboradas.>
"O grande desafio agora será o Inep desenvolver as matrizes que realmente correspondam à Base Nacional e ao novo ensino médio, que deverão ser validadas por especialistas", disse à reportagem a presidente do CNE, Maria Helena Guimarães de Castro.>
Essas matrizes devem ser construídas ainda este ano para que no próximo haja o esforço para criação de um novo banco de itens. Nesse processo, será também definido quantas questões discursivas integrarão cada parte da prova.>
A ideia é que a primeira etapa da prova tenha entre 80 a 90 itens no total. O defende que metade dessa prova seja com questões discursivas.>
Ainda não há decisão sobre o tamanho da prova da segunda etapa (por área). Não está descartado que toda ela seja discursiva.>
Esse desafio mais contundente na parte da prova por áreas ocorre também porque a Base Nacional do ensino médio não definiu diretrizes curriculares desses itinerários, mas somente da parte de conhecimentos gerais.>
Com a reforma do ensino médio, os chamados itinerários formativos foram divididos em cinco áreas: linguagens, matemática, ciências humanas, ciências da natureza e ensino técnico. As redes têm implementado o novo ensino médio e há experiências, como a de São Paulo, de itinerários integrados.>
"A organização das provas ou bloco de questões nas quatro áreas citadas permite um melhor diálogo do exame com os diferentes arranjos dos itinerários formativos associados à organização dos cursos de nível superior", diz o documento.>
O Enem é a principal porta de entrada para o ensino superior. Assim, ele deve continuar com as mudanças e as instituições deverão definir quais áreas da prova se adequam para a seleção de seus cursos.>
Desde 2009, a prova é organizada em dois dias, com 45 questões de cada área (linguagens, matemática, ciências humanas e ciências da natureza), além da redação. A exigência de redação permanecerá no novo Enem, a ser aplicada na primeira fase.>
Atualmente, a prova toda, com exceção da redação, é elaborada e corrigida com base em um modelo matemático chamado TRI (Teoria de Resposta ao Item) que garante, por exemplo, a comparabilidade de dificuldade das provas.>
Segundo Maria Helena, o novo Enem manterá a TRI mesmo com a inclusão de questões discursivas, para as quais deve ser adotado modelo de correção por inteligência artificial. "O Pisa [avaliação internacional] já tem experiências nesse tipo de correção".>
A adoção da TRI na segunda etapa da prova ainda não está definida porque depende das matrizes que serão desenvolvidas.>
O parecer do CNE ainda preconiza a transição do Enem para realização totalmente digital, o que favorece a aplicação de mais de uma prova por ano. O Inep já aplicou duas edições de projeto piloto do Enem digital, direcionado para poucos inscritos.>
A mudança do Enem a partir de 2024 já era esperada desde o governo Michel Temer (MDB). Como o novo ensino médio passa a ser ofertado a partir deste ano, em 2024 haverá, em tese, a primeira geração que cursou toda a etapa no novo formato.>
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