Publicado em 20 de setembro de 2022 às 20:59
BRASÍLIA - Aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) viram como positivo o saldo final das duas viagens internacionais, a Londres e Nova York, a menos de duas semanas das eleições.>
Para eles, a presença do chefe do Executivo nos dois principais eventos mundiais do momento, em especial sua fala na abertura da Assembleia-Geral da ONU, reforçaram sua figura presidencial e lhe garantiram ampla exposição midiática.>
Por outro lado, viram como deslize o discurso de Bolsonaro na sacada da residência oficial do embaixador brasileiro em Londres, quando o presidente adotou um tom de campanha eleitoral para seus apoiadores. Ele foi acusado de desrespeitar o luto nacional no Reino Unido por causa da morte da rainha Elizabeth II.>
A avaliação é que Bolsonaro poderia ter agradecido a presença dos apoiadores em Londres, mas ter reforçado que a ocasião era de luto pela monarca e deixado as declarações de campanha para outro momento.>
>
Em seu discurso a apoiadores na capital inglesa, o presidente adotou tom eleitoral. Disse que será eleito no primeiro turno e repetiu bandeiras conservadoras que tem levantado em suas falas, como sua oposição ao aborto e à descriminalização das drogas.>
Uma decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) proibiu que a campanha utilize imagens do discurso feito na sacada da residência oficial. Determinou ainda a remoção de vídeos publicados nas redes de Eduardo Bolsonaro (PL-SP).>
As imagens, contudo, já haviam sido replicadas nas redes em páginas bolsonaristas, assim como outras de Bolsonaro com apoiadores e indo à cerimônia fúnebre oficial. A campanha via como central uma foto de Bolsonaro com o rei Charles 3º, sucessor de Elizabeth 2º, o que conseguiu.>
O objetivo era reforçar a imagem de Bolsonaro como um governante que participa de importantes eventos internacionais e que é recebido por personalidades relevantes.>
O mandatário também gravou vídeo em um posto de gasolina da Inglaterra para dizer que o combustível no país é mais caro do que no Brasil, a despeito da renda no Reino Unido ser maior.>
O salário mínimo no Reino Unido é de cerca de R$ 9.175 por mês, enquanto no Brasil é de R$ 1.212.>
Bolsonaro foi a Londres para participar do velório de Elizabeth 2ª. Ele estava acompanhado da primeira-dama Michelle e do pastor Silas Malafaia. Também viajaram o coordenador de comunicação da campanha, Fábio Wajngarten, e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).>
Para o entorno do presidente, as viagens eram obrigatórias e não havia como Bolsonaro permanecer no Brasil, mesmo com a proximidade da campanha. Segundo o Datafolha, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 45% da preferência do eleitorado contra 33% de Bolsonaro.>
Já nas Nações Unidas, Bolsonaro usou o espaço nobre para defender o seu governo e se dirigir ao público interno. O presidente atacou a esquerda e Lula — sem citá-lo nominalmente — e mencionou casos de corrupção na Petrobras.>
O discurso foi descrito por integrantes da campanha como efetivo e de acordo com o planejado, sem grandes surpresas.>
Ao contrário de edições anteriores, o presidente adotou um tom mais moderado e acatou as sugestões do Itamaraty de evitar ataques diretos a outros países, como vinha fazendo com Chile e Argentina.>
A fala também foi amplamente divulgada por veículos de imprensa nacionais, o que aliados chamaram de "horário eleitoral gratuito".>
Interlocutores de Bolsonaro acreditam que sua presença nos eventos internacionais pode não ter virado votos de indecisos, mas tampouco fez com que perdesse apoios. O chefe do Executivo retorna ainda nesta terça-feira (20) a Brasília.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta