Publicado em 20 de outubro de 2020 às 09:44
O Instituto Butantan informou nesta segunda (19) que os testes brasileiros da vacina Coronavac, conduzidos em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, mostram que o imunizante é o mais seguro entre todos os que estão em fase final de testes no mundo por apresentar o menor índice de efeitos colaterais. >
Os dados consideram o acompanhamento de 9 mil voluntários brasileiros já vacinados no país. No monitoramento feito após sete dias da aplicação, os pesquisadores observaram apenas efeitos colaterais leves, como dor no local e na cabeça. Não houve registro de eventos adversos graves nem febre alta.>
"Fizemos o comparativo desses dados com o que está disponível na literatura científica das vacinas que estão sendo testadas. A vacina do Butantan é a mais segura. Todas tiveram efeitos colaterais grau três, que são os mais importantes. A vacina do Butantan não teve. Febre é outro indicativo importante, e na do Butantã foi de apenas 0,1%. Em febre acima de 38 graus, foi zero. É a vacina mais segura neste momento, não só no Brasil, mas no mundo", disse Dimas Covas, diretor do instituto.>
De acordo com dados apresentados pelo Butantan, a incidência de eventos adversos entre os voluntários foi de 35%, ante ao menos 70% em outros imunizantes. A comparação foi feita com dados das pesquisas de Moderna, Pfizer/BioNTech, AstraZeneca e CanSino. "O sintoma mais frequente foi dor no local, num patamar de 18% entre todos os que receberam placebo ou vacina. O outro foi dor de cabeça, que pode estar relacionada com a vacina ou não. E os demais efeitos, como mialgia, fadiga, calafrios, são menores que 5%", completou o cientista.>
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Conforme antecipado pelo Estadão no domingo (18), embora os testes no Brasil comprovem a segurança da Coronavac, os dados de eficácia do imunizante só devem sair no fim do ano. Depois da conclusão dos testes, o Butantan terá de enviar os resultados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para solicitar o registro do produto. O órgão tem até dois meses para emitir um parecer, o que torna improvável que a vacinação tenha início ainda em 2020, como já prometido pelo governador João Doria (PSDB).>
Anteriormente, Doria havia anunciado que a previsão era iniciar a imunização no Estado no dia 15 de dezembro, com profissionais de saúde. Na coletiva de imprensa desta segunda-feira, os representantes do governo afirmaram que não é possível dar uma nova data para início da vacinação, pois dependem da inscrição de mais voluntários, que devem chegar a 13 mil, e do contato desses participantes com o vírus, para confirmar que o imunizante protege de fato. "Houve uma diminuição no número de voluntários incluídos nas últimas semanas, daí a necessidade de reforçar que mais voluntários se inscrevam", ressaltou Covas.>
João Gabbardo, do Centro de Contingência contra a Covid-19, afirmou que outro entrave para a finalização do estudo é atingir o número mínimo de infectados pela Covid-19 entre o grupo de voluntários para saber se a incidência da doença foi maior entre o grupo placebo do que entre o grupo vacinado, o que comprovaria o caráter protetor do produto. Os voluntários dos testes da Coronavac são todos profissionais de saúde, justamente por estarem mais expostos ao vírus.>
No entanto, como a circulação do vírus diminuiu em São Paulo e no país nas últimas semanas, chegar ao número mínimo de infectados para a comprovação de que o imunizante funciona se torna mais difícil e demorado. Para a primeira análise de eficácia da Coronavac, são necessários 61 casos de contaminados entre os voluntários. "Queremos aumentar a velocidade (de pessoas contaminadas entre os voluntários para checar eficácia), mas a transmissibilidade tem diminuído entre os profissionais de saúde justamente por causa das medidas efetivas que tem sido adotadas. Então isso joga contra", afirmou Gabbardo.
>Podem participar dos testes da Coronavac profissionais de saúde que estão na linha de frente de atendimento, sem limite de idade. A inscrição deve ser feita diretamente com o hospital ou instituto de pesquisa participante. São 16 espalhados pelo país.>
Doria voltou a afirmar que espera que a vacina, caso se mostre eficaz, seja incorporada pelo Ministério da Saúde para vacinação de todos os brasileiros. Ele disse que terá uma reunião amanhã com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e com o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, para tratar do tema.>
A Coronavac começou a ser testada no Brasil no fim de julho, com previsão inicial de 9 mil voluntários em 12 centros de pesquisa. Em setembro, o Butantan obteve aval da Anvisa para aumentar para 13 mil o número de participantes do ensaio clínico, que ganhou mais quatro centros.>
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