Publicado em 21 de agosto de 2020 às 18:06
O brasileiro bebe em média cinco vezes mais café do que cerveja e refrigerante. E mais da metade da população ainda consome sódio em excesso, comendo menos frutas e legumes do que deveria. Já o feijão e o arroz seguem como preferidos na dieta do país, apesar de o primeiro ter apresentado queda na ingestão. >
Os dados foram divulgados nesta sexta (21) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e fazem parte da Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2017/2018: Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil.>
O café chega a ser ingerido em até 163,2g/dia por pessoa, com uma frequência de 78,1%. Esse é o percentual de pessoas que, no período das 24 horas de referência analisadas pela pesquisa para esse indicador, consumiu aquele alimento.>
Para efeito de comparação, outras bebidas ficaram bem distantes do café no quesito consumo médio. Os sucos somam 124,5 g/dia, os refrigerantes alcançam 67,1g/dia, o chá fica em 48,4g/dia e a cerveja chega a 34,7g/dia. De acordo com o IBGE, as quantidades foram convertidas em gramas justamente para permitir a comparabilidade e viabilizar os estudos nutricionais.>
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A nutricionista Camilla Simões diz o café tem efeitos positivos na dieta, ajudando na concentração e na queima de gordura, mas também alguns malefícios. "É contraindicado para quem tem problemas cardíacos, ansiedade e convulsão", aponta. Ela diz que o ideal é consumir a quantidade indicada pela OMS (Organização Mundial de Saúde), de 300 ml de cafeína por dia, que dá de duas a três xícaras de café.>
De acordo com o IBGE, o consumo de café supera até o da dupla mais tradicional no cardápio diário dos brasileiros. O arroz é consumido com uma frequência de 76,1%, com ingestão de 131,4g/dia, enquanto o feijão é frequente em 60% dos lares, em quantidade 142,2g/dia.>
Entre as proteínas, a carne bovina ocupa 38,2% dos lares, com média de 50,2g/dia por pessoa.>
Para o gerente da pesquisa, André Martins, esses dados mostram um padrão da dieta brasileira. "Nossa alimentação ainda é baseada no feijão, arroz e carne, e isso é positivo, mas temos que melhorar o consumo de frutas e legumes e diminuir o açúcar e o sódio em excesso".>
O IBGE diz ainda que o consumo de fibra na alimentação dos brasileiro sofreu redução desde 2008. Isso pode ser explicado pela diminuição no consumo de feijão -caindo de 72,8% para 60% e a deterioração da qualidade da alimentação da população, segundo a médica Rosely Sichieri. "É um dos alimentos da dieta brasileira que proporciona grande parte das fibras alimentares", afirmou.>
Para a nutricionista Nicolle Albanezi, aumentou ainda a ingestão de alimentos à base de feijão, os quais levam sódio na composição: "Caiu um item que era natural, minimamente processado e com mais fibras, e entrou o mais processado" Segundo o IBGE, o sódio foi ingerido acima do limite por 53,5% da população, sendo o índice mais elevado em homens adultos (74,2%).>
Um dos fatores que contribuíram para o sódio em excesso foi a alimentação fora de casa do brasileiro, que se caracterizou por participação importante dos refrigerantes, cerveja, salgados fritos e assados, bebidas destiladas, salgadinhos industrializados e bolos.>
O sal é mais comum entre os homens adultos (16,5%), que o colocam no alimento que já havia sido salgado na preparação. Por isso, a nutricionista Nicolle Albanezi aconselhou usar temperos naturais, como ervas e especiarias, que vão realçar o sabor da refeição sem carregar no sal ela cita cebola, manjericão, coentro e tomilho.>
Os alimentos tidos como mais saudáveis, como frutas e legumes, aparecem em quantidade pequena no dia a dia da população. A banana é a fruta mais consumida, marcando presença em 14,7% dos lares e em 16,3g/dia de quantidade. Depois, a preferência é por laranja (4,1% e 10,7g/dia) e maçã (5,5% e 9,2g/dia).>
Entre os legumes, o predileto é o tomate, sendo frequente em 5,1% dos domicílios, em quantidade que chega a 4,2g/dia. Outros alimentos que aparecem na lista de mais consumidos são a cenoura (1,8% e 0,9g/dia), o chuchu (1,2% e 1g/dia) e o pepino (1,3% e 0,8g/dia).>
Para Camilla Simões, as pessoas precisam de educação nutricional para entenderem os benefícios de uma boa alimentação. Ela sugere adaptações na preparação dos alimentos: "Se for fazer um frango, coloca vegetais junto. Vai fazer uma carne moída, corta um brócolis e rala uma cenoura. Isso vai aumentar a oferta e exposição das pessoas a frutas e legumes.">
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