Publicado em 16 de novembro de 2020 às 02:31
Colocado em teste nas eleições deste domingo (15), o capital político do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sofreu um abalo com o resultado das urnas. Além de nenhum de seus apoiados ou aqueles que buscaram se associar a ele ter conseguido vencer em cidades importantes, o presidente assistiu a alguns reveses simbólicos. >
Seu filho Carlos Bolsonaro (Republicanos), candidato à reeleição para vereador no Rio de Janeiro, foi reeleito, mas encolheu cerca de 35 mil votos em relação a 2016, quando foi o campeão na capital do Estado. Ele ficou em segundo, com cerca 71 mil votos, perdendo o posto para o oposicionista Tarcisio Motta (PSOL), que teve cerca de 86 mil votos.>
Wal do Açai, funcionária fantasma de seu gabinete da Câmara dos Deputados, conforme revelado em reportagens da Folha de S.Paulo, recebeu o apoio em peso da família Bolsonaro, incluindo o do próprio presidente, mas não conseguiu se eleger vereadora em Angra dos Reis (RJ). Teve apenas 266 votos.>
A aposta mais importante do presidente era Celso Russomanno (Republicanos-SP), que passou boa parte da campanha liderando a disputa à Prefeitura de São Paulo, mas acabou ficando em quarto.>
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Bruno Engler (PRTB) até conseguiu subir na reta final, em Belo Horizonte, mas não conseguiu evitar a reeleição de Alexandre Kalil (PSD). No Rio, Marcelo Crivella (Republicanos) enfrentará um difícil segundo turno contra o favoritismo de Eduardo Paes (DEM).>
Bolsonaro chegou a apagar neste domingo um post com apoia a candidatos. À noite, divulgou mensagem minimizando os apoios dados e afirmou que a esquerda sofreu uma "histórica derrota", o que indicaria, em sua visão, que a onda conservadora de 2018 chegou para ficar. "Para 2022, a certeza de que, nas urnas, consolidaremos nossa democracia com um sistema eleitoral aperfeiçoado", afirmou.>
Bolsonaro declarou adesão abertamente a 59 candidatos. Foram 14 a prefeito, um a senador (Mato Grosso terá eleição suplementar) e 44 a vereador. A maioria deles obteve o apoio durante o que o presidente batizou de "lives eleitorais gratuitas.">
Além desses, vários outros candidatos pelo país tentaram associar o seu nome ao do presidente, mas a maioria dos bolsonaristas acabou embolada nas últimas posições.>
Rogéria Bolsonaro (Republicanos), mãe dos três filhos mais velhos do presidente, se candidatou a vereadora no Rio e teve pouco mais de 2.000 votos, uma votação baixa. Até as 23h30, o Tribunal Superior Eleitoral não informava se ela havia sido eleita ou não.>
Uma das exceções dentro do fracasso dos simpáticos ao presidente era Belém, onde o Delegado Eguchi (Patriota) foi para o segundo turno contra Edmilson Rodrigues (PSOL).>
Entre os apoiados por Bolsonaro que tiveram mais sorte neste domingo estava o ex-governador cassado Mão Santa (DEM), que deveria conseguir se eleger prefeito em Parnaíba, no Piauí.>
Entre os apoiados por Bolsonaro que foram para o segundo turno, Capitão Wagner (PROS) também deve enfrentar uma dura disputa em Fortaleza contra Sarto (PDT), candidato da família Gomes.>
No Recife, o apoio de Bolsonaro não conseguiu alavancar a candidatura da delegada Patrícia Domingos (Podemos).>
Bolsonaro foi o principal beneficiado com a onda conservadora e antipolítica que marcou as eleições de 2018.>
Além de ter sido eleito mesmo tendo promovido uma campanha caótica, sem quase nenhum amparo partidário e contrariando praticamente todas as previsões do mundo político, ele viu triunfar nas urnas uma legião de políticos que buscaram se associar ao seu nome.>
Entre eles estavam os governadores eleitos dos três principais Estados do país: João Doria (PSDB-SP), Wilson Witzel (PSC-RJ) e Romeu Zema (Novo-MG).>
Os dois primeiros acabaram rompendo e virando adversários de Bolsonaro. Doria é visto como um dos principais nomes que devem concorrer contra o presidente nas eleições de 2022.>
O abalo no status quo político há dois anos animou candidatos do entorno bolsonarista que mantêm o foco no discurso antipolítica a tentar a sorte.>
Após um início em que titubeou em entrar na campanha de aliados, Bolsonaro acabou anunciando apoios a determinados candidatos, entre eles Russomanno e Crivella.>
As pesquisas do Datafolha e Ibope mostraram em todo o percurso da campanha, porém, que nomes apoiados pelo presidente nas principais disputas ou que, mesmo sem a menção direta, procuraram se associar à imagem de Bolsonaro, não figuraram em boa posição na maioria dos casos.>
Conforme a Folha de S.Paulo mostrou no final de outubro, em apenas 3 das 26 capitais candidatos a prefeito alinhados ao presidente apareciam à frente nas pesquisas. A maioria estava embolada com outros candidatos nas últimas colocações.>
Outros expoentes da onda conservadora de 2018 também sofreram derrotas acachapantes neste domingo.>
Uma dos principais fiascos está na conta do governador de Minas Gerais. O candidato de Zema, Rodrigo Paiva (Novo), ficou com menos de 5% dos votos válidos em Belo Horizonte, a capital do Estado, que reelegeu com folga o prefeito Alexandre Kalil (PSD).>
Alguns vitoriosos de 2018 nem tiveram como influenciar o atual pleito por terem sido abatidos politicamente no meio do caminho. Esse foi o caso de Witzel e do governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), que estão afastados dos cargos.>
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