Publicado em 26 de setembro de 2021 às 12:07
Na esteira do pior patamar de reprovação ao governo desde que tomou posse, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) planeja uma sequência de eventos para celebrar a semana em que completa mil dias de mandato. >
A ideia original do presidente é fazer viagens para todas as regiões do país, num esforço concentrado para apresentar entregas como estradas, casas populares e até hidrelétrica. >
A confirmação das agendas nos estados dependia do resultado do teste de Covid-19 que ele realizou após o ministro Marcelo Queiroga (Saúde) ter se infectado em Nova York. O resultado foi negativo, segundo divulgou o Planalto neste domingo (26), e com isso o mandatário tem luz verde para deixar o isolamento. >
Com as viagens e os eventos, Bolsonaro espera recuperar parte da sua popularidade. Segundo o Datafolha divulgado na semana passada, 53% da população considera a gestão do presidente ruim ou péssima, um novo recorde. >
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A ideia de integrantes do Palácio do Planalto é que, liberado do isolamento, Bolsonaro visite ao menos uma cidade de cada região e participe por videoconferência de inaugurações de impacto. >
Durante as viagens, além das solenidades de lançamento das obras, o presidente deverá conceder entrevistas a rádios locais. A medida faz parte de uma nova estratégia de comunicação que busca dar capilaridade às ações do governo. >
No dia 27 de setembro, quando o governo completa mil dias, o plano é fazer um ato no Planalto. >
De 28, terça-feira, a 1º de outubro, sexta-feira, Bolsonaro deve ir para Nordeste, Norte, Sudeste, Centro-Oeste e Sul. As duas últimas regiões serão visitadas no mesmo dia pelo presidente, na sexta. >
O chefe do Executivo está sendo aconselhado a participar dos eventos mais vistosos, como inaugurações de hidrelétrica ou rodovias. Mas caberá ao próprio Bolsonaro a escolha das cidades e dos eventos que participará. >
Segundo auxiliares palacianos, o chamado "entregaço" já vinha sendo organizado há pelo menos quatro meses. Foram concentradas todas as entregas de ministérios previstas para setembro em uma única semana. >
Estão planejados eventos que vão da alçada desde do Ministério da Defesa até a Saúde, passando por Educação, Desenvolvimento Regional, Ciência e Tecnologia e Infraestrutura, entre outros. >
A lista de obras está sendo finalizada. A expectativa é que sejam incluídos atos de assinatura de concessão de aeroportos e rodovias, além da liberação de trechos duplicados em estradas. >
Com a série de eventos, a meta do Planalto é tentar emplacar uma agenda positiva nos estados, diante das pesquisas de opinião que mostram Bolsonaro em desvantagem em relação ao seu provável adversário no ano que vem, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). >
A mais recente pesquisa Datafolha mostrou que a corrida presidencial está estagnada, com Lula mantendo larga vantagem sobre Bolsonaro na dianteira da disputa. >
Comparado ao último levantamento, Lula oscilou de 46% para 44% e Bolsonaro, de 25% para 26%, numa hipótese em que o candidato tucano é João Doria (SP), que passou de 5% para 4%. Nesse cenário, Ciro Gomes (PDT) segue em terceiro (de 8% para 9%), tudo dentro da margem de erro, de dois pontos percentuais para mais ou para menos. >
O petista foi de 46% para 42%, e Bolsonaro se manteve em 25%, na simulação em que o nome do PSDB é Eduardo Leite (RS) -que oscilou de 3% para 4%. A diferença no cenário com o gaúcho é que Ciro Gomes (PDT) pulou de 9% para 12%. >
Durante as atividades dos mil dias, no mesmo dia e no mesmo horário, a previsão é que ocorram eventos simultâneos em diferentes estados do país com os ministros. >
Bolsonaro quer participar presencialmente de um e, por videoconferência, aparecer nos demais. Nas cerimônias, o Planalto também pretende apresentar vídeo com o que foi entregue pelo governo federal aos estados. >
Antes da pandemia, o governo realizava eventos no Planalto a cada cem dias para apresentar o que teria feito no período. Esta deve ser a primeira vez que Bolsonaro viajará com esse propósito. >
O governo prepara eventos em dias e cidades distintas com os ministros como estrelas. O ministro da Economia, Paulo Guedes, deve participar de cerimônia em Florianópolis em 1º de outubro. >
Já a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, organiza a celebração de mil dias do governo Bolsonaro no Pará. Ela tem questionado ministérios sobre ações voltadas ao estado para consolidar em uma apresentação. >
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, seria o destaque do evento em João Pessoa, onde nasceu, mas está cumprindo isolamento em Nova York para respeitar a quarentena da Covid. >
O ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Social) vai a Alagoas, São Paulo, Tocantins e Minas Gerais --nesses dois últimos estados ele acompanha o presidente. >
A Covid deve levar ao desfalque nas celebrações de outra ministra. Tereza Cristina (Agricultura) recebeu resultado positivo em teste para o vírus e não deve mais viajar para o Amapá, onde lideraria as entregas no estado. >
A pasta deve ser representada pelo secretário-executivo, Marcos Montes. >
A entrega de obras, a recuperação da economia e o lançamento do Auxílio Brasil, programa que reformulou o Bolsa Família, são as apostas de líderes do centrão para tentar alavancar a popularidade do presidente. >
Outra aposta dos dirigentes de siglas do centrão era que Bolsonaro moderasse seu discurso e parasse de provocar as instituições. >
Após os protestos de 7 de Setembro, o presidente escreveu uma carta na qual disse que só agrediu ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) no "calor do momento" e desde então tem mantido um tom menos belicoso , apesar de políticos e magistrados desconfiarem do tempo que a moderação vai durar. >
Nesta semana, em entrevista à revista Veja, Bolsonaro afirmou que não existe nenhuma chance de tentar um golpe no país. >
"Daqui pra lá, a chance de um golpe é zero. De lá pra cá, a gente vê que sempre existe essa possibilidade", disse o presidente na entrevista. >
"De lá pra cá é a oposição, pô. Existem cem pedidos de impeachment dentro do Congresso. Não tem golpe sem vice e sem povo. O vice é que renegocia a divisão dos ministérios. E o povo que dá a tranquilidade para o político voltar", disse.>
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