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Bolsonaro diz que senador do dinheiro nas nádegas tinha 'prestígio'

Bolsonaro diz que senador do dinheiro nas nádegas tinha "prestígio"

Presidente disse ainda, em sua live semanal, que senador Chico Rodrigues tinha 'carinho', mas que dinheiro na cueca não tem a ver com governo

Publicado em 15 de outubro de 2020 às 21:17

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Em um esforço para se dissociar de seu aliado flagrado com dinheiro entre as nádegas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quinta-feira (15) lamentar trabalhar "que nem um desgraçado" e "idiotas" o acusarem de corrupção.

O senador Chico Rodrigues ao lado do presidente Jair Bolsonaro no lançamento do programa Casa Verde e Amarela, em agosto
O senador Chico Rodrigues ao lado do presidente Jair Bolsonaro no lançamento do programa Casa Verde e Amarela, em agosto. ( Reprodução/Twitter @chicosenador)

O presidente usou parte de sua live -cerca de dez minutos menor que de costume- para argumentar que o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), vice-líder de seu governo até a manhã desta quinta, não faz parte de seu governo, embora tenha definido o parlamentar como "uma pessoa que gozava do prestígio, do carinho de quase todos".

O episódio acontece uma semana após Bolsonaro dizer que acabou com a Lava Jato por não haver corrupção em sua administração. Na quarta-feira (14), horas antes do episódio do dinheiro oculto, o presidente havia dito que daria "uma voadora no pescoço" de quem praticasse corrupção em seu governo.

"Ninguém falou [que não há corrupção] no Brasil, falei no meu governo. Os ministros", disse o presidente limitando o escopo de sua gestão. "Quando eu falo não tem corrupção no governo, repito, não tem. O que é o governo? São os ministros."

Bolsonaro lamentou que tudo que acontece no país é creditado em sua conta.

"O que dói é você trabalhar que nem um desgraçado e uns idiotas aí te acusarem de corrupção", disse o presidente antes de reiterar que seu governo "está indo bem" e que, nele, "não tem corrupção".

Ele aproveitou a transmissão ao lado dos ministros André Mendonça (Justiça) e Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União) para argumentar que a operação que atingiu um aliado é exemplo de que não há tentativa de interferência na Polícia Federal.

"Considero aquilo uma denunciação caluniosa", afirmou, referindo-se a denúncia feita por Sergio Moro, seu ex-ministro da Justiça.

Pouco tempo depois, ao comentar o caso do líder do PCC (Primeiro Comando da Capital) André de Oliveira Macedo, o André do Rap, Bolsonaro elogiou Moro e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), seu desafeto, pela iniciativa de separar líderes da facção criminosa que estão presos.

Na live, Bolsonaro também comentou a sessão que manteve a revogação do habeas corpus concedido ao chefe do PCC.

Por ordem do ministro Marco Aurélio Mello no início do mês, Macedo foi solto no dia 10 e está foragido desde então. Ao final, o placar foi 9 a 1.

"Eu jamais botaria em liberdade um elemento como este", afirmou.

Pouco antes, a apoiadores, Bolsonaro também falou sobre o assunto.

"Tudo botam na minha conta. O ministro entendeu que, de acordo com aquela lei, ele devia ser posto em liberdade. Agora à tarde, nove ministros entenderam exatamente o contrário. E daí? A interpretação de qualquer coisa é da cabeça de cada um. Agora, me culpar por aquilo é de uma falta de caráter imenso", disse Bolsonaro.

O presidente foi envolvido na discussão por não ter vetado no pacote anticrime usado para soltar o traficante.

A mudança no artigo 316 do Código de Processo Penal (CPP) foi sancionado sem o apoio de Moro, ministro da Justiça à época.

"Não posso sempre dizer não ao Parlamento, pois estaria fechando as portas para qualquer entendimento", disse Bolsonaro em uma publicação em rede social após sancionar o pacote anticrime.

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