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Bolsonaro diz que filha de 11 anos não vai se vacinar contra Covid

Bolsonaro diz que filha de 11 anos não vai se vacinar contra Covid

Presidente tem levantado suspeitas quanto à segurança do imunizante da Pfizer mesmo após a Anvisa autorizar a aplicação para crianças de 5 a 11 anos

Publicado em 28 de dezembro de 2021 às 09:40

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RIO DE JANEIRO - O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou a jornalistas na tarde desta segunda-feira (27) que sua filha Laura, de 11 anos, não será vacinada contra a Covid-19. Nas últimas semanas, Bolsonaro tem lançado suspeitas quanto à segurança do imunizante, já aprovado pela Anvisa para aplicação em crianças maiores de 5 anos.

"A vacina para criança é muito incipiente ainda, o mundo ainda tem muita dúvida", disse Bolsonaro ao chegar a São Francisco do Sul (SC), onde passará o Réveillon.

O presidente também afirmou que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, deve definir no dia 5 de janeiro como serão as normas para a vacinação das crianças. "Espero que não haja interferência do Judiciário", disse Bolsonaro.

Na quinta-feira (23), Queiroga afirmou que as crianças só poderão ser vacinadas com prescrição médica e consentimento dos pais. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde reagiu dizendo que não será exigido nenhum documento médico para a imunização dessa faixa etária.

Nesta segunda-feira, questionado se o vírus da Influenza é preocupação para o governo, Bolsonaro disse que não está vacinado e voltou a levantar dúvidas sobre a eficácia dos imunizantes.

"Em um primeiro momento grande parte dos contaminados estavam vacinados", disse ele.

Jair Bolsonaro, a esposa Michelle e a filha Laura, ao lado de Edir Macedo, Silvio Santos e Mourão
Jair Bolsonaro, a esposa Michelle e a filha Laura, ao lado de Edir Macedo, Silvio Santos e Mourão. (Alan Santos/PR)

"Eu, por exemplo, não estou vacinado", afirmou, sem esclarecer se falava sobre Influenza ou Covid-19. "Tenho imunidade natural. Vários estudos dizem que é muito melhor que a imunidade vacinal."

Em seguida, o presidente citou o caso de Queiroga, imunizado e infectado pelo novo coronavírus durante viagem presidencial a Nova York (EUA), em setembro. As vacinas não impedem completamente a infecção, mas têm eficácia de mais de 90% na redução dos casos graves.

Na sexta, Bolsonaro repetiu fala de Queiroga e disse que "não está havendo morte de criança" para justificar decisão emergencial sobre vacina da Covid-19 para crianças.

De acordo com dados do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), desde o começo da pandemia até 6 de dezembro deste ano, foram registradas 301 mortes de crianças entre 5 e 11 anos por Covid-19 no país.

Em 2020, 2.978 crianças tiveram síndrome respiratória aguda grave em decorrência do coronavírus --156 delas morrem. Neste ano, foram registrados 3.185 casos nessa faixa etária, com 145 mortes.

O Ministério da Saúde chegou a abrir uma consulta pública sobre a vacinação das crianças, considerada "idiotice", "procrastinação", "absurdo" e "coisa da idade da pedra" por especialistas em infectologia e saúde pública consultados pela Folha.

No dia 16 de dezembro, a Anvisa autorizou o uso da vacina da Pfizer para imunizar as crianças. Diretores da agência receberam ameaças por causa da análise do pedido da farmacêutica. A Anvisa solicitou, mas não recebeu proteção policial da sua cúpula e dos técnicos mais expostos.

O presidente da agência, Antonio Barra Torres, disse que a aprovação da área técnica foi baseada em estudos robustos de segurança e eficácia da vacina, além de dados epidemiológicos. "Nosso país apresenta números expressivos de mortalidade nessa faixa etária."

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