Publicado em 30 de outubro de 2020 às 16:34
Um dia depois de chamar de "lunático" o governador de São Paulo João Doria (PSDB), o presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta sexta-feira (30), que o tucano é "autoritário". >
Apesar de o aumento de casos na Europa levantar receios entre especialistas de uma segunda onda de infecções no continente, Bolsonaro disse ainda que a pandemia da Covid-19 no Brasil "está acabando".>
"Está acabando a pandemia [no Brasil]. Acho que [o Doria] quer vacinar o pessoal na marra rapidinho porque [a pandemia] vai acabar e daí ele fala: 'acabou por causa da minha vacina'. Quem está acabando é o governo dele, com toda certeza", disse o presidente, ao conversar com apoiadores em frente do Palácio da Alvorada.>
As declarações do presidente foram transmitidas por um site bolsonarista. Bolsonaro embarcou para o Guarujá (SP), onde deve passar o fim de semana e o feriado.>
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Segundo dados do Ministério da Saúde, a Covid-19 soma quase 5,5 milhões de casos confirmados no país, com mais de 158 mil mortes.>
O presidente criticou Doria em diversas ocasiões durante a semana, principalmente pelo fato de o governador paulista ter defendido vacinação obrigatória contra o coronavírus em São Paulo.>
À mais recente investida, na quinta (29), Doria respondeu e disse recomendar "ao presidente Bolsonaro parar de me atacar e começar a trabalhar".>
"Tem um governador lá [em São Paulo] um tanto quanto autoritário, que até [quer] dar vacina na marra na galera. O que eu vejo na questão da pandemia? Está indo embora, isso já aconteceu, a gente vê livros de história", acrescentou Bolsonaro nesta sexta.>
"Ele quer acelerar uma vacina agora, falou que ia vacinar os 46 milhões [de brasileiros no estado]. [Ele] não tem autoridade para isso, no meu entender é uma arbitrariedade, não sei que adjetivo eu daria para quem, na marra, já fala em aplicar uma vacina que ninguém ainda falou que está comprovada 100% cientificamente", disse o presidente.>
O alvo de Bolsonaro é a Coronavac, imunizante que está sendo desenvolvido por uma farmacêutica chinesa e produzido em convênio com o instituto Butantan.>
O presidente chegou a desautorizar um acordo do Ministério da Saúde com o estado de São Paulo para a compra de milhões de doses dessa vacina. Em outa ocasião, disse que a Coronavac não era confiável por conta de sua origem chinesa.>
Ao afirmar que a vacina coproduzida pelo instituto Butantan não tem comprovação científica, Bolsonaro se antecipou a críticas e disse que o caso é diferente do da hidroxicloroquina medicamento propagandeado por ele como panaceia contra a Covid-19>
"Diferentemente da hidroxicloroquina, que existe há quase 70 anos no Brasil", afirmou. A hidroxicloroquina é um remédio usado no Brasil há anos para malária e lúpus, mas não tem eficácia científica verificada para o tratamento do novo coronavírus.>
Doria é considerado pelo Palácio do Planalto um potencial adversário nas eleições de 2022, e o tucano e Bolsonaro também já se chocaram nesta semana sobre a reforma administrativa e ajuste fiscal encampados pelo governador que extingue órgãos públicos e retira isenções do ICMS.>
O presidente acusou Doria de estar aumentando impostos no estado, enquanto que o tucano se defendeu e disse que não houve incremento de tributos.>
Embora Bolsonaro tenha dito que a pandemia está acabando no Brasil, a OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou recentemente que os países precisam estar vigilantes porque segundas ondas de infecção "não são apenas possíveis, como altamente prováveis em qualquer lugar do mundo".>
Diante do aumento do contágio na Europa, diferentes países do continente estão adotando novas normas de isolamento social para tentar conter o vírus. Os Estados Unidos também têm registrado o avanço da pandemia.>
Reportagem do jornal Folha de S. Paulo desta sexta mostra que o comportamento do vírus no EUA vem repetindo o mesmo padrão da Europa, com os locais menos afetados inicialmente concentrando agora a maioria dos mortos.>
A trajetória das curvas de óbitos na Europa e nos EUA é considerada importante para o Brasil se preparar para futuro. Na maioria dos estados brasileiros, o número de mortes permaneceu elevado por um período longo numa espécie de platô, o que pode sinalizar a possibilidade menor de repique.>
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