Publicado em 7 de dezembro de 2021 às 15:27
A delegada responsável pelo inquérito das milícias digitais diz em despacho que ainda há risco de interferência do Ministério da Justiça no processo de extradição do influenciador bolsonarista Allan dos Santos.>
"Permanece ainda latente o risco de ocorrência de novos eventos com potencial de causar prejuízo ao fluxo normal da apuração", diz a delegada Denisse Ribeiro em despacho encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que decretou a prisão e a extradição do influenciador residente nos Estados Unidos.>
Como mostrou o Painel, a atuação cúpula do Ministério da Justiça passou a ser investigada no inquérito após a demissão da delegada Silvia Amélia, chefe do DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional), setor que cuida desse tipo de assunto dentro da pasta.>
O Secretário Nacional de Justiça, Vicente Santini, fez um ofício pedindo para alterar o fluxo do procedimento de extradição para ter acesso as informações.>
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De acordo com a delegada da polícia, o possível crime investigado não foi concretizado porque as investidas de Santini não conseguiram atrapalhar o processo até o momento. Quando ele tentou efetuar as mudanças o caso já havia sido enviado para os Estados Unidos.>
Entretanto, segundo a PF, como o processo de extradição está em andamento e uma nova atuação do Ministério da Justiça poderá ser necessária, ainda há chance de interferência.>
"Considerando que as investigações estão em curso e que as medidas relativas à extradição ativa de Allan dos Santos abrem o caminho para que novas ações ou omissões, no âmbito da Secretaria Nacional de Justiça, prejudiquem a tramitação da extradição, diante da possibilidade de eventual pedido de complemento de informações, ou por inobservância de prazos, ou por retardo nas comunicações aos órgãos executores", diz o despacho assinado pela delegada Denisse Ribeiro.>
Em depoimento à PF, a chefe demitida do DRCI disse que em conversa o Secretário Nacional de Justiça afirmou que "a ausência de informação sobre o caso do Allan dos Santos causou um desconforto para o próprio Secretário e para o Ministério da Justiça".>
Segundo Silvia Amélia, após essa conversa Santini elaborou o despacho e tentou alterar o fluxo do procedimento para que ele pudesse ter acesso aos documentos da extradição.>
Santini também prestou depoimento à PF e disse que requisitou informações sobre o processo com a única motivação de dar cumprimento à decisão judicial.>
Próximo da família Bolsonaro, ele negou ter sido questionado pelo presidente sobre os fatos e explicou ter conversado com ministro Anderson Torres a respeito da extradição somente para informá-lo que a decisão já havia sido cumprida pelo DRCI.>
Aliados de Torres negam que Silvia tenha sido exonerada pelo fato de ter dado andamento ao processo e alegam que houve quebra de confiança e traição.>
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