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É presidente da ABIH-ES (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Espírito Santo). Já foi secretário de Estado de Turismo

ES precisa de um centro de eventos multifuncional para grandes convenções

O recente lançamento do edital de concessão para o velho Parque de Exposições Floriano Varejão, o Pavilhão de Carapina, ajuda, mas não resolve

  • Nerleo Caus É presidente da ABIH-ES (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Espírito Santo). Já foi secretário de Estado de Turismo
Publicado em 31/07/2023 às 15h49

A recente aprovação da reforma tributária no Congresso Nacional acende mais uma vez um alerta no que diz respeito à forma como o Estado vem tratando os investimentos no turismo. A mudança na forma de arrecadação – que agora incide no consumo e não mais na produção – deixa claro que a hora para investir no setor do é agora.

É muito mais que uma questão de arrecadação, e sim de sobrevivência existencial econômica. É chegada a hora de reavaliarmos nosso complexo de inferioridade em relação a outros destinos e alavancarmos o setor de eventos por meio da construção de um centro de convenções multifuncional de grande porte.

O potencial turístico do Espírito Santo é vasto e a ausência de um centro de convenções adequado nos tem privado de atrair grandes eventos, feiras e congressos que são responsáveis por impulsionar a economia local e gerar empregos. Para se ter uma ideia, hoje o turismo de lazer domina 60% da indústria, enquanto o turismo corporativo aproximadamente 25%, e outros 10%. Porém, apenas 3% do turismo no Estado advêm da área de eventos. Esses números evidenciam que estamos muito aquém da nossa real capacidade. Um desperdício de capacidade, melhor dizendo.

Ao investir em um centro de convenções de grande porte, abriríamos novas perspectivas para o Espírito Santo para os grandes eventos. E é disso que precisamos: grandes eventos. Além de atrair um número considerável de visitantes, eventos corporativos e culturais, e de impulsionar diversos setores da economia, como o comércio, a hotelaria, o transporte e a gastronomia.

Ao todo são mais de 60 áreas impulsionadas pela construção do novo centro. A cidade se tornaria mais vibrante, aumentando sua atratividade para investidores e turistas. O turismo é a chave para o futuro do Estado, e não podemos nos dar ao luxo de desperdiçar mais tempo.

Cito aqui palavras do professor e pós-doutor em Ciência Política, Antônio Carlos Medeiros – que também compartilha das mesmas preocupações sobre o rumo econômico do Espírito Santo: “O turismo é essencialmente uma iniciativa privada, de sociedade, mas precisa de indução pública”.

Se não investirmos de forma assertiva nessa área, continuaremos competindo em desvantagem com destinos vizinhos. Se eles podem, por que também não podemos? Para se ter uma ideia, a cidade de São Paulo recebe diariamente um evento a cada 9 minutos, seja de pequeno, médio ou grande porte.

O recente lançamento do edital de concessão para o velho Parque de Exposições Floriano Varejão, o Pavilhão de Carapina, ajuda, mas não resolve. Precisamos de um novo espaço, construído do zero, com planejamento, tecnologia e multifuncional. O governo já mostrou que sabe que a saída é o investimento em turismo, há recursos para isso – somente a concessão da ES Gás, por exemplo, rendeu aos cofres do Estado quase meio bilhão, então o que falta? O governo poderia marcar esse golaço para o turismo!

Pavilhão de Carapina
Pavilhão de Carapina . Crédito: Arquivo Setur

Somos capazes. Temos privilégios geográficos, próximos dos maiores PIBs do Brasil e somos vocacionados desde sempre. Precisamos nos debruçar em soluções que reflitam em ações práticas. Consolidar a marca "Espírito Santo" como sinônimo de qualidade e excelência também em eventos, e mostrar que estamos prontos. Chegou a hora e a vez do nosso Estado brilhar e entrar em campo.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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