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Kelder é vigário para Ação Social, Política e Ecumênica da Arquidiocese de Vitória. Alexandre é jornalista e mestre em Comunicação e Territorialidades

Em ano eleitoral, Campanha da Fraternidade quer promover a amizade social

Tema nos convida a lançarmos um olhar sobre a tensão e o clima de ódio, divisão e inimizade que se propagaram na última década em nosso meio, esgarçando ainda mais o tecido social brasileiro

  • Kelder José Brandão Figueira e Alexandre Lemos Kelder é vigário para Ação Social, Política e Ecumênica da Arquidiocese de Vitória. Alexandre é jornalista e mestre em Comunicação e Territorialidades
Publicado em 30/11/2023 às 15h06

No próximo ano, em 2024, a Campanha da Fraternidade fará 60 anos, uma data muito simbólica. Se fosse uma união, celebraria bodas de diamante, simbolizando resistência e um nível de total consolidação. Caso fosse uma pessoa, estaria entrando na terceira idade, com amadurecimento e muitas experiências a serem compartilhadas.

São seis décadas contínuas de formações, reflexões e ações voltados para o enfrentamento dos graves e históricos problemas políticos, sociais, econômicos, identitários e ecológicos que afligem a sociedade brasileira.

A campanha tem início no período da Quaresma e é uma ação evangelizadora organizada pela Igreja Católica, com alcances ecumênico e social, incidindo nas políticas públicas necessárias para o bem da população. No último ano, com o tema “Fraternidade e Fome”, a Campanha da Fraternidade em nossa Arquidiocese de Vitória reforçou a Campanha Contra a Fome e pela Inclusão Social, Paz e Pão, que já distribuiu mais de 75 mil cestas básicas, equivalentes a mais de mil toneladas de alimentos, e 4 mil botijões de gás, atendendo, em sua maioria, famílias evangélicas pentecostais, além de incidir politicamente nos municípios e no Estado, ao organizar os Conselhos Municipais e Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional e participar da organização das conferências municipais e estadual de Segurança Alimentar e Nutricional.

A Campanha da Fraternidade de 2024, inspirada na encíclica do papa Francisco, “Fratelli Tutti,” propõe que reflitamos sobre a amizade social e o caminho ético e político que podemos trilhar para superar as divisões e conflitos que tanto mal tem causado à sociedade brasileira e às instituições que a compõem.

A Campanha da Fraternidade 2024, então, nos convida a lançarmos um olhar sobre a tensão e o clima de ódio, divisão e inimizade que se propagaram na última década em nosso meio, esgarçando ainda mais o tecido social brasileiro, historicamente marcado pelas desigualdades sociais, atingindo famílias, igrejas, instituições públicas e privadas, causando inimizades, divisões e mortes.

A amizade social é, nos dizeres do papa Francisco, “a nossa vocação para formar uma comunidade feita de irmãos que se acolhem mutuamente e cuidam uns dos outros (...) amizade social é amor [que] implica algo mais que uma série de ações benéficas. As ações derivam de uma união que propende cada vez mais para o outro, considerando-o precioso, digno, aprazível e bom, independentemente das aparências físicas ou morais” (Texto Base, CF 2024, nº 16).

O papa Francisco durante a celebração
O papa Francisco durante celebração. Crédito: ANDREW MEDICHINI/AP

Com esse tema, a CF 2024 propõe que a sociedade brasileira “desperte para o valor e a beleza da fraternidade humana, promovendo e fortalecendo os vínculos da amizade social, para que, em Jesus Cristo, a paz seja realidade entre todas as pessoas e povos”.

Válido lembrar que 2024 é um ano eleitoral municipal, um momento em que todos os cidadãos são convocados a exercer sua cidadania através do voto. Dessa forma, o tema se tornou ainda mais importante, pois será uma oportunidade para que, de fato, superemos as divisões que nos cegam a enxergar a verdadeira política e fazermos escolhas conscientes.

Fundamental também que as comunidades reflitam sobre o papel da comunicação e o quanto, por exemplo, as fake news favorecem as divisões, a tensão e o clima de ódio, prejudicando a ambiência para o florescimento da amizade social.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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