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Conheça os tipos de cânceres que só atingem homens

Conheça os tipos de cânceres que só atingem homens

Além do câncer de próstata, alvo da campanha mundial no mês de novembro, há ainda o câncer de pênis e o de testículo

Publicado em 6 de novembro de 2019 às 17:16

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Câncer de próstata: novembro azul chama a atenção para doença nos homens. (Shutterstock)

A campanha mundial Novembro Azul aborda principalmente câncer de próstata, doença que deve atingir cerca de 68 mil novos casos no Brasil só este ano. Mas vamos aproveitar o mês de conscientização para falar dos cânceres exclusivamente masculinos. O câncer de pênis e o de testículo também fazem milhares de vítimas no mundo todos os anos, apesar de serem preveníveis.

Descoberto no início de seu desenvolvimento, o câncer de próstata tem quase 100% de chance de cura após o tratamento. Apesar dos avanços terapêuticos, cerca de 25% dos pacientes com essa doença ainda morrem. No Brasil, por mais que seja um problema  com perfil de crescimento lento, cerca de 20% dos casos são diagnosticados em estágios avançados,  destaca o cirurgião oncológico Gustavo Guimarães, que é diretor do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) e coordenador geral dos Departamentos Cirúrgicos Oncológicos do grupo BP-A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

A desigualdade de acesso aos serviços de saúde é um dos fatores que levou ao aumento da mortalidade por câncer de próstata no país nas últimas três décadas.

“Muito se fala que há excesso de diagnóstico e que muitos tumores, de tão indolentes, poderiam não ser tratados. Em alguns casos, isso até pode ocorrer, mas em um país com desigualdade de acesso aos programas de rastreamento, como é o caso do Brasil, devemos sim incentivar a população a fazer os exames”, afirma o especialista.

A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que os homens a partir de 50 anos procurem um profissional especializado, para avaliação individualizada. Aqueles da raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem começar aos 45 anos. O rastreamento deverá ser realizado após ampla discussão de riscos e potenciais benefícios, em decisão compartilhada com o paciente. Após os 75 anos, poderá ser realizado apenas para aqueles com expectativa de vida acima de 10 anos.

Fatores de risco

O câncer de próstata é multifatorial, mas o envelhecimento, a alimentação desequilibrada, alterações na glândula prostática e histórico familiar são alguns dos fatores que requerem uma maior atenção. O envelhecimento é o principal fator de risco. Raramente a doença acomete homens com menos de 40 anos. A maioria dos pacientes que desenvolvem o câncer de próstata tem mais de 50 anos e dois terços têm mais de 65 anos. Além disso, : Dieta rica em gordura, particularmente de origem animal, com alto teor de cálcio, pode aumentar o risco.

Sintomas

Dor ou ardência ao urinar

• Dificuldade para urinar ou para conter a urina

• Fluxo de urina fraco ou interrompido

• Necessidade frequente ou urgente de urinar

• Dificuldade de esvaziar completamente a bexiga

• Sangue na urina ou no sêmen

• Dor contínua na região lombar, pelve, quadris ou coxas

• Dificuldade em ter ereção

Câncer de pênis

De acordo com o cirurgião oncológico Gustavo Guimarães, no Brasil, em 2018, foram diagnosticados 1,2 mil novos casos de câncer de pênis, mais do que o dobro do México, com 570 registros, a segunda maior incidência entre os países da América Latina e Caribe. Em terceiro está a Venezuela, com 294 casos. A incidência brasileira equivale a 35% de todos os tumores de pênis diagnosticados nesta região. Os números observados no Brasil também são proporcionalmente altos quando o assunto é mortalidade por esta doença. O Brasil responde por 402 das 982 mortes registradas nos países latino-americanos e caribenhos.

“Em relação ao câncer de pênis, os principais fatores de risco são a falta de higiene do órgão, fimose, infecções virais e comportamento sexual de risco. É fundamental intensificar a difusão de informação qualificada sobre estes temas para a sociedade”, alerta Guimarães.

O médico afirma que  quando a doença está localizada (restrita ao pênis), o paciente tem 82% de chance de sobrevivência em cinco anos. Considerando todos os casos registrados nos Estados Unidos, independentemente da fase de descoberta da doença, 67% vivem, ao menos, cinco anos ou mais.

Prevenção

O câncer de pênis é uma doença evitável. As principais medidas preventivas são lavar o órgão com água e sabão (incluindo a glande). De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a fimose aumenta em quatro vezes o risco de surgimento de lesões malignas na glande e prepúcio. A entidade recomenda a realização do autoexame do pênis, com repetição mensal, como estratégia simples para a identificação precoce de lesões de aspecto suspeito. Recomenda-se também vacinar os meninos contra o vírus HPV (a vacina está disponível no SUS) e realizar sexo com proteção.

Sintomas

- Dor

- Mudança na cor e textura da pele do pênis

- Crescimento ou lesão semelhante a verrugas que podem ou não ser dolorosas

- Coceira

- Ferida que não cicatriza

- Erupção avermelhada

- Inchaço

- Corrimento persistente e com cheiro forte

Aspas de citação

Em relação ao câncer de pênis, os principais fatores de risco são a falta de higiene do órgão, fimose, infecções virais e comportamento sexual de risco.

Gustavo Guimarães
Cirurgião oncológico
Aspas de citação

- Linfonodos inchados na virilha

Câncer nos testículos

Com 3,7 mil novos casos anuais, o Brasil registra a segunda maior incidência da América Latina de câncer de testículo, atrás apenas do México, que teve 4,6 mil homens diagnosticados no ano passado. A maior prevalência no continente é observada no Chile, com 9,7 casos para cada 100 mil chilenos. No Brasil, a prevalência é de 2,8 casos.

Diferentemente do câncer de próstata, que atinge, em sua maioria, homens com idade acima de 50 anos, com os tumores de testículo, por sua vez, o diagnóstico, comumente, vem em idade mais precoce. Com 32 mil novos casos registrados em homens entre 15 e 34 anos, o câncer de testículo é o tipo mais comum nessa faixa etária no mundo.

“Em relação ao câncer de testículo, a principal causa é a criptorquidia, que é quando o testículo não desce corretamente da cavidade abdominal onde se desenvolve durante a vida uterina para a bolsa escrotal. Outros fatores de risco são atrofia testicular, antecedente familiar e infecção pelo vírus HIV”, explica Gustavo Guimarães.

De acordo com o especialista, para se prevenir é fundamental a realização do autoexame, que é feito apalpando regularmente os testículos. Um fator que dificulta o diagnóstico precoce no Brasil é o fato de ser muito comum o homem associar qualquer alteração no testículo com alguma doença venérea ou trauma recente. “A maioria tem medo de falar sobre o assunto, principalmente com as esposas e as mães, sendo um tabu para adolescentes”, afirma Guimarães. Embora o câncer de testículo tenha baixa mortalidade, o sucesso do tratamento é maior quando a doença é descoberta precocemente. 

Fatores de risco

A maioria dos casos ocorre entre as idades de 15 e 50 anos, sendo o mais comum no mundo na faixa dos 15 aos 34 anos. Os homens brancos têm de 5 a 10 vezes mais chances de desenvolver câncer testicular do que os homens de outras raças. Quando há história familiar de câncer de testículo, o risco é aumentado.

Sintomas

- Nódulo pequeno, duro e indolor

- Mudança na consistência dos testículos

- Sensação de peso no saco escrotal

- Dor incômoda no baixo ventre ou na virilha

- Coleta súbita de fluido no escroto

- Dor ou desconforto no testículo ou no saco escrotal

- Crescimento da mama ou perda do desejo sexual

- Crescimento de pelos faciais e corporais em meninos muito jovens

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