Publicado em 29 de março de 2022 às 09:52
Delegações de Rússia e Ucrânia se reúnem nesta terça-feira (29) na Turquia para a primeira rodada presencial de negociações a respeito da guerra em quase três semanas. O presidente anfitrião, Recep Tayyip Erdogan, deu boas-vindas a russos e ucranianos e lembrou que a responsabilidade de "parar essa tragédia" é responsabilidade de ambos os lados.>
A Ucrânia tem pouca esperança de um avanço imediato e disse que busca um cessar-fogo, mas sem comprometer seu território ou sua soberania. A baixa expectativa se traduziu no que a TV ucraniana descreveu como "uma recepção fria" no lugar escolhido para a reunião: não houve apertos de mão entre os negociadores.>
Ainda assim, a retomada do diálogo presencial é um passo importante em direção a um possível cessar-fogo. Apesar de paralisada na maioria das frentes, a ofensiva russa segue infligindo sofrimento a civis e agravando crises humanitárias em cidades sitiadas.>
Figuras do alto escalão de Rússia e Ucrânia deram, ainda na segunda-feira (29), o tom de baixa expectativa para as negociações que começam nesta terça. Dmitro Kuleba, chanceler ucraniano, disse que iria à mesa de conversas para fechar um acordo que contemple, no mínimo, questões humanitárias e, no máximo, um cessar-fogo, mas sem "negociar pessoas, terras ou soberania".>
>
Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, disse que é importante que as reuniões voltem a acontecer presencialmente, embora as negociações até agora não tenham produzido avanços substanciais -foram três encontros anteriores na Belarus e um na Turquia.>
Na segunda, o jornal americano The Wall Street Journal publicou reportagem em que afirma que o oligarca e dois ucranianos tiveram sintomas de envenenamento após uma reunião em Kiev no início do mês.>
Em meio às expectativas sobre o resultado da quinta rodada de negociações, o dia na Ucrânia começou com sirenes que alertam a população contra ataques aéreos soando em várias regiões do país.>
O Ministério da Defesa da Rússia disse nesta terça que atingiu um grande depósito de combustível na região de Rivne, no oeste da Ucrânia. O relato do ataque, ao mesmo tempo em que busca reforçar o argumento russo de que a ofensiva não mira civis, denota a estratégia de Moscou de atingir alvos longes das linhas de frente para tentar paralisar as linhas de suprimento da resistência ucraniana.>
Em comunicado, o Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia, disse que o plano da Rússia ao concentrar ataques em instalações de armazenamento de combustível é "complicar a logística e criar as condições para uma crise humanitária". "O inimigo continua a realizar de forma vil ataque com mísseis e bombas na tentativa de destruir completamente a infraestrutura e as áreas residenciais das cidades ucranianas", diz a nota.>
No discurso noturno que se tornou uma tradição desde o início da guerra, o presidente Volodimir Zelenski repetiu pedidos de que o Ocidente aumente a pressão sobre a Rússia em retaliação à invasão. "Nós, pessoas vivas, temos que esperar. Tudo o que os militares russos fizeram até agora agora não justifica um embargo de petróleo?", questionou o ucraniano, reiterando um dos elementos que aparecem em todos os seus pronunciamentos.>
Diversos países ocidentais impuseram sanções duras a Moscou, mas a Europa tem grande dependência da Rússia para o fornecimento de energia, de modo que medidas ainda mais rígidas como as sugeridas por Zelenski têm sido tratadas com alguma relutância.>
Mariupol, cidade portuária cujo status de possível ponte entre a Crimeia e os territórios separatistas no Donbass é estratégico para os interesses de Moscou, tornou-se um cenário de destruição após mais de três semanas sob cerco russo. De acordo com a prefeitura, 160 mil pessoas ainda estão presas sem conseguir deixar a cidade. O governo local diz que 5.000 moradores morreram em decorrência dos ataques russos. Entre as vítimas estariam 210 crianças. Os números não puderam ser verificados de forma independente.>
"Não há comida para as crianças, especialmente para os bebês. Eles nascem em porões porque as mulheres não têm para onde ir para dar à luz. Todas as maternidades foram destruídas", disse à agência de notícias Reuters a funcionária de uma mercearia de Mariupol que se identificou apenas como Nataliia, depois de conseguir chegar a Zaporíjia.>
À medida que a guerra se prolonga, o que se imaginava ser um dos objetivos do presidente Vladimir Putin -a tomada de Kiev- parece ainda longe de se concretizar. "Destruímos o mito do Exército russo invencível. Estamos resistindo à agressão de um dos exércitos mais fortes do mundo e conseguimos fazê-los mudar seus objetivos", disse o prefeito da capital ucraniana. Vitali Klitschko.>
A fala, apesar de um tanto romantizada com a retórica da resistência, ocorre também em meio ao crescimento de relatos de contra-ataque da Ucrânia, que vem tentando retomar territórios anteriormente tomados pelos russos. O que alguns analistas chamam de uma mudança no fluxo da guerra, porém, é visto por outros como uma consequência da mudança de estratégia russa. Moscou está concentrando esforços na expansão do território controlado pelos separatistas na porção leste da Ucrânia.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta