Publicado em 10 de junho de 2020 às 17:28
A Rússia, país com o terceiro maior número de casos de Covid-19 no mundo, começou a abrir Moscou e outras cidades após mais de dois meses de quarentena.>
O cronograma de flexibilização acompanha a desaceleração no número de infecções na capital, mas também atende a um meticuloso calendário político desenhado pelo governo de Vladimir Putin.>
A capital russa responde por 40% dos 493.657 casos da doença no país até esta quarta (10). São 2.000 novos casos por dia na cidade, ante um pico de 6.000 no meio de maio.>
Na cidade, foi encerrado nesta segunda (9) o polêmico isolamento social, no qual boa parte dos 12,7 milhões moradores recebeu códigos QR (aqueles quadradinhos para serem lidos por smartphones) para controlar movimentação por áreas.>
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Máscaras e distanciamento em locais públicos seguem valendo. O refrigério aos confinados moradores, que ficaram sob algum tipo de restrição desde 28 de março, será progressivo.>
Nas próximas três semanas, abrirão de forma escalonada diversos negócios e serviços. A partir do dia 23, será possível ir a áreas internas de restaurantes, na prática a última etapa de reabertura. Em outras regiões, o cronograma varia.>
No dia seguinte, 24, Putin comandará uma grandiosa parada militar celebrando os 75 anos da vitória soviética na Segunda Guerra Mundial. O evento, que ocorreria em 9 de maio, havia sido adiado devido à severidade da pandemia no país, frustrando o plano do presidente de torná-lo uma grande celebração de seus 20 anos no poder.>
"A ideia toda parece ser estabelecer uma sensação de bem-estar visando o plebiscito de 1º de julho", disse por mensagem o cientista político Konstantin Frolov, que de todo modo está comemorou o fim da quarentena.>
Outro marco do ano putinista, o plebiscito irá julgar as mudanças constitucionais aprovadas no começo do ano, que permitem, entre outras coisas, que o presidente dispute as eleições de 2024 e, se reeleito, as de 2030, podendo ficar no poder teoricamente até os 83 anos, em 2036.>
Ele havia sido marcado para 22 de abril, mas foi adiado devido à escalada de infecções pelo novo coronavírus, que colocou a Rússia no terceiro lugar mundial em número de casos da Covid-19, atrás de EUA e Brasil.>
O país tem um relativamente baixo índice de mortes por milhão de habitantes, 44, ante 345 dos americanos e 181 dos brasileiros.>
Esse número sempre intrigou especialistas no país e no exterior, e um novo dado divulgado nesta quarta só fez aumentar as suspeitas de uma pedalada sanitária em curso.>
O número de mortes registradas em Moscou em maio foi 58% maior do que a média registrada neste mês de 2017 a 2019. Foram 15.713 mortes, 5.799 a mais do que o usual do período.>
Dessas, apenas 2.757 foram registradas como sendo decorrentes da Covid-19. A autoridade municipal de saúde admite que talvez 90% das 5.799 vítimas tenham sido infectadas pelo novo coronavírus, mas a causa primária da morte foi outra.>
Em uma entrevista à rede de televisão CNN, o porta-voz do Kremlin, que teve Covid-19, questionou essa leitura. "Você já pensou na possibilidade de que o sistema de saúde russo seja mais eficiente?", disse Dmitri Peskov.>
Um programa nacional de testagem, que examinou 650 mil russos em 46 das 85 unidades federativas do país, indicou que 14% dos saudáveis tinham anticorpos contra a Covid-19.>
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