Publicado em 13 de abril de 2020 às 17:21
A França deve sair gradualmente da quarentena a partir de 11 de maio, anunciou o presidente Emmanuel Macron na noite de segunda (13), em pronunciamento na TV . >
Em discurso em que reconheceu falhas no combate à pandemia, ele pediu uma "refundação" da França a partir de 11 de maio. A crise do coronavírus, disse, é a chance para criar "um projeto de concórdia, um projeto francês, uma razão de viver juntos".>
"Saibamos deixar de lado as ideologias e nos reinventemos; eu o primeiro", afirmou Macron, em tom completamente diferente do que adotou em 16 de março, quando anunciou a quarentena e por diversas vezes repetiu "Estamos em guerra!".>
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A palavra que marcou a fala desta segunda foi "ébranlement", que significa comoção, choque, atordoamento.>
"Temos que reconhecer: o momento que vivemos é de comoção íntima e coletiva. Saibamos viver como tal, e nos lembremos que somos vulneráveis", disse o presidente, que pretende trabalhar a partir da próxima semana num "novo caminho" para a França.>
Macron disse que, embora sejam difíceis, as medidas de restrição de mobilidade são indispensáveis para permitir que os hospitais franceses recuperem capacidade de atender e salvem vidas.>
Ele pediu que os franceses sigam as regras nas próximas quatro semanas: "Não há outra forma de agir com segurança para barrar o vírus e permitir a reconstrução".>
No dia 11 de maio, devem ser reabertas creches, escolas infantis, colégios e liceus, com reorganização tanto dos horários quanto dos espaços, para reduzir o risco de contágio.>
Segundo o presidente, a volta das aulas é fundamental para impedir um aumento da desigualdade no país, já que crianças de famílias mais pobres têm menos recursos para continuar sua educação longe das escolas.>
Faculdades só deverão voltar a ter aulas presenciais depois do verão, e lugares de aglomeração, como restaurantes, bares, cinemas, teatros e hoteis, ainda não têm data para reabrir.>
O governo deve reavaliar a situação a cada semana, para tomar novas decisões de relaxamento ou reaperto das regras. Festivais só voltarão a acontecer a partir de julho.>
Macron pediu também que idosos, doentes e outras pessoas vulneráveis continuem em casa depois de 11 de maio. Segundo ele, até lá o governo terá capacidade para testar todas as pessoas que apresentem sintomas relacionados ao coronavírus, como febre e tosse.>
Quem tiver contágio confirmado será isolado e tratado, e os contatos serão monitorados. Para isso, a França também deve lançar um aplicativo, semelhante ao já apresentado na Áustria e na Alemanha, de uso voluntário.>
O programa rastreia com quem o usuário se encontrou e em que datas. Em caso de infecção confirmada, ele avisa aquele que tenham tido contato com o doente.>
Macron disse que também partilha "da aflição de não saber quando será o fim desta provação". "Gostaria de poder responder, mas não tenho essa resposta definitiva. Nesta noite eu partilho o que sabemos e o que não sabemos, com a humildade que nos faz decidir e agir sabendo que há incertezas", afirmou.>
Segundo ele, a única solução segura será a descoberta de uma vacina confiável, e o país deve acelerar as pesquisas científicas nessa direção, além de reforçar ensaios clínicos sobre formas de tratamento.>
O governo promete anunciar nesta semana novas medidas para conter danos econômicos provocados pela pandemia.>
A França foi o primeiro país europeu a registrar um caso de coronavírus, em 25 de janeiro. A primeira morte veio mais de um mês depois, em 26 de fevereiro.>
Três dias depois, eventos foram suspensos, mas escolas e lojas continuaram funcionando por mais duas semanas. As aulas só pararam no dia 16 de março. No dia seguinte, Macron decretou quarentena total.>
Até as 16h (horário do Brasil) desta segunda, havia 136.779 casos confirmados de coronavírus e 14.967 mortos no país, quarto maior número no mundo, atrás dos EUA, da Itália e da Espanha. Curaram-se da doença 27.718 pessoas, e 6.821 estavam em estado crítico.>
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