Publicado em 11 de agosto de 2021 às 16:10
Israel está considerando impor novos "lockdowns" e estender as doses de reforço das vacinas contra a covid-19 às pessoas com mais de 50 anos, depois que o número de novas infecções atingiu o maior nível desde fevereiro. A previsão do governo é que o número de pacientes internados pelo novo coronavírus dobre a cada dez dias, atingindo 4.800 pessoas - metade delas com casos graves - até 10 de setembro, segundo o jornal Haaaretz.>
Quase 80% da população adulta do país já foi totalmente vacinada, uma das maiores taxas do mundo, porém mais de 6 mil pessoas foram testaram positivo para a covid-19 na segunda-feira, dia 9, segundo o Ministério da Saúde. Quase 650 pessoas estão hospitalizadas, sendo 400 em condições críticas, informou o ministério, o maior número desde março.>
Cerca de 150 desses pacientes não estão totalmente vacinados. Israel atingiu o maior número de casos graves em janeiro, com 1.200 pacientes - cerca de metade do número previsto para o mês que vem. Devido a esta projeção, o primeiro-ministro Naftali Bennett e o ministro da Saúde Nitzan Horowitz decidiram na terça-feira, 10, adicionar novos leitos hospitalares cada vez que o número de pacientes dobrar. >
Pelo acordo, que será levado ao gabinete responsável melo manejo da pandemia para aprovação nesta quarta-feira, quando dobrar o número de pacientes internados por covid-19, serão acrescentados 100 novos médicos, 500 enfermeiros e 200 paramédicos, pessoal de limpeza e pessoal administrativo.>
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Segundo os dados do governo de Israel, idosos não vacinados têm cinco vezes mais probabilidade de apresentar quadros graves de covid do que os idosos imunizados. Pessoas vacinadas têm cinco a 10 vezes mais resistência contra a covid do que não vacinadas.>
Pouco menos de 5% dos testes de covid-19 estão dando positivo, num sinal de que o país está em meio a um grande aumento dos casos, alertou Salman Zarka, autoridade máxima do governo no combate à pandemia. Israel encontra-se em um "ponto crítico para a nossa saúde, para as nossas vidas e para a nossa economia", disse ele.>
Por ser o primeiro país a iniciar um esforço em massa de vacinação e o primeiro a reabrir toda a economia, depois de vacinar totalmente quase 70% de sua população adulta com a vacina da BioNTech/Pfizer até o começo de abril, os israelenses tiveram um período de liberdade pós-pandemia.>
Mas agora, com estudos mostrando que a eficácia da vacina está caindo entre as pessoas com mais de 60 anos, algumas das quais receberam suas primeiras doses em dezembro, Israel também foi o primeiro país a iniciar a aplicação das doses de reforço.>
O país não esperou a aprovação das doses de reforço da Pfizer pela Agência de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA) e já aplicou a terceira dose para cerca de 2 mil pessoas imunodeficientes semanas atrás, antes de estendê-la a todas as pessoas com mais de 60 anos em 1º de agosto. Cerca de 600 mil israelenses idosos receberam a terceira dose, que em breve poderá ser oferecida também às pessoas com mais de 50 anos.>
A experiência de Israel com a variante Delta do coronavírus e a vacina da Pfizer estão sendo observadas atentamente pelos EUA e a Europa,enquanto eles consideram a autorização das terceiras doses em suas populações mais velhas.>
Bennett disse na quarta-feira que 90% das novas infecções ocorreram em pessoas com 50 anos ou mais. "Peço a todos os cidadãos com mais de 50 anos que sejam muito cuidadosos nas próximas semanas.">
O rápido aumento do número de casos ameaça frustrar os planos do governo de manter a economia aberta. As autoridades israelenses já consideram impor um "lockdown" nos feriados judaicos de setembro, quando as famílias tendem a visitar os avós, para assim romper a cadeia de contágio.>
Um "lockdown" é visto como último recurso e sua restrição aos feriados teria um impacto menor sobre a economia, disse uma autoridade do Ministério das Finanças.>
"Se as pessoas forem vacinadas o mais rapidamente possível, então não haverá necessidade de um lockdown", disse a autoridade, que pediu para não ser identificada. "Analisamos os gráficos diariamente e no momento há vacinas suficientes, mais do que suficientes, para todos aqueles que quiserem uma dose, duas ou três".>
Medidas restritivas>
O comitê ministerial também deve aprovar um esquema de passaporte da vacina expandido, abrindo alguns serviços e locais apenas para pessoas que estão vacinadas ou se recuperando, bem como limitando as reuniões a 50 pessoas dentro de casa e 100 pessoas ao ar livre, juntamente com a introdução de testes rápidos de covid.>
Zeev Feldman, médico chefe da unidade pediátrica do Sheba Medical Center, disse ao Haaretz que adicionar pessoal extra é necessário, mas insuficiente. "Não é possível recrutar 100 médicos em agosto para resolver o problema", disse ele. "Precisamos de especialistas em terapia intensiva e leva anos para treiná-los".>
Feldman acrescentou: "você não pode montar um sistema de saúde em um piscar de olhos durante uma crise - você precisa construí-lo para o longo prazo. Isso não tem acontecido nos últimos anos, então agora somos forçados a cenários de emergência.">
O sistema precisa de reforço em todos os níveis, disse Feldman, "médicos, profissionais de enfermagem e paramédicos e qualquer pessoa que possa ajudar a arcar com o fardo". Ele acrescentou que espera que os aumentos de pessoal não sejam revertidos depois que a crise passar, como o Ministério das Finanças recentemente tentou fazer ao eliminar 600 empregos na área de saúde que foram criados durante a pandemia.>
O professor Nadav Davidovitch, presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, também criticou a decisão. "Estamos sempre tentando tomar medidas preventivas, mas estamos sempre respondendo tarde demais. Já existe aglomeração nos hospitais e na comunidade - não apenas por causa do coronavírus - e isso está dificultando o tratamento. Portanto, precisamos [do aumento de pessoal] agora, e não sob a condição de aumento de casos de infecção", disse ele. (Com agências internacionais).>
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