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Coronavírus: capixabas ficam presos no Peru após fechamento de fronteiras

Coronavírus: capixabas ficam presos no Peru após fechamento de fronteiras

Mesmo sem sintomas, os turistas contam que foi determinado que eles entrem em quarentena até o dia 1° de abril, porém não são aceitos em hotéis e não podem dormir no aeroporto

Publicado em 16 de março de 2020 às 21:35

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Brasileiros impedidos de sair do Peru após fechamento de fronteiras. (Max Miller Miranda)

Cerca de 50 brasileiros, sendo um casal capixaba, estão impedidos de sair do Peru após o país decretar o fechamento de todas as fronteiras nesta segunda-feira (16) por conta do coronavírus. Mesmo sem sintomas, os turistas contam que foi determinado que eles entrem em quarentena até o dia 1° de abril. Apesar disso, não são aceitos em hotéis e não podem dormir no aeroporto. Desesperados, eles pediram socorro ao Ministério das Relações Exteriores, mas afirmam que ainda não tiveram respostas. 

De acordo com o fisioterapeuta Max Miller Miranda, de 39 anos,  ele e a mulher, a também fisioterapeuta Kellen Alasia Miranda, de 35 anos, foram para Cusco na última sexta-feira (13). Eles pretendiam viajar de férias para a Europa, mas escolheram o Peru por que acreditavam que o país era um dos menos afetados pelo coronavírus. 

"Estava tudo normal. A companhia aérea, as agências e os hotéis garantiram que não havia problema algum pelo coronavírus. Ontem (15) compramos um passeio para Machu Picchu e só ao acordarmos, às 4 horas, descobrimos que todas as fronteiras estavam fechadas e os passeios cancelados. No hotel, disseram que deveríamos ir com nossas malas para o aeroporto tentar um voo de volta. Já no aeroporto de Cusco, fomos informados que não vamos conseguir embarcar, que tínhamos que entrar em quarentena até o dia 1º de abril, mesmo sem sintomas, e que não conseguiríamos sair do país. O problema é que nenhum hotel nos aceita e o aeroporto informou que teremos que ir para a rua às 21 horas", conta  o fisioterapeuta.

Max completou que o Hotel Estancia San Blas não os aceita de volta. Segundo o capixaba, todo país está em quarentena e as pessoas só podem sair de casa em casos emergenciais, como ir ao hospital. Já nos supermercados, ele conta que houve disputa por comida entre aqueles que queriam estocar alimento em casa.

Procurado, o Hotel Estancia San Blas afirmou que irá fechar as portas ainda nesta segunda (16), como exigido pelo Governo peruano. Eles afirmaram que vários turistas estão na mesma situação e que não há o que fazer, além de permitir que os hóspedes cancelem a estadia sem custos. 

Aspas de citação

São cerca de 50 brasileiros na mesma situação. Entramos em contato com o Consulado Brasileiro e eles afirmam que estão tentando providenciar algum socorro, mas sem garantias. Todos estão apreensivos. Eu ainda estava no início da viagem, tenho cartão de crédito e dinheiro. Mas tem brasileiro que está no fim da viagem, sem dinheiro nenhum, sem ter como comer. É um momento difícil, há grávidas e crianças, teve gente passando mal, gente chorando, desesperador. Não sabemos se vamos conseguir voltar, onde vamos dormir, tomar banho e nem até quando vamos conseguir comer. O aeroporto está um caos. 

Max Miller Miranda
Fisioterapeuta
Aspas de citação

ITAMARATY E COMPANHIA AÉREA 

Procurado, o Ministério das Relações Exteriores informou, por nota, que a Embaixada do Brasil em Lima está ciente da situação e em contato frequente com todos os brasileiros para passar informações sobre a limitação de movimentação. 

"A Embaixada do Brasil em Lima está em contato também com as autoridades locais para, na medida do possível, tentar apoiar o retorno dos turistas. Tendo em vista tratar-se de uma crise global, recomenda-se ao cidadão brasileiro obedecer estritamente as orientações das autoridades do país onde se encontram. As embaixada e/ou consulados responsáveis seguem à disposição dos cidadãos brasileiros e afirmou que procura prestar toda a assistência consular possível", afirmou. 

Como os capixabas afirmam não estar recebendo nenhuma informação ou apoio, a reportagem voltou a entrar em contato com o Ministério das Relações Exteriores. Uma das reclamações dos brasileiros, inclusive, é referente a uma sugestão que teriam recebido do Consulado Brasileiro: "Nos orientaram a alugar um ônibus por conta própria para retornar ao Brasil pelo Acre, com dinheiro do nosso bolso, sem conhecer as estradas", afirmou a fisioterapeuta Kellen Alasia Miranda.

No novo contato, o Itamaraty respondeu por nota que reitera que a Embaixada do Brasil em Lima está prestando todo o apoio possível aos nacionais brasileiros e continua fazendo gestões junto ao governo peruano e empresas de transporte para viabilizar o retorno dos turistas.

"De acordo com o serviço de migrações do governo peruano, há hoje 3.770 brasileiros naquele país. Lembramos que está em vigor no Peru uma quarentena determinada pelo Governo", informou. 

Também procurada, a LATAM - companhia aérea onde parte dos brasileiros comprou as passagem, incluindo os capixabas, informou que os passageiros terão que aguardar novas recomendações. 

"Em função da impossibilidade de voar para grande parte de nossos destinos devido ao fechamento de fronteiras determinadas pelas autoridades, a LATAM informa que os clientes terão que aguardar a evolução das recomendações das autoridades competentes", disse a nota. 

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