Publicado em 8 de julho de 2020 às 11:19
Com o número de casos de Covid-19 saindo de controle nos EUA, o presidente Donald Trump insiste em negar a crise sanitária e tenta se descolar do problema. Nas últimas duas semanas, as infecções cresceram 78% em meio à reabertura do país e à circulação de americanos durante as férias de verão. Nos seis primeiros dias deste mês, o país acumulou 300 mil novas notificações da doença. >
Trump, porém, prefere afirmar que o vírus é inofensivo e formalizou nesta terça-feira (7) a saída do país da Organização Mundial da Saúde (OMS). >
Depois de atingir o que parecia o pior momento, em abril, com cerca de 35 mil novos contaminados por dia, os EUA conseguiram desacelerar as infecções para a casa de 20 mil diagnósticos de Covid-19 a cada 24 horas em maio. Nas últimas três semanas, no entanto, o país assiste a curva de infecções acelerar novamente batendo o recorde diário de 57 mil casos de coronavírus nos primeiros dias de julho. Nesta terça-feira (7), Trump disse que os EUA "nunca irão fechar", pressionando pela continuidade da retomada econômica a despeito da situação de saúde.>
O problema migrou da região de Nova York para estados do sul e sudoeste do país, com surtos na Flórida, Texas, Arizona e Califórnia. Ao menos 40 dos 50 Estados americanos viram o número de casos per capita aumentar nos últimos 14 dias.
Trump tem argumentado que a mortalidade causada pelo vírus é baixa nos EUA, usando dados falsos. O presidente chegou a dizer que 99% dos casos eram "totalmente inofensivos", contrariando a equipe médica do governo. A taxa estimada de mortalidade da Covid-19 nos EUA é de 4,5%, e não 1%, como o presidente sugere. "É uma falsa narrativa ver conforto em uma taxa de mortalidade baixa", disse o epidemiologista Anthony Fauci.
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Integrante da força-tarefa do governo Trump contra o coronavírus, Fauci é considerado o maior especialista no tema. Os EUA "ainda estão até os joelhos na primeira onda" da pandemia, disse Fauci. Os EUA têm quase 3 milhões de casos confirmados de coronavírus e mais de 130 mil mortes. Para o diretor do Instituto Nacional de Saúde dos EUA, Francis Collins, os EUA "nunca chegaram a conter a curva, e agora os casos estão voltando à tona", disse.>
Com o aumento dos casos, alguns Estados impuseram novas restrições na segunda-feira (6). Em Miami-Dade, o condado mais populoso do Estado americano da Flórida, as autoridades reverteram o plano de reabertura, com uma ordem de emergência que valerá a partir de hoje que fecha academias, bares e restaurantes - esses últimos só poderão servir pessoas do lado de fora. As praias ficaram fechadas no feriado do Dia da Independência, em 4 de julho. >
O prefeito de Miami, Carlos Gimenez, principal autoridade do condado que inclui a cidade de Miami e áreas próximas, e que tem cerca de 48 mil casos de Covid-19 entre seus 2,8 milhões de moradores, afirmou que o aumento foi causado por infecções entre jovens de 18 a 34 anos que se reúnem em locais lotados - dentro e fora de casa - sem usar máscaras e sem manter o distanciamento adequado. "Os médicos dizem que esse aumento nesta faixa etária era provocado por formaturas, reuniões em restaurantes que se transformavam em festas.">
Os novos casos de coronavírus também dispararam na Califórnia no fim de semana do feriado da Independência, sobrecarregando hospitais. O número de pessoas internadas com Covid-19 aumentou 50% nas últimas duas semanas, para cerca de 5,8 mil, anunciou o governador Gavin Newson. Cerca de um terço dos hospitalizados estavam em Los Angeles. >
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