Publicado em 16 de julho de 2021 às 17:33
Com 126 mortes - 106 na Alemanha e 20 na Bélgica - as enchentes causadas pelas chuvas torrenciais na Europa Ocidental levaram autoridades europeias a retomar o debate sobre as mudanças climáticas e seu impacto nos próximos anos. >
Pouco depois das cenas de destruição se tornarem o centro das atenções no país, o debate sobre as mudanças climáticas virou o principal tópico de debate no cenário político, em meio à campanha das eleições legislativas de 26 de setembro - que decidem o sucessor de Angela Merkel como chanceler. Tanto figuras da aliança entre conservadores democratas-cristãos de Merkel, quanto opositores dos partidos verdes, que buscam espaço no pleito, manifestaram-se sobre as enchentes.>
Armin Laschet, o líder do Estado alemão da Renânia do Norte-Vestfália, disse em uma entrevista coletiva na sexta-feira, 16: "Precisamos tornar o estado mais à prova de clima (...) Temos que tornar a Alemanha neutra para o clima ainda mais rápido.">
"Os resultados catastróficos da forte chuva nos últimos dias são em grande parte caseiros", disse Holger Sticht, que chefia o diretorio regional da Friends of the Earth Germany na Renânia do Norte-Vestfália. Ele culpou legisladores e a indústria por construir em várzeas e bosques. "Precisamos de uma mudança de curso com urgência.">
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Ursula von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia, afirmou nesta sexta-feira, 16, que as inundações eram uma indicação clara das alterações climáticas. "É a intensidade e a duração dos eventos que a ciência nos diz que é uma indicação clara da mudança climática", disse von der Leyen. E completou: "Mostra a urgência de agir".>
Na Alemanha, onde os temporais vêm sendo considerados a pior catástrofe desde o fim da 2ª Guerra, pelo menos 103 pessoas morreram nos Estados da Renânia do Norte-Vestfália e Renânia-Palatinado, na região oeste do país. Vilarejos inteiros ficaram isolados, casas foram arrastadas pelas águas ou destruídas em deslizamentos de terra e, mesmo com o fim da tormenta, autoridades apontam que ainda há o risco do transbordamento ou rompimento de barragens nos dois Estados.>
Conforme a água recua, os sobreviventes relatam desespero provocado pela destruição de casas e propriedades. Segundo autoridades locais, espera-se que o número de mortes deve aumentar nos próximos dias, conforme as equipes de resgate ganham acesso às áreas afetadas.>
No distrito de Ahrweiler, no norte da Renânia-Palatinado, uma das áreas mais assoladas pela catástrofe, autoridades afirmaram que 1.300 pessoas seguiam desaparecidas na manhã desta sexta, de acordo com a agência alemã Deutsche Welle. O número, no entanto, pode estar associado à queda da rede telefônica em algumas das localidades, e pelo fato de mais de 200 mil casas terem ficado sem eletricidade.>
O último balanço do governo belga aponta que há pelo menos 20 mortos e outros 20 desaparecidos. Cerca de 21.000 pessoas estão sem acesso à energia elétrica, e o Exército foi enviado para quatro das 10 províncias do país para participar das operações de resgate.>
Um dia de luto nacional foi decretado em 20 de julho. "Essas são as inundações mais catastróficas que nosso país já vivenciou", disse o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo.>
As fortes chuvas surpreenderam os habitantes e alguns ficaram ilhados pelas enchentes e transbordamentos de rios. Há relatos sobre vítimas que morreram afogadas em porões que inundaram. Luxemburgo, Holanda e Suíça também sofreram grandes danos materiais.>
A destruição provocada pela chuva ocorreu poucos dias depois da União Europeia anunciar um plano ambicioso para abandonar os combustíveis fósseis nos próximos nove anos, como parte dos planos para tornar o bloco neutro em emissões de carbono até 2050. Ativistas ambientais e os políticos rapidamente traçaram paralelos entre as enchentes e os efeitos das mudanças climáticas.>
As inundações são um fenômeno complexo com muitas causas, incluindo o desenvolvimento da terra e as condições do solo. Embora fazer um vínculo entre as mudanças climáticas e um evento específico de inundação exija uma análise científica extensa, é possível dizer que esse elemento, que já está causando chuvas mais fortes e muitas tempestades, é uma parte cada vez mais importante da mistura. Uma atmosfera mais quente retém e libera mais água, seja na forma de chuva ou de neve pesada no inverno.>
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