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Bolsonaro cita acusação de genocídio em conversa com diretor da OMS

Bolsonaro cita acusação de genocídio em conversa com diretor da OMS

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ironiza e diz que vai passear com o presidente em Haia, cidade holandesa que sedia o Tribunal Penal Internacional

Publicado em 1 de novembro de 2021 às 09:27

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Jair Bolsonaro e o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus em reunião do G20, na Itália
Jair Bolsonaro e o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus, têm uma conersa informal durante reunião do G20, na Itália. (Reprodução/Redes sociais)

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse neste domingo (31) ao diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus, ser o "único chefe de Estado no mundo investigado, acusado de genocida". Após um intérprete traduzir o conteúdo da fala do mandatário, ele emenda: "É a política".

Em seguida, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirma, dando gargalhadas: "Eu também. Vou com ele para Haia. Passear lá em Haia".

A cidade holandesa citada pelo ministro é sede do Tribunal Penal Internacional, possível destino de denúncias formuladas pela CPI da Covid. O órgão do Senado recomendou na última terça-feira (26) que o presidente brasileiro seja indiciado por epidemia com resultado morte e crime contra a humanidade, dentre outros crimes, mas descartou uma acusação de genocídio contra indígenas.

As declarações integram um vídeo postado nas redes sociais, em que Bolsonaro e Queiroga aparecem sentados ao lado de Ghebreyesus e auxiliares. Segundo o Planalto informou no Twitter, a conversa informal ocorreu no domingo durante a cúpula do G20, em Roma.

Em outro vídeo da mesma conversa, Bolsonaro pergunta ao diretor da OMS, aos risos. "Qual é a origem do vírus?". Ghebreyesus responde: "Ainda estamos estudando".

A Covid foi identificada pela primeira vez em Wuhan, na China, em dezembro de 2019. Quase dois anos após o início da pandemia de Covid, a comunidade científica ainda se debruça sobre a origem do coronavírus Sars-CoV-2, o causador da doença.

Nos últimos meses, o debate sobre como o vírus passou a infectar humanos voltou à tona com a possibilidade, não comprovada até agora e sem novas evidências, de um escape laboratorial. A versão é refutada pelas autoridades chinesas. Relatório publicado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) após investigação em Wuhan não foi conclusivo.

Em maio, Bolsonaro sugeriu, sem apresentar provas, que a China faz guerra biológica com a Covid. "É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou por algum ser humano [que] ingeriu um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra?", afirmou na ocasião.

No vídeo gravado no G20, os participantes da conversa aparecem sem máscara de proteção contra o coronavírus, com exceção de alguns auxiliares que não se pronunciam.

Após o encontro, Tedros disse no Twitter que, no encontro com Bolsonaro, foi discutido "o potencial do Brasil para produção local de vacinas e tratamentos, que poderiam também dar suporte às necessidades da América Latina".

ISOLADO

Isolado na cúpula dos líderes das maiores economias do mundo em Roma, Bolsonaro encerrou sua participação no evento sem nenhuma reunião bilateral com líderes globais em sua agenda nem integração social com eles. Ele preferiu usar o tempo para caminhar pelas ruas da capital italiana acompanhado de apoiadores.

Neste domingo (31), jornalistas foram agredidos por seguranças durante uma caminhada de Bolsonaro e apoiadores pelas ruas de Roma. Em meio ao empurra-empurra, ao menos uma manifestante ficou ferida ao ser derrubada.

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