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Mudança climática está sem controle e é irreversível, diz especialista

Mudança climática está sem controle e é irreversível, diz especialista

Diretor-executivo do Centro Brasil no Clima (CBC), Guilherme Syrkis afirma que demorou para o setor privado entender que alterações do clima atingem também os negócios

Publicado em 9 de novembro de 2023 às 18:16

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Cidade de Muçum foi uma das mais atingidas pelas enchentes causadas pela passagem de ciclone pelo Rio Grande do Sul
Tempestades e enchentes são consequências atuais das mudanças climáticas. (Mauricio Tonetto e Gustavo Mansur / Palácio Piratini)

As mudanças climáticas são um fato. Segundo o Serviço Copernicus (C3S), da União Europeia, 2023 vai ser o ano mais quente dos últimos 125 mil anos. Os efeitos desse aquecimento já são sentidos em vários locais, inclusive no Brasil, como as chuvas volumosas no Sul do país, a tempestade que deixou São Paulo sem luz e a seca histórica na Amazônia. 

Para o diretor-executivo do Centro Brasil no Clima (CBC), Guilherme Syrkis, acabou o tempo de "blá-blá-blá". É preciso agir para não só reduzir o impacto da atividade humana no planeta, mas também preparar a sociedade para os efeitos das alterações no clima. "Infelizmente, a gente já perdeu o controle. É irreversível", diz. 

Diretor-executivo do Centro Brasil no Clima (CBC), Guilherme Syrkis
Diretor-executivo do Centro Brasil no Clima (CBC), Guilherme Syrkis participou de evento no ES sobre mudanças climáticas. (Divulgação/CBC)

Syrkis participou nesta quinta-feira (9) do evento “Governança Climática e Financiamento Climático: caminhos para a implementação nos Estados brasileiros”, no Palácio Anchieta, em Vitória, e concedeu uma entrevista sobre o assunto. Confira! 

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    Esse ano vai ser o mais quente em 125 mil anos. A gente está com desastres terríveis acontecendo. A gente viu o que aconteceu agora em São Paulo, a questão da luz, a gente viu o que aconteceu no Rio de Janeiro no início do ano, o que aconteceu no Rio Grande do Sul. Então, infelizmente, a gente já perdeu controle, é irreversível. A gente vai precisar agora discutir como adaptar as cidades para gente a passar por essa situação que está mais complicada. Não tem jeito, acabou de blá-blá-blá, de ficar fazendo debate. Agora, a gente precisa conseguir mobilizar recursos que tem aí, internacionalmente. Mas a gente precisa entender como os Estados conseguem acessar esses recursos e botar na prática projetos de infraestrutura para contenção de encostas, para conter a elevação do mar, para conseguir tirar pessoas de áreas de risco para outras áreas com habitações melhores. Chegou o momento de a gente executar.

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    O Espírito Santo tem um programa muito bem-sucedido do fundo soberano, utilizando os recursos do petróleo para projetos sustentáveis. A liderança do governador (Renato) Casagrande é especialmente poderosa nesse sentido, porque ele é um governador com capacidade de articular com outros governadores. Hoje tem se falado muito de Amazônia, mas a gente tem que lembrar que há vários outros biomas no Brasil: a caatinga, a Mata Atlântica, o cerrado. Os investimentos não podem ser apenas para a Amazônia, mas para outros biomas e outras regiões do país. O Brasil é muito diverso.

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    A gente tem que aproveitar e fazer uma grande categorização em relação ao projeto do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento, do governo federal). O PAC é importantíssimo. A gente precisa mostrar quais projetos do PAC são de fato sustentáveis ou não, e realmente reforçar esses projetos que já estão acontecendo no governo federal e mobilizar recursos internacionais.

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    O PAC é um programa enorme de obras de infraestruturas do governo federal. A gente dentro do Centro Brasil no Clima está fazendo uma análise de projeto por projeto, de setor e setor. E a gente vai fazer um grande brainstorm tentando compreender, para os secretários (estaduais), o que faz mais sentido da gente priorizar nesses projetos estruturantes. Porque é muito mais fácil a gente já aproveitar um projeto que está sendo executado, com contrapartida de recursos do governo federal, no momento que a gente pede recursos internacionais. De fato, o governo federal não tem capacidade de execução total, mesmo assim, é um volume de recursos financeiros enorme que precisam ser mobilizados. Por isso que a gente está tentando trazer aqui, nesse evento, esse conceito do chamado "blended investment", que são os investimentos misturados. É para a gente somar diversos investimentos para conseguir financiar essa adaptação (aos eventos climáticos) que demanda multirrecursos financeiros.

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    Olha, eu acho que está começando a 'cair a ficha'. Demorou muito, principalmente no setor privado, para 'cair a ficha'. Talvez porque, infelizmente, sempre começa atingindo os mais pobres. Mas, agora, os efeitos estão acontecendo literalmente para todos. Então, estão vendo que realmente existe essa tal da mudança climática e isso afeta diretamente não só a população mais pobre, mas afeta os negócios dos empresários, afeta tudo. Então, eu sinto que está começando a ter maior conscientização, maior mobilização. Mas não é fácil. Exige uma transição, exige muitos recursos, existe a necessidade de educação, pensar de uma maneira inovadora, como a gente vai resolver a questão de transição energética que é complicadíssima. A gente ainda é muito dependente de combustíveis fósseis. São respostas que não são fáceis de responder e que a gente precisa de uma grande colaboração para avançar.

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