Publicado em 15 de novembro de 2021 às 09:35
FLAVIA G. PINHO >
O aumento do interesse pelo cultivo de plantas durante a pandemia fez com que marcas investissem em hortas inteligentes, pensadas para quem vive em apartamento e não tem tempo para se dedicar à jardinagem. Três empresas paulistas oferecem soluções semelhantes: a Brota, a Green Leaf e a Yes We Grow -que foi fundada em 2019, mas só em 2021 passou a vender esse tipo de item.>
Nas hortas inteligentes, os vasinhos são posicionados sobre um reservatório plástico, que só precisa ser reabastecido uma vez por mês. Uma espécie de pavio, na base dos vasos, absorve a água aos poucos, mantendo a terra úmida. O produto também pode ser usado em ambientes que não recebem iluminação natural. Lâmpadas de LED programadas em ciclos automáticos garantem o tempo de luz necessário para a fotossíntese.>
As hortas também foram pensadas para ocuparem pouco espaço: têm capacidade para seis vasos e medem em torno de 60 cm x 20 cm, com algumas variações de formatos. Cada empresa oferece substrato com uma fórmula própria de nutrientes, para garantir a saúde das plantas por mais tempo.>
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Nos vasos, é possível cultivar não só ervas aromáticas, mas também verduras de maior porte e até flores comestíveis ou ornamentais. As sementes são fornecidas pelos fabricantes, em embalagens preparadas para o transporte -não há venda de mudas.>
Apesar de produtos parecidos, as três empresas têm modelos de negócios distintos. A Brota, lançada em junho de 2020, fica no bairro da Mooca, na zona leste de São Paulo, e apostou na fabricação própria, a cargo de 28 funcionários.>
A empresa compra os insumos que compõem o solo e complementa o processo internamente, segundo Rodrigo Farina, 24, fundador da marca. "Os nutrientes são embalados em cápsulas, com material nanotecnológico natural, que os libera aos poucos, conforme a planta precisa.">
Vendidas exclusivamente pelo ecommerce próprio da Brota, as hortas custam de R$ 225 (modelo sem iluminação) a R$ 379 (com LED).>
Como parte da clientela não tem tempo nem para pensar na reposição das plantas, a empresa também oferece a opção de assinatura. Os pacotes, que custam a partir de R$ 49 mensais, dão direito à horta e ao fornecimento contínuo de sementes e cápsulas com substrato.>
O manjericão, por exemplo, germina em sete dias, está no ponto para ser colhido pela primeira vez no 20° dia e dá várias colheitas por mais 45 dias. Ao fim do ciclo, é momento de trocar o solo e semeá-lo de novo.>
"Já vendemos 16 mil hortas para todos os estados brasileiros, embora nosso foco sejam as áreas urbanas da região Sudeste", diz o empresário>
A Green Leaf, também lançada em junho de 2020, foca as vendas online, mas de forma pulverizada. Os produtos são vendidos no ecommerce da marca e em grandes marketplaces, como Magazine Luiza, Mercado Livre e MadeiraMadeira.>
O preço regular é R$ 449, mas é possível encontrar promoções por até R$ 399,90. Localizada em Diadema, na região metropolitana de São Paulo, a Green Leaf também conta com fabricação própria, mas dispõe de estrutura bem mais enxuta -apenas três funcionários.>
Já foram vendidas 1.140 hortas, segundo José Roberto Lopes Lima, 47, fundador da empresa. Ele afirma que investiu R$ 400 mil no empreendimento e que, no momento, está negociando a venda da companhia.>
Das três marcas, a Yes We Grow é a única que oferece outros produtos além da horta inteligente. A marca foi criada em 2019 e, na época, vendia apenas um mix de plantio, substrato que leva mais 500 ingredientes em sua composição, afirma Rafael Pelosini, 45, sócio da empresa.>
"[O substrato] foi projetado para reter mais água e pesar um terço comparado à terra comum. Dá para carregar na bike e não suja a mão.">
Hoje, a companhia tem 80 itens à venda, que vão de fertilizantes naturais a vasos e acessórios de jardinagem.>
As hortas são vendidas a R$ 399 no ecommerce próprio da marca e em lojas físicas de grandes redes varejistas, como Petz, Big e Sodimac. Também foi instalado um lounge da Yes We Grow no Shopping Garden da avenida dos Bandeirantes, na zona sul da capital paulista.>
"A venda offline se baseia na construção de experiência. Muita gente quer plantar e não tem coragem de começar por falta de conhecimento. Oferecendo conteúdo, podemos desbloquear o ímpeto da clientela para o cultivo", afirma.>
A fabricação é 100% terceirizada, o que permite que seja replicada até em outros países. A empresa não tem sede própria -os 20 funcionários fixos e os 30 prestadores de serviço já trabalhavam de forma remota mesmo antes da pandemia.>
De 2019 para cá, três aportes de investidores garantiram a saúde financeira da empresa -o último, em dezembro do ano passado, somou R$ 3 milhões. O faturamento em 2020 foi de R$ 1 milhão, com expectativa de ser quadruplicado em 2021, segundo Rafael.>
Agora, o próximo passo deve ser a internacionalização. "Já recebemos propostas de países da Europa, dos Estados Unidos, do Canadá e da Costa Rica. Ainda não demos esse passo, mas é o caminho para os próximos anos", diz o empreendedor.>
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