Jorge Aragão está curado? Entenda o que é remissão completa do câncer

Hematologista explica que pacientes em remissão precisam continuar fazendo acompanhamento médico, pois em alguns casos a doença pode voltar

O cantor Jorge Aragão se apresenta no Palco Capela na Virada Cultural em São Paulo (SP), em maio de 2023

Jorge Aragão falou sobre seu estado de saúde no Domingão com Huck. Crédito: Futura Press/Folhapress

O cantor e compositor Jorge Aragão anunciou a remissão completa do câncer - um linfoma não Hodgkin (LNH) - do qual vinha se tratando desde julho.

A informação foi confirmada por sua assessoria de imprensa e também pela hematologista Caroline Rebello, que vinha cuidando do artista. “O paciente Jorge Aragão apresenta remissão completa no último Perscan realizado e só está faltando o último cacicai, previsto para ser realizado no dia 1º de novembro, para terminar o tratamento”, diz a nota.

O cantor falou sobre seu estado de saúde durante sua participação no Domingão com Huck, que foi ao ar no domingo (29/10). "Não foi fácil, mas Deus me deu guerra para lutar, ele me deu armas para brigar contra tudo isso", disse.

Jorge Aragão comemorou o fato de estar praticamente curado da doença. "Faço esta semana, na quarta-feira (1º), a última sessão de quimioterapia. Já está em remissão, graças a Deus".

CURA X REMISSÃO 

O hematologista Douglas Covre Stocco explica que o câncer está em remissão completa durante o período em que o paciente não apresenta mais nenhum sinal ou sintoma da doença, não sendo possível detectá-la por exames.

"Mesmo nessas condições, não é possível considerar o indivíduo curado, já que, ainda há o risco de a doença voltar. Isso pode acontecer em doenças como leucemias, linfomas e mielomas", diz o médico.

A cura ocorre quando o câncer é totalmente erradicado, mas só é possível saber isso depois de ao menos cinco anos sem sinal da doença. Antes disso, o termo correto a ser usado é "remissão". 

"A remissão é quando o risco de recidiva da doença de base cai praticamente a zero. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), embora não haja consenso, costuma-se considerar curado o paciente que atinge o marco de cinco anos sem evidência de doença após o tratamento", conta Douglas.

O  hematologista ressalta que os pacientes com remissão completa precisam continuar fazendo o acompanhamento médico, pois existem tumores com chance de recidiva nos primeiros anos, principalmente nos primeiros cinco. Mesmo aqueles que não recidivam nesse período devem ser monitorados.

"O acompanhamento é feito por consulta, exame clínico, avaliação dos sinais e sintomas do paciente, quando houver; avaliação, palpação das cadeias linfonodais e exame de sangue. A gente não faz exame de imagem periodicamente para a maioria dos linfomas, mas o acompanhamento é fundamental", completa Stocco. 

"Inicialmente, esse acompanhamento vai ser a cada três meses, e vai se espaçando à medida que o tempo passa. Então, tem pacientes que fazem acompanhamento só anual, por exemplo"

"Inicialmente, esse acompanhamento vai ser a cada três meses, e vai se espaçando à medida que o tempo passa. Então, tem pacientes que fazem acompanhamento só anual, por exemplo"

Douglas Covre Stocco

O QUE É LINFOMA NÃO HODGKIN?

De acordo com o Inca, o linfoma não Hodgkin (LNH) é um tipo de câncer que tem origem nas células do sistema linfático e que se espalha de maneira não ordenada. Douglas Covre Stocco conta que os LNH formam um grupo complexo de mais de 80 tipos distintos da doença.

Após o diagnóstico, a doença é classificada de acordo com o tipo de linfoma e o estágio em que se encontra (extensão). "O LNH pode atingir linfonodos e órgãos que ficam fora do sistema linfático, sendo os locais mais frequentes a medula óssea, o trato gastrointestinal, a nasofaringe, a pele, o fígado, os ossos, a tireoide, o sistema nervoso central (relacionado ao HIV), o pulmão e a mama", explica o médico.

O linfoma não Hodgkin é dividido em diferentes subtipos, mas os sinais costumam ser parecidos entre eles, como aumento do baço, perda de peso sem motivo aparente, febre, coceira na pele, suor noturno, fadiga e aumento de linfonodos (gânglios), em especial na região do pescoço, da virilha e das axilas.

A medicina tem avançado nos tratamentos de linfoma não Hodgkin, por isso as chances de cura são de 60 a 70%, em média. É muito importante que a doença seja descoberta logo no início. As opções de tratamento são quimioterapia, terapia alvo, imunoterapia, radioterapia e CART-Cell.

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