Novo perfil dos modelos em tempos de influência e consciência corporal

Influenciadores, body positive e trintões: diversidade toma conta da moda para se adaptar ao mercado publicitário

Giovanna Pinheiro. modelo curve

Giovanna Pinheiro. modelo curve. Crédito: Andy Models

Segundo pesquisa do instituto Ibope Inteligência de 2021, 140 milhões de brasileiros estão nas redes sociais. Desses, 52% segue pelo menos um influenciador. E os dados são mais reveladores: de acordo com o levantamento, 50% das pessoas que seguem influenciadores costumam comprar produtos indicados por eles.

Mercado publicitário, empresas de marketing e agências de modelo descobriram o "caminho das pedras", que nem é tão desbravador assim. A ordem é apostar em influenciadores para "modelar", divulgando produtos e atingindo um público segmentado. 

Com mais de 19 milhões de seguidores no Instagram, a ex-"BBB" Jade Picon, segundo o colunista Léo Dias, fatura cerca de R$ 10 mil por três stories e, com o aumento de seguidores, sua renda pode chegar em até R$ 40 mil por publicidade. Mas apenas divulgar não é o suficiente. É preciso provar conhecimento sobre o produto a ser vendido.

"Para uma empresa, é mais vantajoso escolher um modelo que seja influenciador para divulgar sua marca, mas é necessário que ele demonstre conhecimento, mostrando que usa o produto e promovendo um diálogo com seguidores", adianta Andy Bonella, da agência de modelos capixaba Andy Models.

Com quase 15 anos de mercado, a empresa trabalha com 20 influenciadores - entre os 150 modelos do catálogo -, fazendo conexões com 30 países. "Além da aparência, é importante fazer uma consultoria de imagem e gerenciamento de carreira e redes sociais como estratégia de posicionamento de marketing. Muitos modelos capixabas foram descobertos nas redes sociais. Um dos mais atuantes, Bruno Fraga, ganhou fama na internet por seu estilo de vida saudável. Ele conta com mais de 20 mil seguidores, sendo muito requisitado por marcas de roupas esportivas. Tudo soa natural, pois são produtos que ele usa no seu dia a dia, o que causa um impacto positivo na internet", aponta o agente.  

Entre os modelos, também influenciadores, que estão bombando na atualidade, Andy destaca o ex-"BBB" André Martinelli, André Brunelli e Pedro Soltz, que, com mais de 160 mil seguidores no Instagram, também está participando do "Dança dos Famosos" na Croácia. Todos usam suas redes para fazer trabalhos.

"O novo perfil de modelo também casa com a diversidade, outra herança herdada das redes. Acabou o padrão eurocêntrico, de pessoas loiras, jovens, magras e de olhos azuis. O mercado publicitário também está buscando outra fatia de público. Daniel Amorim, por exemplo, é empresário, advogado, tem 38 anos e conta com mais de 12 mil seguidores no Instagram. Ele passa segurança e credibilidade ao anunciante, pois atinge o público consumidor que está chegando na casa dos 40. Empresas procuram influenciadores que personifiquem seu público alvo", explica Andy, citando, também, o exemplo da rondoniense, radicada no ES, Giovanna Pinheiro, modelo curve - que usa manequim entre 42 e 44 -, que conta com mais de 38 mil seguidores nas redes sociais.

"Ela usa a internet para defender a causa body positive. Seus vídeos e produção de conteúdo influenciam internautas a aceitarem seus corpos. Com a força das redes sociais, nichos ganharam voz e marcas observaram que precisavam atender esse tipo de público. As agências também viram que precisavam ampliar o portfólio. Hoje, trabalhamos com 12 modelos curve e fazemos parcerias com empresas que só trabalham com elas. São marcas que querem se comunicar diretamente com esse público segmentado. Isso confirma que mercado e sociedade trabalham em conjunto para a inclusão". 

Bonella ainda destaca que grandes marcas estão procurando os chamados microinfluenciadores, influencers digitais que possuem entre 10 e 100 mil seguidores.

"Eles cobram um cachê menor e acabam segmentando mais o produto. Um exemplo clássico é o da empresa de alimentos que prefere contratar um chefe que possui 80 mil seguidores, mas conhece bem o que está vendendo, a ponto de postar um vídeo fazendo uma receita. Seu alcance vai ser muito maior que se Jade Picon fizesse a mesma postagem. Ela cobraria mais e não atingiria o público desejado. A regra é clara: empresas modernas, especialmente as que trabalham melhor sua estratégia de marketing, procuram perfis segmentados de influenciadores, com resultados muito mais positivos", enfatiza.

ACEITAÇÃO

Atualmente trabalhando em São Paulo, onde fotografa para marcas como Darrow e Centauro, Giovanna Pinheiro, de 20 anos, sendo seis deles modelando profissionalmente, também atua como influenciadora digital, promovendo conteúdos para a internet que trazem, quase sempre, mensagens relacionadas ao body positive, ajudando pessoas a aceitarem seus corpos.

"Concorri ao Miss Rondônia em 2018, o que me exigiu emagrecer, ficar bem abaixo do meu peso. Além da pressão psicológica, que me deixou doente, não me via naquele corpo. Enxerguei que precisava me aceitar como sou e resolvi postar vídeos nas redes para apoiar pessoas que passam pelo mesmo problema, especialmente na busca pelo respeito à diversidade", explica Pinheiro.

Giovanna Pinheiro ganhou fama das redes sociais ao fazer campanha pelo body positive

Giovanna Pinheiro ganhou fama das redes sociais ao fazer campanha pelo body positive. Crédito: Andy Models

"Ainda sinto o preconceito, mesmo com toda evolução e aceitação do body positive. Em algumas sessões, especialmente em fotos de ensaios de lingerie, pedem para dar uma 'murchadinha' na barriga ou mesmo subir um pouco o short esportivo. Por isso é importante continuar batalhando, falando de aceitação e inclusão", defende.

Também bombando as redes sociais, o capixaba Bruno Fraga, de 23 anos, é personal, professor de Kickboxing, surfista, e foi descoberto pela Andy Models após postar vídeos nas redes sociais praticando altinho, os tradicionais bate-bola na praia, ganhando muitos seguidores. Tanto sucesso fez com que ele se tornasse garoto propaganda de marcas como Cobra D'agua, Konyk e UOT, sendo um dos modelos mais requisitados do ES na atualidade. Até convite para o "De Férias com o Ex", reality da MTV, já rolou!

Personal, surfista, influencer e professor de Kickboxing, Bruno Fraga só aceita fazer campanhas publicitárias de produtos que lhe causam conforto

Personal, surfista, influencer e professor de Kickboxing, Bruno Fraga só aceita fazer campanhas publicitárias de produtos que lhe causam conforto. Crédito: Andy Models

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"Meu relacionamento com o mercado é bem tranquilo. O público que me segue gosta do meu estilo de vida e dos produtos que uso. Na verdade, vivo o meu dia a dia normalmente. As roupas que divulgo são as que uso no cotidiano, enquanto estou dando aula ou surfando. Só aceito fazer trabalhos publicitários que me deixam confortável, com itens que me representam. Me preocupo em influenciar positivamente meus seguidores", complementa.

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