Repórter / [email protected]
Publicado em 25 de novembro de 2025 às 15:30
“Má Influencer”, nova aposta sul-africana da Netflix, chegou ao catálogo pronta para provocar, satirizar e desmontar a ilusão da vida perfeita vendida pelas redes. Em apenas sete episódios, a série mistura humor ácido, crime e drama de forma surpreendente, sem perder o foco no que realmente quer discutir: até onde alguém é capaz de ir para ter acesso a status e melhores condições de vida? >
A série acompanha BK (Jo-Anne Reyneke), uma mãe solo talentosa que costura bolsas de luxo falsificadas com uma precisão que deixa qualquer grife para trás, e Pinky (Cindy Mahlangu), uma influencer cheia de carisma que transforma sua própria imagem em moeda. >
Quando as duas se unem para vender réplicas online, o que começa como um golpe “inofensivo” rapidamente vira uma enrascada com falsificadores perigosos e a polícia no encalço. O ritmo é frenético, cheio de reviravoltas, e o roteiro, que é muito bem estruturado, entrega o equilíbrio perfeito entre humor e tensão.>
Algo me chamou atenção logo nos primeiros episódios, mesmo antes de entender por quê: eu estava vendo corpos como o meu na tela. Mulheres negras com quadris largos, cabelos crespos, feições diversas, corpos reais que raramente são representados no audiovisual global. >
>
Só depois me dei conta do impacto disso. Como mulher preta, é comovente perceber o quanto ainda é incomum ver protagonismo que não seja moldado por estereótipos. E em “Má Influencer”, não há caricatura: há humanidade, força, vulnerabilidade e complexidade.>
Criada pela Kudi Maradzika, a série traz muito das experiências pessoais da diretora, o que dá autenticidade à narrativa, embora os personagens não sejam inspirados diretamente em pessoas reais. Essa visão íntima das redes sociais se reflete no texto e na direção: a série sabe exatamente como funcionam as armadilhas do status digital, os atalhos duvidosos e a eterna busca por validação. >
O audiovisual africano vive um momento de expansão global, e produções como esta mostram o porquê. A fotografia é linda, com estética própria, uma narrativa visual que foge do modelo hollywoodiano. E como eu gosto de produções que fogem dos padrões, isso pra mim foi um dos pontos altos da série. >
Ao longo da história, “Má Influencer” discute ambições, ética, maternidade, sobrevivência e, acima de tudo, amizade entre mulheres. A relação entre BK e Pinky é construída com muito mais sensibilidade do que o gênero costuma oferecer. Não se trata de rivalidade feminina, mas de parceria, escolhas difíceis e apoio mútuo em meio ao caos. É uma desconstrução poderosa de estereótipos, e um alívio ver duas mulheres negras protagonizando uma trama que não as limita. >
No fim das contas, a série entrega mais do que entretenimento: entrega representatividade, crítica social, estética belíssima e atuações impecáveis. Então sim, ela merece ser assistida. Em uma escala de 5 estrelas, “Má Influencer” merece as 5.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta