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Série "Má Influencer": vale a pena assistir?

Produção ficou por semanas no top 10 mundial da Netflix, reforçando seu impacto global e o interesse crescente do público

Publicado em 25 de novembro de 2025 às 15:30

 BK (Jo-Anne Reyneke), da série
BK (Jo-Anne Reyneke), da série "Má Influencer" Crédito: Reprodução Netflix

“Má Influencer”, nova aposta sul-africana da Netflix, chegou ao catálogo pronta para provocar, satirizar e desmontar a ilusão da vida perfeita vendida pelas redes. Em apenas sete episódios, a série mistura humor ácido, crime e drama de forma surpreendente, sem perder o foco no que realmente quer discutir: até onde alguém é capaz de ir para ter acesso a status e melhores condições de vida?

A série acompanha BK (Jo-Anne Reyneke), uma mãe solo talentosa que costura bolsas de luxo falsificadas com uma precisão que deixa qualquer grife para trás, e Pinky (Cindy Mahlangu), uma influencer cheia de carisma que transforma sua própria imagem em moeda.

Quando as duas se unem para vender réplicas online, o que começa como um golpe “inofensivo” rapidamente vira uma enrascada com falsificadores perigosos e a polícia no encalço. O ritmo é frenético, cheio de reviravoltas, e o roteiro, que é muito bem estruturado, entrega o equilíbrio perfeito entre humor e tensão.

Pinky (Cindy Mahlangu), da série
Pinky (Cindy Mahlangu), da série "Má Influencer" Crédito: Reprodução Netflix

Algo me chamou atenção logo nos primeiros episódios, mesmo antes de entender por quê: eu estava vendo corpos como o meu na tela. Mulheres negras com quadris largos, cabelos crespos, feições diversas, corpos reais que raramente são representados no audiovisual global.

Só depois me dei conta do impacto disso. Como mulher preta, é comovente perceber o quanto ainda é incomum ver protagonismo que não seja moldado por estereótipos. E em “Má Influencer”, não há caricatura: há humanidade, força, vulnerabilidade e complexidade.

Criada pela Kudi Maradzika, a série traz muito das experiências pessoais da diretora, o que dá autenticidade à narrativa, embora os personagens não sejam inspirados diretamente em pessoas reais. Essa visão íntima das redes sociais se reflete no texto e na direção: a série sabe exatamente como funcionam as armadilhas do status digital, os atalhos duvidosos e a eterna busca por validação.

Cena da série Má Influencer
Cena da série Má Influencer Crédito: Reprodução Netflix

O audiovisual africano vive um momento de expansão global, e produções como esta mostram o porquê. A fotografia é linda, com estética própria, uma narrativa visual que foge do modelo hollywoodiano. E como eu gosto de produções que fogem dos padrões, isso pra mim foi um dos pontos altos da série.

Ao longo da história, “Má Influencer” discute ambições, ética, maternidade, sobrevivência e, acima de tudo, amizade entre mulheres. A relação entre BK e Pinky é construída com muito mais sensibilidade do que o gênero costuma oferecer. Não se trata de rivalidade feminina, mas de parceria, escolhas difíceis e apoio mútuo em meio ao caos. É uma desconstrução poderosa de estereótipos, e um alívio ver duas mulheres negras protagonizando uma trama que não as limita.

No fim das contas, a série entrega mais do que entretenimento: entrega representatividade, crítica social, estética belíssima e atuações impecáveis. Então sim, ela merece ser assistida. Em uma escala de 5 estrelas, “Má Influencer” merece as 5.

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