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Publicado em 15 de maio de 2025 às 11:00
Vencedor de mais de 20 prêmios internacionais e aclamado em festivais como Veneza e Cannes, o filme “Manas”, da diretora Marianna Brennand, estreia nos cinemas brasileiros no dia 15 de maio. A produção, que marca a estreia da cineasta no longa de ficção, traz uma história sensível, potente e urgente ambientada na Ilha do Marajó (PA), inspirada em casos reais de exploração sexual de meninas na região. >
“Manas” acompanha a trajetória de Marcielle (Jamilli Correa), uma menina de 13 anos que vive em uma comunidade ribeirinha ao lado do pai, mãe e irmãos. Criada sob o mito da irmã mais velha que teria “arrumado um homem bom” e partido, Marcielle começa a questionar esse imaginário ao perceber que está cercada por ambientes abusivos — dentro e fora de casa. A partir daí, ela decide romper com o ciclo violento que aprisiona as mulheres à sua volta.>
Inicialmente pensada como um documentário, a obra ganhou forma como ficção diante de uma questão ética central para a diretora. “Eu não queria causar mais dor às mulheres que viveram esses abusos. A ficção me permitiu abordar essa dor com respeito, delicadeza e impacto emocional”, explica Marianna Brennand em entrevista para HZ.>
Mesmo tratando de um tema denso, “Manas” evita a exposição gratuita da violência. Com estilo visual próximo ao documental, a narrativa aposta em silêncios, cortes secos e sugestão — e é justamente aí que o filme mostra sua força. A cena em que Marcielle sai para caçar com o pai e o corte acontece no momento exato do disparo é um exemplo da intensidade emocional do filme sem recorrer ao explícito.>
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“Eu quis construir um mergulho sensorial e emocional. Cada plano foi pensado para conectar o público à vivência da Marcielle”, destaca a diretora.>
A protagonista, Jamilli Correa, foi selecionada em testes locais e nunca havia atuado antes. Sua performance, no entanto, tem sido descrita como “fenomenal” pela crítica e pela equipe do filme. “Eu nem queria fazer o teste pois achei que eu não passaria, nunca tinha feito nada parecido antes. Mas fui incentivada a fazer e passei. Fiquei muito feliz! Tivemos toda a preparação pra fazer o papel e foi tudo feito com muito amor.” >
A decisão de compor um elenco mirim majoritariamente paraense foi uma escolha consciente da diretora: “Sempre foi fundamental para mim que o elenco representasse de fato aquele território. A Jamilli entendeu o papel com o coração, e entregou uma atuação impressionante”, diz Marianna.>
Para Jamilli, o mais desafiador não foi encarar um tema tão sensível. “O mais desafiador foi mostrar a vulnerabilidade da Marcielle sem tirar sua força”, contou em entrevista para HZ.>
O elenco adulto reúne nomes consagrados como Dira Paes, que interpreta a policial Aretha — personagem inspirada em figuras reais como o delegado Rodrigo Amorim e a irmã Marie Henriqueta, importantes na luta contra a exploração infantil na Amazônia. >
“Esse filme é sobre coragem. É sobre romper o silêncio que ainda existe em torno da violência contra meninas e mulheres. A Marianna [diretora] tem esse projeto há anos, e é muito simbólico ver essa história ganhando o mundo agora. Não é um relato isolado do Marajó, é um alerta universal”, afirma a atriz, que também celebrou o fato de a produção ter sido amplamente reconhecida em festivais internacionais.”, afirmou Dira.>
“Manas” já conquistou prêmios importantes, como o Director’s Award na mostra paralela Giornate Degli Autori do Festival de Veneza, e segue acumulando troféus por onde passa. Críticos internacionais o descrevem como um filme visceral, honesto e tecnicamente primoroso. >
Walter Salles, produtor associado do longa ao lado dos irmãos Dardenne, elogiou: “É um primeiro longa brilhante. Sensível, intenso e com uma diretora de talento raro”. A obra também figura entre os dez filmes brasileiros com potencial para disputar uma vaga no Oscar 2026, segundo previsões da plataforma Letterboxd.>
Com estreia marcada para o dia 15 de maio, “Manas” chega aos cinemas brasileiros como uma das obras mais impactantes do ano. Sensível, corajoso e visualmente marcante, o longa é mais do que um filme — é uma denúncia poética, uma experiência emocional e uma afirmação do poder do cinema brasileiro.>
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