O Menu: Ralph Fiennes comenta o suspense que está dando o que falar

Em cartaz nos cinemas do país, longa conta a história de um casal que viaja até uma ilha remota para comer em um restaurante exclusivo com surpresas chocantes

  • Jânio Nazareth
  • É jornalista, direto de Los Angeles (Twitter @janionazareth)


Descrito pelos produtores como uma mistura de comédia, terror e suspense, "O Menu" chegou aos cinemas nesta quinta-feira (1º de dezembro) com um roteiro bastante original e carregado de surpresas.

O ator inglês Ralph Fiennes (O Grande Hotel Budapeste) interpreta o personagem central na trama, o chef Slowik. O elenco traz também Anya Taylor-Joy (O Gambito da Rainha) e John Leguizamo (Moulin Rouge, Amor em Vermelho) entre os destaques. A direção é de Mark Mylod (Sucession).

 A ideia para o filme veio do co-roteirista Will Tracy (Sucession) após uma visita que ele fez para comer num restaurante luxuoso, numa ilha privada na Noruega. Para quem não sabe, "O Menu" conta a história de um casal que viaja até uma ilha remota para comer em um restaurante exclusivo e com algumas surpresas. O curioso é que o jantar reúne 12 convidados - o mesmo número de apóstolos na última ceia de Cristo.

PERSONAGEM INTRIGANTE

Protagonista, Ralph Fiennes conta que decidiu fazer o papel porque ficou intrigado com o personagem e a história do filme. “O tom do roteiro era bastante incomum. Foi uma combinação estranha de sátira social sutil, meio elemento de terror, psicologicamente bem observado. E achei o papel do chef Slowek complexo, interessante. É uma vida interior e um estado psicológico bastante interessante para o personagem. E o humor negro apelou para mim. Então, foi uma combinação de tons. E eu não sabia, não se podia dizer como acabou, o que eu gosto, era bem difícil de definir", explica Fiennes.

Ralph Fiennes em cena do filme

Ralph Fiennes em cena do filme "O Menu". Crédito: 20th Century Studios Brasil

QUEM É JULIAN SLOWIK?

Fiennes define o chef como "um homem de origem bastante humilde, que se transformou em outra coisa com o dom da cozinha e o instinto da comida". "Acho que desde menino ele amava o ritual de preparar a comida e compartilhá-la, de uma forma humanística atraente. A celebração da comida, ele reconhece, é um aspecto importante de nossas vidas, mesmo nas refeições mais simples. Então, é o talento que o levou a este lugar de fama, riqueza e renome. O poder, a influência podem corromper as pessoas. De alguma forma, isto distorceu o seu próprio senso de si mesmo. É uma alma perdida, isso é o que ele é para mim, ele é uma alma perdida, que sofre de uma desordem narcisística suprema", observa o ator.

O astro explica que teve a preocupação de construir um personagem multidimensional. "Acho que o público deveria, em alguns momentos, ser simpático a ele, entender seu ponto de vista. Não espero que o público celebre as coisas mais violentas que ele faz, mas acho que ele pode entender a profunda insatisfação, a auto aversão no centro disso.

"É um ótimo roteiro. Acho que conseguimos uma visão profunda de como ele se sente. Uma indústria de serviços onde você oferece às pessoas algo de qualidade verdadeira que elas realmente não apreciam. Elas sentem que sua apreciação está relacionada apenas ao tamanho do cheque que estão pagando no final... Ele criou o restaurante sofisticado para aquelas pessoas que ele despreza. Então, nesse sentido, ele está perdido. Ele conquistou fama, celebridade, um status extremamente sofisticado e, no fundo, ele sabe que não é certo e está perdido e é por isso que enlouqueceu”, analisa o ator.

Os pratos sofisticados que aparecem na tela foram criados pela renomada chef francesa Dominique Crenn, dona do luxuoso restaurante Atelier Crenn, em São Francisco, na Califórnia (EUA). Ela é a única mulher nos Estados Unidos a conquistar a premiação máxima do Guia Michelin: as três estrelas.

A tentação dos atores e da equipe de filmagem para provar os pratos usados nas cenas era grande, mas havia um detalhe, os pratos não eram de verdade. O astro Ralph Fiennes conta como a chef Dominique o ajudou a se transformar no personagem central do filme.

"Eu realmente comemorei o desejo e o instinto do (diretor Mark) Milod de trazer um chef Michelin três estrelas para acompanhar o processo, olhar adequadamente para o nosso conjunto, criticar e oferecer sugestões. Ela veio ao nosso set e não apenas me guiou na maneira como você se comporta em uma cozinha, quando você está nesse nível. Eu aprendi com ela que, em sua cozinha, não há gritos e berros. O controle e a autoridade são exercidos através da calma e de uma conexão mais profunda com todos os chefs que trabalham para você", descreve.

Este vídeo pode te interessar

A Gazeta integra o

Saiba mais
Cinema
Viu algum erro?

Se você notou alguma informação incorreta em nosso conteúdo, clique no botão e nos avise, para que possamos corrigi-la o mais rápido o possível