Herança Negra lança parceria com Detonautas: "Não Existe Salvador da Pátria"

De acordo com Jon Santos, vocal da banda capixaba, música pretende questionar a desunião e polarização política do Brasil atual

Herança Negra e Detonautas lançam

Herança Negra e Detonautas lançam "Não Existe Salvador da Pátria" em parceria. Crédito: Glauber Castro/Fábio Santos

Em um Brasil cada vez mais polarizado, e há três meses da eleição que definirá, entre outros cargos, o próximo presidente da república, a banda capixaba Herança Negra acaba de lançar "Não Existe Salvador da Pátria", faixa em parceria com o Detonautas que promete atiçar (ainda mais) acalorados debates em relação ao próximo pleito.

Com letra do sempre politizado Tico Santa Cruz, a composição pode ser vista como uma espécie de "grito popular", ao apostar em trechos fortes, como "Suplico ao povo pobre brasileiro/ Que morre de fome, de fogo, nessa escuridão/ Estendo o pedido ao trabalhador/ E quem tá cansado dessa desunião"/ ou mesmo "Comungam da expectativa de um Salvador/ Que tenha em si as respostas e as soluções/ E crédulos entregam as vidas de seus filhos, a um futuro fatídico de provações/ Eu não vou parar de gritar até você ouvir/ Não existe Salvador da Pátria"/.

Em conversa com "HZ", Jon Santos, vocal do Herança Negra que, na faixa, divide o microfone com Tico Santa Cruz, afirma que a música não pretende avaliar qualquer candidato, mas sim explanar e questionar a desunião e polarização política do Brasil atual, além de analisar a precária situação social e econômica de um país marcado pela desigualdade. 

"Cada pessoa carrega a sua percepção na hora de interpretar a letra. Vejo como um grito, uma forma de falar o que está entalado em nossa garganta. Um grito contra o racismo, a homofobia, a falta de oportunidades do povo e a miséria", desabafa o capixaba. 

Com uma (sugestiva) foto de apresentação no YouTube, que traz um jumento ao lado do Palácio do Planalto, em Brasília, o vídeo conta com quase 6 mil acessos em cinco dias, levantando inflamados comentários por parte de alguns internautas. 

"É um assunto espinhoso, com pessoas expondo suas opiniões, alguns até partidários. Acho necessário e importante passar por esse risco e exposição (de lançar a música). O debate é essencial nesse momento pré-eleitoral", enfatiza. 

CONVITE

Jon explica que gravar "Não Existe Salvador da Pátria" ao lado do Detonautas partiu de um convite de Tico Santa Cruz. "Fizemos alguns shows com ele no Espírito Santo, em seu projeto 'Tributo ao Rock Nacional'. Logo no primeiro deles, em Guriri (São Mateus), Tico nos fez a proposta para gravarmos em conjunto. Em uma conversa particular, me confidenciou que a composição seria a sua última de 2022 a abordar questões políticas".

"Não Existe Salvador..." mistura o ritmo opressor do rock político com o estilo power, bem para cima, típico do reggae exaltado nas faixas do Herança Negra. 

"Começamos a criar beats e batidas para transformar a composição em um grito pulsante, que fosse mais do que um lamento. A letra me remete um pouco a 'Admirável Gado Novo', de Zé Ramalho, misturado ao tom de sátira que impregnava algumas canções de Bezerra da Silva", explica, dizendo que a gravação aconteceu - quase que em sua totalidade - em Vitória, no estúdio Gama Soundz, de Felipe Gama, entre os meses de maio e junho. 

"Do Rio, nos foi enviado apenas tons de bateria e o vocal (de Santa Cruz). A produção foi feita por nosso tecladista, Barolbeats. Entre os convidados, o guitarrista Rômulo Quinelato e, nos metais, Veloso, Betinho e Oziel, que trabalham com Silva", detalha.

A próxima meta, segundo o artista, é rodar o país com o lançamento de "Não Existe Salvador da Pátria". A primeira parada - da parceria Herança Negra e Detonautas - acontece em Vila Velha, em 3 de setembro, em uma apresentação marcada para o Correria Music Bar

"Também devemos levar esse show para Minas Gerais, onde o Herança (Negra) tem uma base muito forte. Estamos em negociação para que nosso grupo faça uma participação em uma turnê que o Detonautas deve fazer pelo país", adianta Santos. 

E os planos dos capixabas não param por aí. "Estamos cheios de projetos. Temos repertório para lançar dois álbuns (risos). Até o final do ano, devem vir dois novos singles, 'Do Encontro ao Mar', uma balada com violão, no estilo pop-rock, e 'Nem tudo é Guerra', que mistura o Ska, um dos precursores do reggae, com o rock", define, dizendo que a banda ainda curte o sucesso do single "Força, Coragem e Fé" e da web série de mesmo nome, lançados em 2022.

"Em novembro temos a previsão de fazer uma turnê promovida pela Central Única das Favelas (CUFA), a Las Favelas, que promete levar música para regiões periféricas de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo", complementa. 

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