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Publicado em 23 de maio de 2025 às 14:33
Autoridades e fotógrafos do Espírito Santo prestaram homenagens ao fotógrafo Sebastião Salgado, que morreu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, deixando um legado que transcende a arte e alcança a luta por justiça social e ambiental. Mineiro de Aimorés, na divisa com o Espírito Santo, Salgado mantinha forte relação com o estado capixaba — foi homenageado em vida pela escola de samba Boa Vista, campeã do Carnaval de Vitória em 2025. >
Nas redes sociais, o governador Renato Casagrande também se pronunciou e decretou luto oficial de três dias. “Sua lente expôs ao mundo a dignidade humana e a urgência de preservar o planeta. Seu legado se eterniza no Instituto Terra. Em sua homenagem, decretarei luto oficial de 3 dias”, anunciou.>
Parlamentares capixabas, como o deputado federal João Coser, as deputadas estaduais Iriny Lopes e Camila Valadão e o senador Fabiano Contarato destacaram a trajetória do artista e seu olhar comprometido com as causas sociais. Para Coser, Salgado foi “muito mais que um gênio da fotografia”, sendo também uma liderança ambiental. “Tive a honra de conhecer sua fazenda e testemunhar de perto o amor que ele dedicava ao meio ambiente e às pessoas”, escreveu o deputado.>
Iriny Lopes lembrou que Salgado “não fotografava a dor, ele denunciava as estruturas que a produzem”. Segundo ela, seu trabalho é um “ato contínuo de justiça” e inspira o compromisso coletivo de dar visibilidade a povos historicamente silenciados. Ela também relembrou a homenagem no carnaval deste ano e criticou as ameaças de corte de recursos à escola pela escolha do enredo: “Como se fosse crime homenagear quem luta por reforma agrária”.>
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Camila Valadão definiu o artista como alguém que “retratou desigualdades e amplificou a luta por justiça social através do fotojornalismo”. Já o senador Fabiano Contarato destacou que Salgado “capturou a humanidade em sua forma mais crua e, ainda assim, profundamente digna”. Contarato também ressaltou a atuação ambiental do fotógrafo, à frente do Instituto Terra, que recuperou uma área de Mata Atlântica com mais de 2,5 milhões de árvores plantadas.>
Fotógrafos capixabas também lamentaram a perda. Fernando Madeira, de A Gazeta, descreveu Salgado como “uma alma que enxergava o mundo com uma humanidade rara”. “Tudo o que sou na fotografia nasceu do reflexo de sua obra, que me ensinou a ver com o coração”, disse.>
Já Vitor Jubini, também de A Gazeta e que desfilou na homenagem feita pela Boa Vista, lembrou a presença de Salgado no Espírito Santo em dezembro de 2024. “Foi uma honra ter feito parte desse momento emblemático, poder homenagear alguém em vida. Ninguém imaginava que ele iria nos deixar meses depois. Seu trabalho escancarava realidades que muitos não querem ver. Era um grito em forma de imagem.”>
A artista e designer capixaba Ana Paula Castro também prestou sua homenagem, destacando a grandeza humana e artística de Sebastião Salgado. “Um ser humano imenso, com quem tive a sorte de trabalhar e receber no meu ateliê”, escreveu. Para ela, o fotógrafo permanece vivo por meio da força de seu olhar, que eternizou histórias e sensibilidades através das imagens. >
O Sesc Espírito Santo manifestou pesar pela morte de Sebastião Salgado relembrando com carinho a última visita do fotógrafo ao estado, em dezembro de 2024. Na ocasião, o artista participou da abertura da exposição “Amazônia” no Sesc Glória, em Vitória, e conduziu uma conversa pública que reuniu centenas de pessoas em um encontro marcado por sensibilidade, reflexão e defesa da preservação ambiental. >
A instituição destacou o impacto dessa passagem na cultura capixaba e o legado de empatia e responsabilidade deixado por Salgado. “Sua passagem pelo Sesc Glória foi um presente para todos nós e ficará marcada na história da cultura capixaba”, afirmou Luiz Toniato, diretor regional do Sesc. >
Emerson Xumbrega, presidente da escola de samba Boa Vista, lamentou profundamente a morte de Sebastião Salgado e destacou o impacto da homenagem feita ao fotógrafo no Carnaval de Vitória de 2025, que rendeu o título à agremiação. Ele ressaltou a tristeza geral na comunidade da escola diante da perda inesperada e afirmou que homenagear Salgado em vida foi uma honra e um gesto que ajudou a manter vivo o legado do artista. >
Salgado deixa um acervo de imagens que documentam guerras, migrações, miséria e resistência, e que seguem inspirando fotógrafos, ambientalistas e defensores dos direitos humanos em todo o mundo.>
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