Publicado em 6 de julho de 2022 às 12:28
O Congresso Nacional derrubou os vetos de Jair Bolsonaro à Lei Aldir Blanc 2 e à Lei Paulo Gustavo na noite desta terça-feira (5), após adiamentos da votação e pressão da classe artística pela aprovação dos auxílios ao setor cultural.>
Para que a decisão do presidente Bolsonaro fosse revertida, era necessária a maioria absoluta dos votos (257 de deputados e 41 de senadores).>
No caso da Lei Paulo Gustavo, 66 senadores votaram pela derrubada do veto, com unanimidade dos presentes, e 356 deputados decidiram o mesmo. Já na Aldir Blanc, o cenário foi de 414 votos para rejeitar a decisão do presidente na Câmara e 69 no Senado, outra vez por unanimidade. Agora as duas leis passam a vigorar, independentemente da vontade do presidente.>
Em entrevista recente a "HZ", o secretário estadual de cultura, Fabricio Noronha, falou da importância da aprovação das leis para o setor cultural, além de detalhá-las. De acordo com Noronha, as iniciativas podem investir no setor cultural do Espírito Santo cerca de R$ 135 milhões.>
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A Lei Aldir Blanc 2 prevê repasses anuais de R$ 3 bilhões da União para estados e municípios, por um período de cinco anos, começando em 2023. Ela é inspirada na lei aprovada pelo Congresso em 2020 que garantiu recursos para o setor durante a pandemia, momento em que os espaços culturais fecharam completamente.>
O projeto é também uma homenagem a Aldir Blanc, um dos mais importantes compositores do Brasil e autor de "O Bêbado e a Equilibrista", que foi vítima de Covid em maio de 2020, aos 73 anos.>
Já a Lei Paulo Gustavo tem caráter emergencial e destina R$ 3,86 bilhões para estados e municípios ajudarem o setor cultural a se recuperar da crise causada pela pandemia desde 2020. Da verba, R$ 2,79 bilhões seriam voltados à área audiovisual, enquanto R$ 1,06 bilhão iria para ações emergenciais.>
O projeto foi apresentado pela bancada do PT em maio do ano passado e também homenageia o ator e humorista morto naquele mês, em decorrência de complicações pela Covid 19.>
Após a reunião de líderes da Câmara e do Senado no começo do dia, o acordo entre os parlamentares era o de que as duas decisões do presidente fossem revertidas.>
Mas o governo se movimentou para que só a Aldir Blanc passasse e que a Paulo Gustavo fosse adiada por representar um impacto financeiro ainda neste ano. Contudo, no fim do dia houve acordo para que ambas fossem votadas.>
Desde segunda (4), atores, secretários de Cultura, produtores e outros agentes do setor mobilizaram uma agenda de debates e manifestações para pressionar que os parlamentares votassem pela derrubada dos vetos. Estão em Brasília, por exemplo, os artistas Amir Haddad, Johnny Massaro, Vera Fischer, Babu Santana e Letícia Spiller.>
"Estamos aqui pelo reconhecimento de que, sem o compromisso político com direito à cultura e à arte, o nosso povo está em risco", disse Vera Fischer, em evento da Comissão de Cultura na segunda.>
Neste mesmo dia, servidores de outros estados trouxeram relatos emocionados de artistas de pequeno porte que puderam colocar comida na mesa com a aprovação da primeira rodada da Lei Aldir Blanc.>
Nas redes sociais, os que apoiaram a reversão da decisão de Bolsonaro subiram postagens em favor das leis com a hashtag "DerrubaVetosdaCultura", caso das cantoras Marina Lima e Daniela Mercury. >
"Tornar perene a experiência federativa da Lei Aldir Blanc pode levar a cultura brasileira a patamares nunca antes sonhados", afirmou Fabricio Noronha, que também é presidente do Fórum Nacional de Secretários Estaduais de Cultura. Ele ainda fez parte do grupo que veio à capital federal para articular a derrubada do veto.>
"Está pavimentado um futuro na força da nossa diversidade e resistência e tudo isso no momento mais tenebroso e violento na condução da pasta no governo federal.">
Noronha já havia defendido que importância da Aldir Blanc é mostrado em pesquisa recente do Observatório da Economia Criativa da Bahia, que mapeou, por exemplo, que a média de valor por projeto na Aldir Blanc é de R$ 24 mil, enquanto a da Lei Rouanet é de R$ 461 mil.>
Ainda num comparativo entre as duas leis de incentivo, a região Norte recebeu 12,4% dos recursos da Aldir Blanc e o Nordeste, 31,7%. Essa porcentagem é de 1,18% e 4,19%, respectivamente, no caso da Rouanet.>
Cerca de 63% dos contemplados pela Aldir Blanc, ainda segundo essa pesquisa que ouviu 2.213 participantes de 557 municípios, afirmaram que não haviam sido beneficiados com recursos públicos desde 2016.>
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