Publicado em 11 de outubro de 2024 às 17:12
Xico Sá, 62, foi um dos destaques da Casa CCR, nesta sexta-feira (11), durante a 22ª Flip (Festa Literária Internacional de Paraty).>
Ao lado da escritora Gaía Passarelli, ele marcou presença na mesa "Um Passo Depois do Outro". O tema do debate foi inspirado na obra de João do Rio, autor homenageado do evento.>
Escritor falou dos desafios de produzir crônicas diante de um mundo cada vez mais digitalizado. "Diante da lacração, o cronista sofreu muito. Quanto mais folclórico [o tema do texto], mais longe está da lacração.">
"Você se sente muito fora do mundo quando insiste numa crônica, sei lá, com as características do Rubem Braga, ou algo mais lírico, no geral. Aquele olhar miúdo sobre a realidade, só uma janela no meio daquela selvageria toda", diz Xico Sá.>
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Gaía Passarelli ressalta a necessidade de um "respiro" em meio a um cotidiano cada vez mais caótico. "Com o absurdo do cotidiano que nós vivemos fica parecendo que a borboleta amarela, ou a sopa, não tem espaço, porque é banal. Mas, pô, essa borboleta amarela sempre tem que ter espaço, inclusive é esse tipo de respiro que nos ajuda a viver.">
Xico Sá também falou sobre o conflito entre atender as necessidades do mercado e, ao mesmo tempo, manter distância de temas polêmicos. >
"O cancelamento sempre mora um pouquinho no purgatório. O conflito é esse: você beira o cancelamento, é mais lido, atende mais, talvez, ao tipo de encomenda de crônicas que os teus contratantes e os leitores querem. Ou você fica mais na moita, mais distante dos assuntos polêmicos. É um pouco menos lido, mas sobrevive mais longamente", disse Xico .>
A festa literária começou na noite de quarta-feira (9) com uma "breve aula" dedicada ao escritor João do Rio, o grande homenageado da edição. O evento de abertura foi conduzido pelo professor e escritor Luiz Antonio Simas.>
João do Rio, pseudônimo do jornalista Paulo Barreto, foi um dos cronistas mais relevantes do Brasil no início do século 20. Nascido em 1881, ele se dedicou ao jornalismo e à crônica para registrar a vida urbana -em especial o Rio de Janeiro.>
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