Publicado em 11 de janeiro de 2023 às 11:13
Enquanto o governo federal prossegue no levantamento das obras atingidas pela invasão do Palácio do Planalto, Supremo Tribunal Federal e Congresso, ocorrida na tarde de domingo, 8, já está claro que algumas delas não têm condições de ser restauradas - entre elas o relógio do século 17 do francês Balthazar Martinot, relojoeiro de Luiz XIV, presenteado a d. João VI pela corte francesa e completamente destruído pelos vândalos. >
Outra obra danificada foi uma escultura de Franz Kracjberg, Galhos e Sombras, avaliada em R$ 300 mil, que teve galhos quebrados (a escultura usa uma árvore reciclada) e atirados ao piso do Palácio do Planalto. Entre as obras atingidas, a mais valiosa é o painel As Mulatas, do modernista Di Cavalcanti, perfurado em sete pontos, cujo valor estimado é de R$ 8 milhões. O valor dessas obras atacadas supera a marca dos R$ 10 milhões. >
No Congresso, o prejuízo contabilizado até o momento chega a R$ 3 milhões. A exemplo do Palácio do Planalto, há na lista do governo peças como um vitral assinado por Athos Bulcão, artista próximo de Oscar Niemeyer que projetou azulejos e decorou prédios inteiros em Brasília, entre eles a capela do Palácio do Planalto. No STF - o prédio mais intensamente atingido pelos vândalos -, os prejuízos causados ao patrimônio público chegam a R$ 4 milhões. Os invasores chegaram a urinar numa tapeçaria do pintor e paisagista Burle Marx, também amigo e colaborador de Niemeyer.>
Durante os atos de destruição das casas dos Três Poderes, vários objetos valiosos foram roubados e estão desaparecidos - entre eles vasos chineses de porcelana, uma peça rara feita de pérolas e ouro e presenteada pelo ministro do Catar em visita ao Brasil, além de outra peça de ouro cravejada com cristais Swarowski, presente da Câmara dos Deputados da Índia.>
>
Uma peça dada por desaparecida foi recuperada, mas em péssimo estado: A Bailarina, escultura em bronze feita pelo modernista Victor Brecheret dois anos antes da Semana de Arte Moderna de 1922. Avaliada em R$ 300 mil, sua recuperação talvez seja difícil por causa do material usado pelo artista (bronze polido).>
A expectativa é que o balanço final das obras de arte atingidas pelos vândalos que invadiram os Três Poderes em Brasília seja concluído até sexta-feira, 13, mas algumas obras já são dadas como irrecuperáveis. Uma delas é a escultura O Flautista, de Bruno Giorgi, avaliada em R$ 250 mil, cujos fragmentos foram encontrados no chão do Planalto. >
No Supremo Tribunal Federal, a destruição começou já na área externa com a pichação da escultura que representa a Justiça - uma peça de granito de Alfredo Ceschiatti, de 1961, atacada por um golpista que atingiu a imagem de uma Têmis sentada com a frase "Perdeu Mané", referência à resposta que o ministro Luís Roberto Barroso deu a um bolsonarista que o provocou em Nova York, há dois meses. >
O diretor de curadoria dos Palácios Presidenciais, Rogério Carvalho, afirmou, em nota publicada pela Presidência da República, que será possível recuperar a maioria das obras vandalizadas em ataques golpistas em Brasília. Ainda que isso aconteça, o ataque aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, na tarde de domingo, deixou cicatrizes na democracia e na cultura brasileira. O Palácio tem em sua coleção um resumo da arte brasileira desde a colônia ao advento do modernismo brasileiro, que coincidiu com a fundação de Brasília (Volpi, Bonadei, Djanira, Milton Dacosta, Maria Leontina, Maria Martins, Portinari). >
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta