Publicado em 31 de março de 2023 às 12:14
Aumentar a produção agrícola, reduzir custos logísticos e ampliar a competitividade do agronegócio. Três grandes desafios que são apontados como urgentes para acelerar o desenvolvimento econômico do país e que Espírito Santo e Minas Gerais começam a enfrentar juntos numa conexão que deve impulsionar a economia dos dois Estados. >
O assunto foi discutido no evento "Espírito Santo e Minas Gerais: conexão para o agronegócio", realizado na última semana em Vitória pela VLI, em parceria com A Gazeta e ES em Ação, para debater melhorias e o fortalecimento da parceria entre os dois estados para avanços na logística e no agro.>
Para os debatedores e especialistas, enfrentar essa agenda de forma conjunta, com empresas e poder público participando em ambos os Estados, é um jogo de “ganha-ganha”, uma vez que a ampliação da produção agrícola se traduz em mais cargas na ferrovia e nos portos capixabas, gerando empregos, negócios e investimentos.>
Hoje, a produção de grãos nas regiões Noroeste, Central e do Triângulo de Minas, e também no Leste de Goiás, é escoada em sua maior parte pelo Espírito Santo através do Corredor Centro-Leste, que conecta Goiás, Minas e Espírito Santo pela Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), operada pela VLI, e que chega aos portos capixabas através da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM).>
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De acordo com Diego Zanella, diretor de Operações Corredor Centro-Leste da VLI, com a infraestrutura já existente para escoamento, há um potencial gigantesco para a região, o que torna importante discutir oportunidades e desafios com os stakeholders interessados na melhoria da infraestrutura.>
“A conexão entre o Espírito Santo e Minas é uma realidade. Não é algo novo. É uma parceria sólida e muito promissora, seja sobre o aspecto da necessidade, com o mercado internacional cada vez mais demandando o Brasil, seja pelo lado da oferta, já que essa região do entorno do Espírito Santo, principalmente Minas e o Leste de Goiás, tem uma produção relevante e com potencial enorme de expansão”, disse. >
É de olho nessa nova fronteira que a VLI tem investido e contribuído para ampliar a produção na região. “Temos desenvolvido o LabCerrado junto à Embrapa Cerrados, que tem sinergia com outra iniciativa do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, para acelerar e induzir esse potencial de áreas degradadas nesse território para que possa se converter em produção”, comenta Zanella, que complementa:>
Diego Zanella
diretor de Operações Corredor Centro-Leste da VLINo evento, Diego Zanella destacou ainda que 46% do volume total transportado pela empresa, hoje, passa pelo corredor, para onde a empresa prevê investimentos a partir da renovação da concessão da FCA, que está tramitando junto ao governo federal.>
Um deles é o estudo de viabilidade de um ramal ferroviário ligando as cidades mineiras de Unaí e Pirapora, região de forte produção agrícola em Minas. A nova ligação ferroviária representará mais cargas na ferrovia e portos capixabas.>
O subsecretário de Política e Economia Agropecuária de Minas Gerais, João Ricardo Albanez, destacou a importância do investimento para a região explicando que, ao ligar os campos produtivos a um sistema de escoamento eficiente com ferrovia e porto, isso contribui para os produtores rurais continuarem gerando riquezas e impulsionando a economia do país.>
“Nós estamos firmando um compromisso para ajudar no que for possível nessas obras. É uma região com viabilidade econômica, com potencial agrícola comprovado, e nós temos que colocar o trem no trilho para levar essa grande oportunidade aos produtores”, comentou.>
Presente no evento, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, destacou que o fortalecimento do agronegócio em Minas vai trazer várias oportunidades para o Estado. Para ele, é preciso buscar alternativas que façam com que essa produção chegue cada vez mais aos portos capixabas.>
“A gente quer que Minas e o Brasil todo avancem, e não queremos ficar para trás. Nossa preocupação com a malha ferroviária é essa, não ficarmos desconectados da malha nacional. Há 30 anos a gente fala do contorno da Serra do Tigre, que não cabe na renovação antecipada da FCA pelo custo. Mas é preciso pensar em alternativas. E esse ramal de Unaí a Pirapora pode ser essa alternativa para trazer mais cargas para os nossos portos, por ser uma região que começa a se desenvolver e ser incentivada pela VLI e Embrapa”, comentou.>
Fábio Meirelles, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Minas Gerais (Aprosoja/MG), destacou a importância desses investimentos para os produtores reduzirem os custos e assim conseguirem destinar mais recursos para melhorias no plantio.>
“O custo de produção nos afeta muito. Nós precisamos de inovação, de tecnologia e de logística. Já temos capacidade de produzir com qualidade e em grande quantidade, fazendo isso com todos os cuidados ambientais. E temos uma condição, principalmente em Minas, de mudar a configuração dos números que estão aí para muito mais, onde temos uma área muito grande de pastagem que podemos usar para plantar, ou seja, sem desmatar nada.”>
O professor Ramon Victor Cesar, da Fundação Dom Cabral (FDC), concordou em sua fala que o grande desafio da produção, tanto agrícola como industrial, se chama custo logístico. Isso porque, segundo ele, o escoamento por caminhões em rotas longas é menos eficiente.>
“É preciso que o custo de produção seja reduzido para fazer frente à concorrência internacional. E o custo é alto no Brasil, da porteira para a fora, por causa do transporte, que ainda é majoritariamente feito por caminhão. É um veículo ótimo por entrar dentro da fazenda e da fábrica, mas a economia do transporte mostra que não faz sentido algum usar caminhão para transportar carga pesada, de baixo valor agregado, por longas distâncias, como acontece hoje”, frisou.>
O professor ressaltou que o anseio do setor produtivo é “uma revolução nas ferrovias brasileiras”, que, ele destaca, já vem acontecendo graças a investimentos privados nos ramais e deve se intensificar, mas também nos portos, que em sua maioria ainda são muito restritos, sendo necessário reduzir essas limitações.>
No Espírito Santo, segundo Luiz Wagner Chieppe, presidente do Conselho Deliberativo do ES em Ação, esse trabalho já vem sendo feito. Ele destacou que o Estado tem portos estratégicos para atender essa demanda e que estão se modernizando, como o Porto de Vitória, agora privatizado e administrado pela Vports; Portocel, que está diversificando as cargas; e o novo Porto da Imetame, já em obras.>
Evento "Espírito Santo e Minas Gerais: conexão para o agronegócio"
“Nós já estamos avançando na questão portuária e com isso bem encaminhado hoje graças a um planejamento que fizemos no início dos anos 2000. E no campo das ferrovias isso começa a se encaminhar também, com a VLI e a possibilidade de abrir novas fronteiras em Minas Gerais, o que mostra que esse planejamento que fizemos lá atrás fazia todo o sentido”, destacou.>
Chieppe salientou que tanto no âmbito institucional, político e empresarial, o Espírito Santo está pronto para atender a essa demanda e quer contribuir para que essa agenda avance em Minas Gerais. “Nós estamos totalmente ajustados a isso, prontos para atender essa demanda e contribuir para esse debate olhando para a frente”, finalizou.>
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