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Vitória terá leitura de carta pela democracia na Ufes; leia íntegra

Vitória terá leitura de carta pela democracia na Ufes; leia íntegra

Ato na capital acontece no próximo dia 11, quando documento também será lido em São Paulo e em outras cidades do país

Publicado em 5 de agosto de 2022 às 19:17

Ícone - Tempo de Leitura 5min de leitura

Com previsão de ser lida em diferentes cidades do país, em um movimento iniciado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), a carta em defesa da democracia também terá uma leitura pública em Vitória, no próximo dia 11. Organizado por entidades da sociedade civil capixaba como um ato cívico suprapartidário, o evento vai acontecer na escadaria em frente ao Teatro da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a partir das 16 horas. 

Entre o grupo de entidades que articulam o ato na Ufes, com a leitura da “Carta às Brasileiras e Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito”, estão a Transparência Capixaba, a Convergência Democrática, o SindiJornalistas, a Associação dos Docentes da Ufes (Adufes), o Sindicato dos Técnicos da Ufes (Sintufes) e o Diretório Central  dos Estudantes (DCE) da Ufes. O movimento ainda aguarda a adesão de outras entidades da sociedade civil à convocação.

Teatro da Ufes
Leitura da carta em defesa da democracia vai acontecer num ato em frente ao Teatro da Ufes. (Camila Fregona / Divulgação Ufes)

O documento, que começou com a assinatura de 3.000 pessoas, entre banqueiros, empresários, juristas, atores e diversas outras personalidades, tem acumulado adesões desde que foi aberto ao público no dia 26 de julho e passa das 700 mil assinaturas.

Alvo de reações do presidente Jair Bolsonaro (PL), a carta faz parte de uma iniciativa suprapartidária e critica, sem mencionar o nome do presidente, os ataques contra o processo eleitoral.

A “Carta às Brasileiras e Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito” será  lida no dia 11 de agosto em diversas cidades do Brasil, tendo como ponto de partida um evento no Largo de São Francisco, em São Paulo, convocado pela Faculdade de Direito da USP.

Na ocasião, também será lido o manifesto “Em Defesa da Democracia e da Justiça”, divulgado com a assinatura de 107 entidades empresariais, entre as quais a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Associação da Infraestrutura e Indústria de Base, Câmara Americana de Comércio, Fecomércio-SP e Sindusfarma, entre outras.

LEIA ABAIXO A ÍNTEGRA DA CARTA EM DEFESA DA DEMOCRACIA

Carta às Brasileiras e Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito

Em agosto de 1977, em meio às comemorações do sesquicentenário de fundação dos Cursos Jurídicos no País, o professor Goffredo da Silva Telles Junior, mestre de todos nós, no território livre do Largo de São Francisco, leu a Carta aos Brasileiros, na qual denunciava a ilegitimidade do então governo militar e o estado de exceção em que vivíamos. Conclamava também o restabelecimento do estado de direito e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.

A semente plantada rendeu frutos. O Brasil superou a ditadura militar. A Assembleia Nacional Constituinte resgatou a legitimidade de nossas instituições, restabelecendo o estado democrático de direito com a prevalência do respeito aos direitos fundamentais.

Temos os poderes da República, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, todos independentes, autônomos e com o compromisso de respeitar e zelar pela observância do pacto maior, a Constituição Federal.

Sob o manto da Constituição Federal de 1988, prestes a completar seu 34º aniversário, passamos por eleições livres e periódicas, nas quais o debate político sobre os projetos para o País sempre foi democrático, cabendo a decisão final à soberania popular.

A lição de Goffredo está estampada em nossa Constituição "Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição".

Nossas eleições com o processo eletrônico de apuração têm servido de exemplo no mundo. Tivemos várias alternâncias de poder com respeito aos resultados das urnas e transição republicana de governo. As urnas eletrônicas revelaram-se seguras e confiáveis, assim como a Justiça Eleitoral.

Nossa democracia cresceu e amadureceu, mas muito ainda há de ser feito. Vivemos em um País de profundas desigualdades sociais, com carências em serviços públicos essenciais, como saúde, educação, habitação e segurança pública. Temos muito a caminhar no desenvolvimento das nossas potencialidades econômicas de forma sustentável. O Estado apresenta-se ineficiente diante dos seus inúmeros desafios. Pleitos por maior respeito e igualdade de condições em matéria de raça, gênero e orientação sexual ainda estão longe de ser atendidos com a devida plenitude.

Nos próximos dias, em meio a estes desafios, teremos o início da campanha eleitoral para a renovação dos mandatos dos legislativos e executivos estaduais e federais. Neste momento, deveríamos ter o ápice da democracia com a disputa entre os vários projetos políticos visando a convencer o eleitorado da melhor proposta para os rumos do país nos próximos anos.

Ao invés de uma festa cívica, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições.

Ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o estado democrático de direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira. São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional.

Assistimos recentemente a desvarios autoritários que puseram em risco a secular democracia norte-americana. Lá as tentativas de desestabilizar a democracia e a confiança do povo na lisura das eleições não tiveram êxito. Aqui, também não terão.

Nossa consciência cívica é muito maior do que imaginam os adversários da democracia. Sabemos deixar de lado divergências menores em prol de algo muito maior, a defesa da ordem democrática.

Imbuídos do espírito cívico que lastreou a Carta aos Brasileiros de 1977 e reunidos no mesmo território livre do Largo de São Francisco, independentemente da preferência eleitoral ou partidária de cada um, clamamos as brasileiras e brasileiros a ficarem alertas na defesa da democracia e do respeito ao resultado das eleições.

 No Brasil atual não há mais espaço para retrocessos autoritários. Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições.

Em vigília cívica contra as tentativas de rupturas, bradamos de forma uníssona: Estado Democrático de Direito Sempre!

Com informações da Folha de S.Paulo.

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