Publicado em 30 de setembro de 2019 às 06:33
O episódio narrado por Rodrigo Janot, de que planejou matar o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e a reação subsequente da corte, de ordenar uma busca e apreensão contra o ex-procurador-geral da República, se tornaram combustível nas redes para novas manifestações contra a cúpula do Judiciário.>
Grupos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PSL) falam até em acampar em frente ao STF na próxima semana para pressionar os ministros. Há quem fale em derrubar o Supremo. A militância vê abusos e conivência com a corrupção na atuação dos ministros.>
O plano relatado por Janot deu força, no âmbito do Supremo, ao inquérito instalado pelo presidente da corte, Dias Toffoli, para apurar a divulgação de informações falsas e ameaças a membros do tribunal. A investigação, conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, teve a oposição, na época, da então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que viu arbitrariedade na ação.>
Foi por meio desse inquérito que Moraes determinou a busca e apreensão na casa de Janot e determinou que ele não se aproximasse de ministros do Supremo. Para o senador que propôs a CPI da Lava Toga, Alessandro Vieira (Cidadania-SE), esse foi mais um abuso ilegal da corte.>
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"Mesmo que você imagine como muito grave Janot narrar ter pensado em matar um ministro do Supremo, não há absolutamente nenhum crime. Então teve uma escalada a mais que foi aproveitar esse fato, que não ter repercussão jurídica, mas politicamente está sendo manobrado para que Gilmar Mendes seja colocado como vítima, o que obviamente ele não é", diz o senador.>
A articulação pela CPI da Lava Toga chegou a sofrer um revés no início de setembro com o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) trabalhando contra sua instalação. Como consequência, parte dos apoiadores de Bolsonaro, seguindo orientação de Olavo de Carvalho, passou a rechaçar a ideia da CPI, argumentando que mais atrito entre os Poderes poderia atrapalhar o governo e a reforma da Previdência.>
Os acontecimentos da última semana, porém, voltaram a colocar "STF vergonha nacional" como um dos assuntos mais comentados do Twitter.>
A senadora Selma Arruda (Podemos-MT) compartilhou texto dizendo que vivemos uma ditadura, em que o STF persegue seus críticos e manda prender seus opositores.>
"Esses são os 'ditadores de toga'. Estou disposto a ir às últimas consequências, para termos um país livre da corrupção e da impunidade", postou o senador Marcos do Val (Podemos-ES) no sábado (28).>
Vieira já protocolou o pedido de CPI em março, mas o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), rejeitou a ideia. O senador recorreu ao plenário da Casa, mas depende que Alcolumbre paute a votação.>
Vieira tenta ainda protocolar um novo pedido de CPI, mas falta uma das 27 assinaturas de senadores necessárias para isso.>
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