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MPES vai investigar outdoor contra aliados de Casagrande

MPES vai investigar outdoor contra aliados de Casagrande

Outdoor instalado em Cachoeiro de Itapemirim pode configurar propaganda antecipada, de acordo com especialistas. O uso de outdoor para fins eleitorais também é proibido

Publicado em 12 de julho de 2020 às 12:53

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Outdoor colocado em Cachoeiro de Itapemirim pede que eleitores não votem em aliados do governador
Outdoor colocado em Cachoeiro de Itapemirim pede que eleitores não votem em aliados do governador. (Reprodução/Facebook Direita Cachoeiro)

O Ministério Público Eleitoral vai investigar se o outdoor colocado em uma via de Cachoeiro de Itapemirim, que pede para eleitores não votarem em candidatos aliados ao governador Renato Casagrande (PSB), é propaganda eleitoral antecipada. O órgão afirmou que, após "tomar conhecimento da instalação de um outdoor com viés de campanha", instaurou um procedimento para apurar se a imagem é propaganda eleitoral antecipada e negativa.

Em nota encaminhada nesta sexta-feira (10), o Ministério Público diz que vai ouvir os autores da mensagem e os partidos políticos citados na peça. Especialistas em Direito Eleitoral afirmaram para a reportagem de A Gazeta que o outdoor tem elementos suficientes para ser considerado de cunho eleitoral e, por isso, ser vedado pela Justiça Eleitoral.

A mensagem é assinada pelos grupos "Direita de Cachoeiro" e "Ordem, Justiça e Liberdade", movimentos políticos de direita. Além do outdoor, as páginas dos dois grupos no Facebook postaram vídeos com lideranças reforçando a mensagem.

A arte mostra o governador com o símbolo do comunismo ao fundo e, em letras pequenas, cita partidos políticos aos quais tais candidatos são filiados, segundo os grupos. "Diga não ao PSB, PCdoB, PT, PDT e Psol", diz o texto. Representantes dos movimentos negam propaganda eleitoral e dizem ser apartidários.

"A veiculação de propaganda eleitoral extemporânea se caracteriza por ser realizada em período que antecede o previsto em lei, e que este ano será a partir de 27 de setembro, conforme a Emenda Constitucional 107/2020. A publicação do outdoor pode ainda caracterizar condutas proibidas pela Lei 9.504/97, que trata do abuso de poder econômico ou uso indevido dos meios de comunicação, bem como movimentação ilícita de recursos de campanha", informa a nota do Ministério Público.

Para o advogado Danilo Carneiro, ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (TRE-ES), não há dúvidas de que a imagem configura propaganda. "Propaganda negativa e positiva. Negativa porque pede para que os eleitores não votem em aliados, mas ao fazer isso você também faz uma propaganda positiva porque incentiva o voto em candidatos da oposição. Não está pedindo voto para alguém específico, mas está pedindo para todo mundo que se opõe ao governo", disse para A Gazeta nesta quinta-feira (9).

Os grupos afirmam que o outdoor foi financiado por doações de pessoas físicas, sem qualquer envolvimento de partidos ou empresas. "A impressão pode ficar entre R$ 900 a R$ 1 mil, e o aluguel depende de onde o outdoor está localizado, pode sair na faixa dos R$ 600", afirmou o coordenador do grupo Direita Cachoeiro, Rodrigo Oliveira. O valor exato do outdoor localizado em Cachoeiro, no entanto, ele não sabe informar. "Não fui eu que efetuei o pagamento, só contribuí", disse.

Wellington Callegari, líder do grupo Ordem, Justiça e Liberdade no Espírito Santo, diz que o outdoor tem "caráter politicamente educativo". Callegari, que já foi presidente do PSL no município, mas se desfiliou da sigla ao assumir a coordenação do grupo, sustenta que a mensagem não tem intenção de ofender ninguém. "Nossa ideia é informar cidadãos que se identificam com valores conservadores devem votar em candidatos com os mesmos valores."

O governador Renato Casagrande e o PSB foram procurados pela reportagem, mas não deram retorno até a publicação deste texto. 

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