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Publicado em 4 de agosto de 2021 às 20:28
A pena de reclusão de 28 anos, aplicada a Marcos Venicio Moreira Andrade, assassino confesso do ex-governador e ex-senador Gerson Camata, pode vir a ser ampliada. O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) avaliará, nos próximos dias, se apresentará um recurso. >
A decisão sobre o destino de Marcos Venício, que enfrentou júri popular formado por sete mulheres, foi selada no Fórum Criminal de Vitória, na Cidade Alta. A sentença foi prolatada por volta das 16h30 pelo juiz Marcos Pereira Sanches, que conduziu o julgamento. A família da vítima deve ser indenizada em R$ 200 mil por danos morais, quantia a ser paga pelo assassino. >
De acordo com o promotor Leonardo Augusto Cezar, a pena que foi aplicada era a esperada, mas não a que o MPES desejava. “Nossa legislação e algumas decisões de tribunais superiores continuam muito lenientes com o réu. É um problema sistêmico que o Ministério Público sempre atua no sentido de lutar para que não aconteça, mas a lei foi cumprida e agora é analisar para ver se vamos ou não vamos recorrer para aumentar a dosimetria da pena”, destacou.>
Segundo o promotor Rodrigo Monteiro, que atuou na acusação ao lado dos promotores Leonardo Augusto Cezar dos Santos e Bruno Simões Noya, o inconformismo com a cobrança de uma dívida judicial por parte do ex-governador foi o principal motivo para o cometimento do crime. >
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“Infelizmente, perdemos uma vida para um valor mesquinho. A pena em si não trará de volta o pai, o marido, o amigo, mas representa que a Justiça se sobrepõe a essa atitude vil de um assassino frio, que premeditou a morte de uma pessoa que lhe era conhecida”, disse Rodrigo Monteiro. >
Os promotores avaliam que o julgamento ocorreu conforme o esperado. “O Ministério Público ficou atento a todas as possíveis contraprovas trazidas pela defesa. Mas não havia nada complexo sobre o caso. O complexo que existia era em torno do crime por ser a morte de um ícone da sociedade capixaba. No entanto, os jurados de Vitória cumpriram seu dever para com a sociedade, com a família da vítima”, assinalou Leonardo..>
A sentença que condenou Marcos Venicio Moreira Andrade pelo assassinato do ex-governador e ex-senador Gerson Camata, detalha como foi composta a pena que totaliza 28 anos de reclusão.>
Do total, 19 anos e seis meses referem-se ao homicídio qualificado, praticado por motivo fútil e sem dar a vítima chance de defesa. A confissão do crime, que pode ser considerada um atenuante, foi compensada com o agravante do cometimento do crime por motivo fútil, o que fez com que não houvesse redução no tempo determinado para prisão.>
Segundo dia do julgamento do assassino de Gerson Camata
Mas o fato do crime ter sido praticado contra uma pessoa com mais de 60 anos, acabou elevando a pena em mais sete anos, elevando-a para um total de 26 anos a serem cumpridos em regime fechado. “O juiz levou em consideração que a vítima tinha mais de 60 anos, aumentando o tempo da pena”, acrescentou o advogado Ludgero Liberato, que atuou como assistente de acusação.>
Foi acrescentado, ainda, mais dois anos, pelo fato do réu portar arma de fogo, sem autorização legal. Marcos Venício confessou que tinha saído de casa com uma arma, com o argumento de que iria levá-la à Polícia Federal para atualizar o registro, mas ele não possuía o porte de armas.>
Por volta das 18h50, Marcos Venício deixou o Fórum Criminal de Vitória, seguindo em uma viatura da Secretaria de Justiça (Sejus) - responsável pela administração dos presídios -, para o CDP2 de Viana, onde permanecerá recluso.>
Mafra, advogado de defesa do réu, informou que vai recorrer contra a decisão de condenação, solicitando uma redução da pena. Vai pedir ainda para que Marcos permaneça em liberdade enquanto o recurso é analisado.>
Marcos Venício, que havia atuado como assessor de Camata, matou o ex-chefe com um tiro, na Praia do Canto, em Vitória, no dia 26 de dezembro de 2018. Ele foi preso em flagrante na ocasião.>
Desde então, é mantido preventivamente no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Viana II. E deve continuar lá. A família da vítima acompanhou o julgamento. A viúva e ex-deputada federal Rita Camata, entre os filhos Enza e Bruno, emocionou-se após o desfecho.>
"Nós acreditamos que o Ministério Público e nossos advogados fizeram um bom trabalho, principalmente por conta da crueldade como Gerson nos foi tirado tão precocemente, um homem que tanto fez pelo Estado e pelo fim que ele teve, parecia um animal largado na sarjeta. Se fez Justiça. A gente se sente aliviado e agradecido a Deus", afirmou Rita.>
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