Publicado em 17 de julho de 2019 às 02:00
O mesmo projeto de resolução que acabou com a exigência de relatórios de atividade para servidores de gabinete externo da Assembleia Legislativa deu ao presidente da Casa, Erick Musso (PRB), o poder de criar mais Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs).>
Atualmente só podem ocorrer até cinco CPIs simultaneamente na Casa. No entanto, uma alteração na redação do regimento interno flexibiliza a regra, colocando nas mãos de Musso o poder de decisão.>
"Não se criará Comissão Parlamentar de Inquérito se já estiverem cinco em funcionamento, exceto por decisão do presidente da Assembleia Legislativa, com base no relevante interesse público do fato determinado a ser apurado e desde que presentes os demais requisitos", diz o novo texto do inciso quarto do artigo 59 do regimento.>
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Esta não é a primeira vez que o presidente amplia seu leque de poderes. Em fevereiro deste ano, foi aprovado um projeto de resolução que deu a ele a possibilidade de concentrar nas próprias mãos as atribuições da Mesa Diretora, caso queira.>
Desde então, Erick Musso pode tomar qualquer medida interna, de nomeações a fechamento de contratos, sem precisar da assinatura de nenhum dos secretários da Mesa. Antes, era necessária a assinatura de pelo menos um dos dois.>
A Assembleia Legislativa foi questionada sobre os motivos que levaram à alteração do regimento, mas não se manifestou.>
GRATIFICAÇÃO>
Na enxurrada de mudanças diversas que traz consigo, o projeto de resolução 44 também regulamenta a chamada "gratificação por representação parlamentar", que, conforme mostrado pelo Gazeta Online, consiste no pagamento de R$ 1 mil por mês a servidores dos gabinetes dos deputados que desempenharem funções de representação parlamentar.>
A nova medida foi instituída por meio do projeto de lei 579/2019, que assim como o projeto de resolução 44, foi aprovado nesta terça-feira (16), em sessão extraordinária.>
A partir de agora, cada deputado estadual poderá eleger um de seus assessores para receber o benefício a cada mês. São impedidos de receber a verba somente ocupantes dos cargos de supervisor geral, assessores externos e motoristas.>
O pagamento não é obrigatório, ficando a cargo de cada parlamentar. No entanto, se todos decidirem dar a gratificação, a despesa fixa com o pagamento do benefício chegará a R$ 30 mil mensais. Em um ano, ela seria de R$ 360 mil.>
A gratificação não gerará uma nova despesa, pois o dinheiro usado será retirado do valor das cotas parlamentares, que passarão de R$ 4,5 mil para R$ 3 mil.>
A Assembleia afirma que, com isso, poderá fazer uma economia de até R$ 180 mil. No entanto, conforme demonstram os dados do Portal de Transparência da Casa, atualmente os deputados já não utilizam integralmente o valor da cota.>
Em maio, o gasto total, que poderia chegar a R$ 126 mil, foi de R$ 78,6 mil, ou seja, 62,4% do total. Além disso, 19 deputados gastaram menos de R$ 3 mil, valor do novo teto estipulado.>
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