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Deputados usam nova nomeação do PSB para criticar governo Casagrande

Deputados usam nova nomeação do PSB para criticar governo Casagrande

Indicado vai trabalhar na Superintendência de Educação de Carapina, que abrange escolas da Serra

Publicado em 19 de março de 2019 às 21:59

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Deputados durante sessão na Assembleia Legislativa. (Tati Beling/Ales)

A nomeação de um membro do PSB para uma Superintendência de Educação, publicada nesta terça-feira (19) no Diário Oficial do Estado, serviu como justificativa para que deputados estaduais se revezassem em críticas ao governo na sessão ordinária realizada na tarde desta terça-feira (19), na Assembleia Legislativa.

O primeiro a associar a nomeação à indicação política foi o deputado estadual Vandinho Leite (PSDB). Rurdiney da Silva foi nomeado para a Superintendência Regional de Carapina – que abrange escolas da Serra, onde Vandinho tem base eleitoral. Ele entrou no lugar de Angela Maria Soares, que passou a ser superintendente de Vila Velha. Rurdiney é diretor de escola estadual e disputou, pelo PSB, em 2016, a eleição para vereador da Serra.

"(Houve) Interferência do PSB na nomeação de superintendentes de educação. Na superintendência de Carapina foi nomeado um candidato a vereador na última eleição que é pré-candidato na próxima. Sei que isso não passou pelo secretário. Sei como é o modus operandi do PSB", disse, da tribuna.

Outros deputados, em seguida, passaram a apoiar o parlamentar tucano e a ampliar as reclamações.

Rafael Favatto (Patriota) avaliou a nomeação como uma indicação política que destoou dos critérios técnicos de seleção da gestão passada. "É um retrocesso para o Estado. O governo antecipar o processo eleitoral de 2020 é uma irresponsabilidade tamanha", disse ele, para quem há investidas eleitorais do governo também em outras cidades.

Após Favatto, o líder do governo, Enivaldo dos Anjos (PSD), entrou em campo para apagar o princípio de incêndio. Foi ao microfone e acusou Vandinho de querer interferir no governo "com indicações pessoais". Além disso, alegou que as substituições foram necessárias para remover superintendentes ligados à gestão passada. "Estão fazendo política contra o governo dentro da superintendência. E o governo demorou a tirar essa cambada", afirmou.

Os superintendentes – 11 ao todo – são interinos. A Sedu prepara novas regras para um processo de seleção, que deve ocorrer ainda em 2019.

Apesar do movimento de Enivaldo, deputados continuaram com as reclamações. Marcos Mansur (PSDB) disse que Vandinho levantou uma questão pertinente e ampliou as queixas.

"Venho demonstrar minha insatisfação, não apenas com o que foi publicado no Diário Oficial. Manifesto preocupação com a maneira com que governo vem tratando os deputados. Está tomando atitudes nas nossas regiões sem consultar os deputados", frisou.

Hudson Leal (PRB) e Alexandre Xambinho (Rede) mantiveram o assunto no plenário. "Concordo com Mansur. O governo poderia dar tratamento diferenciado aos deputados dessa Casa de Leis", disse Leal.

"Muito me preocupa a indicação de um nome político para a educação da cidade da Serra. O rapaz é de boa índole, mas foi candidato a vereador em 2016 e vai ser em 2020. Me preocupa a forma como ele vai atuar", discursou o redista.

Provocado pelos colegas a comentar o assunto em debate, Sergio Majeski (PSB) disse apenas que não foi consultado pelo governo e que não conhecia os escolhidos.

CRITÉRIOS TÉCNICOS

O secretário estadual de Educação, Vitor de Angelo, declarou que as escolhas foram feitas de forma técnica, considerando desempenhos anteriores dos servidores na pasta. Também disse que não discutiu filiação partidária para fazer as escolhas.

"O critério foi técnico. Todos são diretores ou têm passagem pela superintendência. Independentemente de qualquer vínculo, todos preenchem os requisitos. Todos estão nomeados temporariamente até que nós tenhamos regras claras, técnicas e públicas para a seleção nas superintendências. Entendemos que era importante efetuar a troca porque é um novo governo", disse.

De Angelo confirmou que o processo seletivo para superintendentes será este ano. Para ele, as mudanças concretizadas nesta terça-feira foram naturais, uma vez que o novo governo discorda de políticas públicas de educação desenvolvidas na gestão passada.

"É claro que as superintendentes (eram todas mulheres), que foram pessoas que viabilizaram e executaram as políticas da gestão anterior, ficaram associadas a essas práticas. Isso impõe dificuldades para a gente que precisa reverter muitos cenários. Algumas pessoas passaram a ser associadas justa ou injustamente à agenda do governo anterior", pontuou.

Sobre a queixa de falta de consulta ou aviso aos deputados, Vitor de Angelo disse que nem todas as decisões precisam passar por eles. "Tenho todo o respeito pelos deputados. Agora, da parte da secretaria, tem uma decisão técnica. E, como toda decisão técnica, ela foi alinhada internamente olhando possíveis nomes e currículos. Faria sentido consultar qualquer pessoa de fora da Sedu que não estivesse estritamente com esse olhar técnico?", questionou.

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Procurado pela reportagem, Vandinho Leite não deu retorno.

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