Publicado em 16 de outubro de 2019 às 13:22
Foi arquivado, em votação nesta quarta-feira (16), o projeto de Lei que tramitava na Assembleia Legislativa com o objetivo de proibir a chamada "ideologia de gênero" nas escolas da rede estadual. Após a Comissão de Constituição e Justiça definir a matéria como inconstitucional, a maioria dos 25 deputados presentes 13 votos a favor, 11 contra e uma abstenção seguiu com o relatório e arquivou o texto, de autoria do deputado Vandinho Leite (PSDB). A votação aconteceu depois de quase três horas de debate.>
A definição de ideologia de gênero, segundo o projeto de lei, era a ideia de que os seres humanos nascem iguais, sendo a definição do masculino e do feminino um produto histórico-cultural desenvolvido tacitamente pela sociedade, independente de seu sexo biológico. >
Além disso, a matéria previa que "não é permitido ao poder público envolver-se no processo de amadurecimento sexual dos alunos, nem permitirá qualquer prática capaz de comprometer, direcionar ou desviar o natural desenvolvimento de sua personalidade, em harmonia com a respectiva identidade biológica do sexo".>
Os deputados que votaram contra se manifestaram após o arquivamento. Iriny Lopes (PT) afirmou que a decisão foi coerente. Se existisse ideologia de gênero, que é algo que não existe, e caso ela estivesse dentro dos currículos e das grades, o projeto poderia ter uma certa lógica, embora ele seja inteiramente vazio. Mas, nem isso tem. Ele já começou inconstitucional e não poderia ser aprovado, disse.>
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O deputado e professor Sergio Majeski (PSB) disse não haver nada para comemorar com o arquivamento, que a discussão era desnecessária e que outras pautas da educação são mais importantes>
Devíamos estar discutindo como melhorar as escolas, o salário do professor, a qualificação do professor. Isso sim seria motivo para estarmos comemorando. É uma perda de tempo discutir aquilo que não é um problema, o que não acontece nas escolas. Se criou esse mito. Enquanto isso é discutido, se esconde os reais problemas da educação, destacou.>
Autor do projeto, o deputado Vandinho Leite (PSDB) atacou o governo estadual, afirmando que houve uma articulação do Executivo para a não aprovação do projeto. >
O que mais me chamou a atenção foi o viés de extrema-esquerda do atual governo. Eu estou desconhecendo o atual governador Renato Casagrande. Era uma matéria que estava, até então, passando com votações majoritárias. A votação do regime de urgência foi 20 a 3. Ele entrou pessoalmente, expôs vários deputados em suas bases, trabalhou para que a votação chegasse hoje aqui nessa diferença mínima. Isso é muito ruim, na minha opinião, afirmou. >
Para acompanhar a votação, grupos prós e contra o projeto lotaram as galerias do plenário. Cartazes a favor do projeto mostram os dizeres "Família", "Escola sem partido", entre outros. Já na parte contra, são mostradas faixas pedindo a liberdade de expressão e da diversidade. >
Após o arquivamento, pessoas do grupo a favor do projeto, insatisfeitas com o resultado, se dirigiram à porta do plenário para questionar deputados que votaram contra a matéria. Seguranças da Assembleia precisaram conter os ânimos.>
A presidente do grupo Direita Espírito Santo, Alexandra da Silva, que esteve na Assembleia nesta quarta-feira, afirmou que o arquivamento do processo foi uma batalha perdida contra os políticos capixabas. Infelizmente os deputados votaram contra o povo capixaba, onde lutamos pela família contra a sexualização nas escolas. Por que o professor tem liberdade de cátedra, e não liberdade de expressão na sala de aula, disse. >
Já o professor e membro do Centro de Cultura Negra do Espírito Santo, Rodrigo Ferreira, que também acompanhou a votação das galerias, ficou satisfeito com o resultado e questionou a ideologia de gênero nas escolas. Isso não vai acontecer. Transformar uma criança em homossexual? Isso não existe. Que professor neste estado está incentivando uma criança a ser homossexual? Eles falam que são família, e do outro lado? Não tem família? Isso é inconstitucional, afirmou.>
Acompanharam o relatório da Comissão e votaram pela inconstitucionalidade: >
Dary Pagung (PSB)>
Doutor Hércules (MDB)>
Dr Emílio Mameri (PSDB)>
José Esmeraldo (MDB)>
Enivaldo dos Anjos (PSD)>
Freitas (PSB)>
Iriny Lopes (PT)>
Janete de Sá (PMN)>
Luciano Machado (PV)>
Marcelo Santos (PDT)>
Raquel Lessa (PROS)>
Renzo Vasconcelos (PP)>
Sergio Majeski (PSB)>
Votaram contra o relatório da Comissão:>
Alexandre Xambinho (Rede)>
Capitão Assumção (PSL)>
Carlos Von (Avante)>
Delegado Danilo Bahiense (PSL)>
Delegado Lorenzo Pazolini (sem partido)>
Dr. Rafael Favatto (Patriota)>
Fabrício Gandini (Cidadania)>
Hudson leal (PRB)>
Pr. Marcos Mansur (PSDB)>
Torino Marques (PSL)>
Vandinho Leite (PSDB)>
O presidente da Assembleia, deputado Erick Musso (PRB) se absteve; os deputados Adilson Espindula (PTB), Coronel Alexandre Quintino (PSL), Euclério Sampaio (sem partido) e Marcos Garcia (PV) não compareceram à votação; e o deputado Theodorico Ferraço (DEM) está de licença médica.>
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