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Jovem morre atropelada ao caminhar com a mãe na Serra e família pede justiça

Jovem morre atropelada ao caminhar com a mãe na Serra e família pede justiça

Atropelamento aconteceu na tarde da última terça (16), no bairro Castelândia, na Serra; motorista chegou a ir preso, mas foi liberado no dia seguinte após audiência de custódia

Publicado em 19 de janeiro de 2024 às 17:43

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Com apenas 16 anos e muitos sonhos, Karen Moreira Barbosa morreu ao ser atingida por um caminhão na tarde da última terça-feira (16), no bairro Castelândia, na Serra. A jovem caminhava com a mãe na ciclofaixa sentido Jacaraípe, quando o veículo invadiu o canteiro central e atropelou a adolescente.

Segundo a Polícia Civil, o homem chegou a ser preso e autuado em flagrante por lesão corporal culposa na direção de veículo automotor, homicídio culposo na direção de veículo automotor e conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência.

Ainda segundo a PC, ele foi encaminhado ao sistema prisional, mas recebeu liberdade provisória durante audiência de custódia na quarta-feira (17), dia seguinte ao atropelamento.

Revoltados e ainda sentindo a dor da perda, a família pede por justiça e que o condutor siga preso, uma vez que confessou ter bebido no dia do acidente.

Jovem morre atropelada ao caminhar com a mãe na Serra e família pede justiça

“Ele simplesmente atravessou o canteiro, atingiu minha sobrinha, que foi parar debaixo do caminhão. Não morreu na hora, ainda estava consciente no local do acidente, disse que amava o pai e a mãe, já sentia que ia morrer. Foi levada ao hospital, onde passou a noite na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e morreu na manhã do outro dia”, contou a tia de Karen, a empresária Andreia Fernanda.

A família decidiu pela doação dos órgãos da adolescente, que foi enterrada na quinta-feira (18). Segundo Andreia, o motorista não fugiu do local, mas não prestou socorro à sobrinha.

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Ele foi parar no meio do eucalipto, desceu do caminhão e acendeu um cigarro. A empresa do caminhão não responde à família, o motorista não atende. Ele não prestou nenhum esclarecimento, nada. Minha sobrinha era uma menina linda, maravilhosa, com alma de criança, uma coisa que não tem explicação

Andreia Fernanda
Tia de Karen 
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"Minha filha ainda estava no DML, quando ele estava sendo solto", diz mãe

Lucinda Santos Moreira
Lucinda Santos Moreira, mãe da adolescente Karen. (Vinicius Colini)

Em entrevista ao repórter Vinicius Colini, da TV Gazeta, a mãe da adolescente, Lucinda Santos Moreira, desabafou sobre a perda da filha. Ela contou que chamou Karen para uma caminhada. 

"O tempo todo era eu e ela, aí falei ‘minha filha, vamos fazer uma caminhada? Para você sair um pouco’. Saímos às 17h de Feu Rosa, saímos no Terminal de Jacaraípe, atravessamos o sinal, andando na ciclovia para não atrapalhar o fluxo dos ciclistas. Neste momento, a uns 200 metros depois do sinal, ouvi um barulho nas minhas costas, bem forte. Pulei para frente, achei que era minha colega que estava debaixo da carreta. Era a Karen. Gritei, não sabia o que fazer naquela hora", disse a mulher.

A mulher disse que ninguém ajudou a socorrer a filha e que quem passava pelo local, apenas filmava. Somente um homem se dispôs a ligar para o socorro. 

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Ele (motorista) não chegou perto de mim nenhum segundo para prestar socorro. A morte da Karen não pode ser mais uma. Ele estava embriagado. Eu vi, ele abriu a porta da carreta, desceu, acendeu o cigarro e ficou assistindo meu desespero 

Lucinda Santos Moreira
Mãe de Karen
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De acordo com Lucinda, a filha chegou a pedir a mãe para conversar com o motorista para dar o seu perdão e questionou o porquê aquilo estava acontecendo com ela. "Karen é amada demais, todo mundo ama a Karen, todo lugar que Karen passou ela deixou um rastro de carinho. Karen tinha o sonho de ir para o Canadá, de voar alto, uma menina exemplar, essa era a minha filha, minha amiga, que não volta nunca mais."

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Quando o corpo da minha filha ainda estava no DML, ele estava sendo solto. A juíza entendeu que ele não tinha antecedentes criminais, residência fixa, trabalho e pode ficar por aí. Não dá para deixar um assassinato impune, porque aquilo não foi acidente, foi assassinato. A partir do momento que a pessoa bebe e toma a direção, ela está assumindo o risco de assassinar outras pessoas. Nada vai trazer minha filha de volta, mas ele precisa pagar 

Lucinda Santos Moreira
Mãe de Karen
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Audiência de custódia

De acordo com a Polícia Militar, na tarde da última terça-feira (16), policiais foram acionados para atender uma ocorrência de trânsito no bairro Castelândia, Serra. No local, a equipe encontrou um caminhão parado na vegetação. O caminhão seguia sentido Jacaraípe x Parque Residencial Laranjeiras, quando colidiu contra o meio fio do canteiro central, passando sobre ele e atropelando a adolescente de 16 anos, que caminhava sobre a ciclofaixa.

O motorista foi convidado a realizar o teste do etilômetro e informou que havia ingerido uma lata de cerveja por volta das 13h. Ele soprou o bafômetro, que deu positivo. A vítima foi socorrida ao Hospital Estadual Jayme Santos Neves. O condutor foi encaminhado para a 3ª Delegacia Regional.

A Polícia Civil informou que ele foi autuado em flagrante por lesão corporal culposa na direção de veículo automotor, homicídio culposo na direção de veículo automotor e conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência. Ele foi encaminhado ao Centro de Triagem de Viana (CTV).

Na quarta-feira (17), o motorista passou por audiência de custódia. Consta no documento, que ele é morador de São Paulo. O mesmo afirmou ter prestado socorro a adolescente, o que é negado pela família.

A juíza Raquel de Almeida Valinho, converteu a prisão em flagrante para liberdade provisória sem fiança, uma vez que ele teria dado suporte a vítima e que não teria registros criminais.

“Considerando todos esses elementos, verifico que estão ausentes no caso concreto os requisitos que autorizariam a decretação da prisão preventiva do autuado (...) Assim, os elementos do APFD e aqueles colhidos por esta Magistrada, através do contato pessoal oportunizado pela audiência de custódia, indicam que a sua liberdade não oferece risco à ordem econômica, à ordem pública, à instrução criminal ou à aplicação da lei penal, considerando que possui residência fixa e ocupação lícita, bem como é primário”, escreveu em sua decisão.

O motorista do caminhão terá que seguir uma série de medidas cautelares como não sair da Comarca que reside sem prévia autorização do Juiz natural da causa, comparecimento a todos os atos do processo, devendo manter endereço atualizado, além de ser proibido de frequentar bares, boates, prostíbulos e assemelhados.

A reportagem de A Gazeta tenta contato com a defesa do motorista e com a empresa que ele presta serviços. O espaço está aberto para manifestações. 

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