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Aos 93 anos, morre Sr. Bento, um dos fundadores da Unidos da Piedade

Aos 93 anos, morre Sr. Bento, um dos fundadores da Unidos da Piedade

Nascido e criado no Morro da Piedade, em Vitória, Sr. Bento morreu em decorrência da Covid-19; Velório e sepultamento foram realizados nesta sexta-feira (19), no cemitério de Maruípe

Publicado em 19 de junho de 2020 às 21:50

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Sr. Bento era uma figura muito querida no morro da Piedade, em Vitória
Sr. Bento era uma figura muito querida no morro da Piedade, em Vitória. (Arquivo da família)

Morreu, nesta sexta-feira (19), em decorrência da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, Olmício Elias Silva, conhecido como Sr. Bento, um dos fundadores da Escola de Samba Unidos da Piedade. O velório e sepultamento foram realizados hoje mesmo (19), no cemitério de Maruípe, em Vitória, às 16h, seguindo os protocolos restritivos do Ministério da Saúde.

De acordo com o neto Jocelino Júnior, professor e membro do instituto Raízes, Sr. Bento foi nascido e criado no Morro da Piedade, em Vitória. "Sempre muito trabalhador, pai de 14 filhos, uma centena de netos, outras dezenas de bisnetos e alguns tataranetos já. Defensor da justiça, da igualdade, da irmandade, da coletividade. Foi um dos fundadores da nossa Escola de Samba, criando, ao lado de Aloísio Parú, os primeiros instrumentos da Escola. Sua família começou a ocupar o morro da Piedade em 1912 e desde então morou na comunidade", contou.

Sr. Bento foi uma figura admirada na comunidade
Sr. Bento foi uma figura admirada na comunidade. (Arquivo da família)

Ainda segundo o neto, Olmício foi um homem que dedicou boa parte da sua vida ajudando as pessoas da comunidade, sendo que seu quintal serviu por muitos anos para oferecer água da fonte, enquanto ainda não havia encanamento. "Sobre o que ele significa para mim e para todos os outros netos e familiares: um pilar, um dom de sabedoria, conhecimento nato", destacou.

Sr. Bento e o neto Jocelino
Sr. Bento e o neto Jocelino. (Arquivo da família)

"ELE DAVA ÁGUA PARA QUEM TINHA SEDE E COMIDA PARA QUEM TINHA FOME"

Júnior conta que o avô ajudava a todos que precisassem. "Ele tinha um dos maiores quintais do morro, com bica de água. Quando tinha alguém com necessidade de alimentação, ele também ajudava. Ele viu o morro crescer, muitas famílias se formarem ali na Piedade, inclusive a dele. A minha força de lutar pelo lugar era ele. Jamais ele pensou em sair do morro. Ele dizia que ia morrer na Piedade", afirmou.

Aspas de citação

Hoje (19) quando rodávamos o morro, vimos o quanto ele significa. Todos falavam que deveríamos bater palmas para ele. Eu tenho uma caminhada na defesa das comunidades de periferia e defendi as políticas de saúde para as pessoas se sentirem protegidas em relação à Covid. Pedi eficácia das medidas da saúde e a primeira vítima da Piedade é justamente da minha família, alguém muito especial. Minha vontade de defender a Piedade é por ele

Jocelino Júnior
Professor e neto do Sr. Bento
Aspas de citação

O professor finalizou dizendo que o avô será eternizado. "Agora acho que a alegria dele vai estar em mim, a sensibilidade também. Era um homem simples, sem instrução, mas viu, aos 84, um neto entrar na universidade pública, e aos 92 no mestrado. Ele vai viver em mim, o meu sorriso vai ser o dele, está eternizado. Quando eu sambar, ele vai sambar comigo. A genética está em todo mundo da família Silva, que é fruto daquele grande homem. É muito triste não poder se despedir", disse.

Sr. Bento morou desde 1912 no Morro da Piedade
Sr. Bento morou desde 1912 no Morro da Piedade. (Arquivo da família)

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