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Comunidade de Vila Velha recebe iluminação pública pela primeira vez

Comunidade de Vila Velha recebe iluminação pública pela primeira vez

Postes foram instalados por projeto social em Nova Jabaeté. Local surgiu por meio de ocupações irregulares e não possui rede de energia elétrica e de esgoto

Publicado em 15 de dezembro de 2019 às 09:02

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Moradores e membros do projeto "Litro de luz" diante do poste. (Carlos Alberto Silva)

Começa a escurecer e os moradores de Nova Jabaeté, em Vila Velha, logo correm para a rua. É um dedo de prosa aqui, outro dali, mas o assunto é o mesmo em toda comunidade: o acender dos primeiros postes de luz elétrica de suas ruas, instaladas neste sábado (14) pela organização social “Litros de Luz”.

A ansiedade toma conta - e os questionamentos também. “Será que acende hoje?”,  pergunta um morador. “Vai funcionar mesmo?”, questiona outro. E quando a espera parece estar chegando ao fim se ouve o grito: “Contagem regressiva!”, e logo as luzes se acendem, para a comemoração de todos.

O Litro de Luz é uma associação que atua levando luz elétrica a comunidades de baixa renda não cobertas pela rede convencional de distribuição de energia. No Espírito Santo, ele conta com o patrocínio da EDP.

A solução de iluminação pública é composta de canos de PVC, uma bateria que armazena a energia captada durante o dia por um painel solar e uma lâmpada de LED protegida por uma garrafa PET. O objetivo da organização é instalar 60 desses postes neste fim de semana.

O coordenador do projeto no Espírito Santo é o engenheiro de alimentos João Carlos Lopes, de 28 anos. Ele é da Rocinha, no Rio de Janeiro, e passou dois meses em Nova Jabaeté, inclusive no seu aniversário. Entusiasta social, João explica que a proposta da Litro de Luz é o engajamento comunitário.

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A Litro de luz é uma associação que busca levar não só iluminação para as comunidades. Queremos que as pessoas se unam. O poste é nossa desculpa. Trazemos um benefício para que a comunidade busque e lute por outros benefícios

João Carlos Lopes
Coordenador do projeto no Espírito Santo
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João Carlos Lopes, o Joca, do projeto "Litro de luz". (Carlos Alberto Silva)

O BAIRRO

Nova Jabaeté foi formada recentemente por meio de ocupações. A comunidade não possui saneamento básico, as ruas são de terra batida e algumas casas ainda são de tábua. O líder comunitário Josael Silva Teixeira Marins, de 45 anos, conhecido como carioca, destaca que cerca de 1.200 pessoas moram na região e que agora poderão caminhar pelas ruas com mais tranquilidade.

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Aqui é uma comunidade que só vive de dia. À noite, que era para passear, se divertir, você não pode porque não tem luz. E como você vai fazer para voltar para casa? Para gente, ter esses postes é respirar, nascer de novo

Josael Silva Teixeira Marins
Líder Comunitário de Nova Jabaeté
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Regina Alves, 36 anos, ficou desempregada e, por não ter mais dinheiro para pagar aluguel, se mudou para Nova Jabaeté há cerca de um ano. Ela detalha que a rotina na escuridão era sempre marcada por muito medo.

“Eu praticamente não saio à noite porque é muito escuro, é inseguro. Se eu estiver na rua, volto o mais cedo possível ou prefiro nem voltar”, diz Regina, que também ajudou na instalação dos postes.

Regina, moradora de Jabaeté e beneficiada com o projeto "Litro de luz". (Carlos Alberto Silva)

O encarregado de obras Abel Dias, de 52 anos, ganhou um poste em frente a sua casa. Ela comemora o resultado do projeto, pois em muitas ruas a passagem fica prejudicada principalmente quando chove.

“O tráfego aqui à noite é bem complicado. Passam idosos a caminho da igreja, então esses postes vão ajudar, porque a  gente às vezes tenta colocar uma lâmpada para iluminar, mas não funciona porque a energia não é legalizada, então não têm força suficiente”, afirma Abel.

SOBRE O PROJETO LITRO DE LUZ

Desde 2014, a Litro de Luz já impactou a vida de mais de 13 mil brasileiros por meio de soluções ecológicas e economicamente sustentáveis para combater a falta de iluminação nas cinco regiões do país. Criado nas Filipinas, em 2011, o movimento global Liter of Light surgiu inspirado na solução que o mecânico brasileiro Alfredo Moser criou em 2002 para solucionar a falta de luz dentro de casa, composta por garrafas pet abastecidas com água e alvejante, que equivalem a uma lâmpada de 60 watts.

Atualmente, a organização está presente em mais de 15 países e já impactou a vida de milhões de pessoas, além de ter recebido importantes premiações como o World Habitat Awards, da ONU, e o Zayed Energy Prize, considerado o Prêmio Nobel de energia sustentável. No Estado, o projeto conta com o patrocínio da EDP.

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Moradores e membros do projeto "Litro de luz" diante do poste(Carlos Alberto Silva)

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