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Praia de desova de tartarugas pode ser primeira atingida por óleo no ES

Praia de desova de tartarugas pode ser primeira atingida por óleo no ES

Trata-se das praias do Parque Estadual de Itaúnas, localizada em Conceição da Barra, na divisa do Estado com a Bahia. Segundo a Seama, a limpeza do material nesta região terá que ser feita de forma manual, para preservar os ninhos das tartarugas marinhas

Publicado em 29 de outubro de 2019 às 20:45

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Soltura de filhotes de tartarugas marinhas no Parque Estadual de Itaúnas, em 2016. (Divulgação Seama)

A primeira praia a ser afetada, caso o óleo que tem contaminado o litoral nordestino chegue ao Estado, será uma área de desova de tartarugas marinhas. Trata-se das praias do Parque Estadual de Itaúnas, localizada em Conceição da Barra, na divisa do Estado com a Bahia. Na mesma região, a pesca de camarão foi proibida na tarde desta terça-feira (29).

Desde o dia 20 de agosto, quando foram vistas as primeiras manchas de óleo, o resíduo tem promovido estragos no litoral Nordestino, atingindo cerca de 250 praias e pelo menos 14 unidades de conservação ambiental, além de mangues.

No Espírito Santo, segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídrico (Seama), o material que chegar ao Parque de Itaúnas terá um manejo diferenciado. "Por se tratar de uma área de desova de tartarugas marinhas, todo o trato de manejo desta fauna será de forma manual, sem a presença de máquinas pesadas como tratores, caçambas ou escavadeiras, para não danificar os ninhos das tartarugas", explicou o órgão ambiental, por meio de nota.

Um outra preocupação é com a proteção das áreas de manguezais, uma vez que, segundo a Seama, ainda não foi possível estabelecer medidas totalmente eficazes para a proteção dos estuários. A limpeza destas áreas é considerada de extrema complexidade, e a recuperação é de longo prazo. "Com as experiências das ações dos voluntários e especialistas na Bahia, de instalação de redes de pesca de malha fina, utilizadas no arrasto do camarão, a aquisição deste material não está descartada, visando diminuir os impactos ambientais", informou em nota.

Em decorrência da contaminação, na tarde desta terça-feira (29) o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) proibiu a pesca de alguns tipos de camarão na divisa do Espírito Santo com a Bahia. A medida decorre "da grave situação ambiental resultante de provável contaminação química por derramamento de óleo no litoral da região nordeste, proibindo a atividade pesqueira", diz o texto da portaria.

A restrição é para a pesca de camarões rosa, branco, sete-barbas e lagosta vermelha e verde. No caso do Espírito Santo, ela vale para o período compreendido entre 1º de novembro a 31 de dezembro deste ano.

OUTRAS AÇÕES

Em reunião do Comitê de Preparação da Crise foi realizada nesta terça-feira (29), a Seama informou ter mobilizado representantes da iniciativa privada para doações de materiais de segurança, conhecidos como Equipamento de Proteção Individual (EPI).

Pesca de camarão proibida na divisa do ES por causa de óleo no mar

O material será utilizado para proteger os profissionais e voluntários envolvidos no manuseio do óleo, quando de uma possível força-tarefa de limpeza das praias capixabas. Também foram solicitadas doações de material de contenção, embarcações para logística e monitoramentos diversos, mão de obra especializada para situações de derramamento de óleo em ambiente marinho e até recolhimento e reaproveitamento do óleo. "Ao todo, nove empresas de grande porte foram convidadas e todas apoiaram a iniciativa", informou, por nota, o órgão ambiental.

Praia de Itaúnas, Parque Estadual de Itaúnas. (Ademir Luis Possatt)

Foi dito ainda que as doações serão efetivadas através de instrumento legais como Termo de Doação, um procedimento simples para bens de consumo não duráveis (EPI's e material de contenção, por exemplo) e/ou Termo de Cooperação, quando se tratar de aplicação de serviços ou reutilização dos resíduos (óleo).

PLANO EMERGENCIAL

A chegada das manchas de óleo ao Estado depende da atuação da Corrente Brasil, que atua na região Sul da Bahia. Mas o alerta vermelho para o Espírito Santo será a chegada do resíduo à cidade baiana de Caravelas, a menos de 200 quilômetros da divisa com o Estado.

Neste momento, segundo a Seama, deverá ser acionado o Plano de Ação de combate ao derramamento de óleo. Por nota, o órgão ambiental informou que ele está sendo dividido em três etapas: Prévia ou atenção, que são ações voltadas à previsão, monitoramento, comunicação e suporte logístico.

O segundo momento é a etapa Operacional, com a contenção, limpeza e destinação final dos resíduos recolhidos, além do atendimento à fauna oleada e início do trabalho de mensuração dos impactos nos ambientes costeiro e marinho. Por último virá a fase Posterior ou de Avaliação, que consiste no monitoramento dos locais atingidos e levantamento dos danos ambientais e socioeconômicos, bem como realizar valoração monetária dos impactos.

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As últimas informações oficiais do Ibama e da Marinha são de que Ilhéus foi atingida novamente pelo óleo em quantidades maiores. Segundo a Seama, numa cronologia observada, primeiro chegam à praia fragmentos pequenos de óleo, classificados pelos técnicos como vestígios, alguns dias depois é a vez de novas manchas pequenas aparecerem e, após mais alguns dias, surgem manchas de óleo maiores. "O que leva a acreditar que a quantidade de óleo ainda disponível no mar é incerta", destacou o órgão ambiental.

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